A Lenda de Lyrian

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         Existiu uma época que o mundo era dominado por lagartos gigantescos, os chamados: dragões. Todos os temiam, no entanto... Eram tempos de paz nas terras de Ártirus. Os tais lagartos estavam contidos em um campo aberto que os humanos chamavam de Campo Sagrado, mas ninguém sabia onde ficava. Porém essa história não é sobre esses monstros que cospem fogo, mas sim sobre uma elfa. Uma híbrida, na verdade. Lyrian nasceu da relação entre um elfo, o mais forte deles e uma sereia, a mais bela entre elas.
         Possuía longos e belos cabelos azuis-claros, tinha as feições élficas de seu pai e o corpo esbelto de sua mãe, porém não nascera com a calda de peixe, herdara de sua mãe apenas a beleza e a paixão pelo mar. Passava a maior parte do tempo em uma pedra observando as ondas se quebrando na areia e sentindo a brisa da maré em seu rosto fazendo seu cabelo voar ao vento. Sempre se perguntava por que não podia viver com sua mãe no fundo do oceano, por que não tinha o poder de respirar debaixo d'agua. Porém, seu problema verdadeiro não era esse.
lyrian era apaixonada por um humano, sabia que se lutasse por esse amor colocaria em risco a convivência pacífica entre as duas raças, mas não se importava. O amor que sentia por Mars, capitão da guarda real e filho do próprio rei dos homens, era mais forte que qualquer coisa. Os olhos do seu amado, azuis como seus próprios cabelos eram as coisas mais belas que ela já tinha visto. Sempre que olhava diretamente para eles, conseguia ver as ondas do mar que ela tanto gostava de observar diariamente.
         Agora surgira um novo motivo para ela observar o oceano todos os dias, não era só por querer morar com sua mãe, era porque Mars viajara a mando do rei. Passaria meses em alto-mar com uma equipe de soldados tentando encontrar o tal Campo Sagrado, os humanos acreditavam que poderiam domar os dragões e usá-los como arma durante uma possível guerra entre raças. Passaram-se semanas, todos os dias ela ia para a pedra esperar o seu homem e nenhum barco aparecia no mar. Passaram-se meses e nada. Tudo que ela podia fazer agora era chorar, suas lágrimas se juntavam a água salgada que colidia com a pedra. Ela rezava para todos os deuses para que pudesse se juntar com ele mais uma vez. Pediu para o deus dos mares que trouxessem o barco de volta, pediu para o deus dos ventos que a levassem até ele e para o deus do sol iluminar seu caminho até ele.
         Foi então que dois anos depois da partida de Mars, o barco retornou com apenas um tripulante, o filho mais novo do rei e cunhado de Lyrian, porém ele não a conhecia e se espantou com o desespero da elfa perguntando sobre o resto da tripulação. Quando soube que todos, exceto Ryan, tinham sido levados por um dragão para as profundezas do oceano, Lyrian desabou em lágrimas. Os deuses, com pena, quiseram levar a menina pra junto de seu amado que jazia no fundo do mar. A deusa Andel, responsável pelos ventos, ergueu-a no ar. Naga, deus do sol, iluminou o caminho até o corpo de Mars e Min, deus dos mares enviou uma grande onda. A elfa começou a se tornar água, começando pelos cabelos que cresciam e se juntavam ao mar. Finalmente ela se juntou ao homem que amava. Lyrian se tornara o próprio oceano.

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