5. Olivia

8 0 0
                                    

No quarto de Mason a cor nas paredes que antes eram verdes estava revestida de cinzas grossas, a cama continuava intacta, as cortinas os livros e o guarda roupa estavam todos queimados. Mason parecia muito abalado, sentou na beirada da cama com o rosto entre as mão, enquanto Kathrina procurava alguma coisa que não estava queimada, delicadamente sentei ao lado de Mason.

-Ei Ma não fique assim, vai dar pra recuperarmos varias coisas.

-Sim Oli, mas o que me deixa triste é ver tudo o que eu tinha destruído-Mason falava aquelas palavras com os olhos cravados no meu, estranhamente senti minhas bochechas arderem, sim eu estava corada.

-Mas pense pelo lado bom, imagina se você estivesse aqui- Comentei com a voz embargada- Não quero nem imaginar.

-Verdade Oli, muito obrigado por sempre me ajudar a ver o lado bom das coisas.

Logo depois de dizer isso, Kathrina entrou com tudo no quarto, me fazendo levantar assustada da cama.

-Oli acho melhor pegarmos o que viemos pegar e ir embora, está virando um caos na rua.

Saímos do transe e lembramos do diário. Mason agachou e olhou de baixo da cama, pegou uma caixa azul marinho de veludo, abriu e lá havia, as cartas que eu mandava para ele quando morava no Brasil, e alguns outros pertences dele, em baixo de tudo lá estava aquele tão aguardado papel. Peguei desesperadamente o delicado papel e devorei as palavras.

''DIÁRIO TUDO ESTÁ MAS DIFÍCIL AGORA, PERDI O EMPREGO E NÃO CONSIGO MAS SUSTENTAR MINHA FAMÍLIA, SINTO MEU CORAÇÃO BATER MAS DEVAGAR NOS ÚLTIMOS DIAS O QUE SIGNIFICA QUE AS RETÍMIAS CARDÍACAS ESTÃO SENDO MAIS FREQUENTES. SINTO QUE ELOISE ESTÁ QUASE NASCENDO,E ISSO ESTÁ ME DEIXANDO UM POUCO PREOCUPADA, TENHO MEDO DE ELA NASCER COM ALGUM PROBLEMA DE SAÚDE, MAS MESMO COM TUDO ISSO ACONTECENDO VOU ENTREGAR NAS MÃOS DE DEUS''. E no fim do papel aquela mesma assinatura preenchia o espaço vazio.

Abri o diário e coloquei cuidadosamente o papel lá dentro. Kathrina olhou arqueando as sobrancelhas.

-Que diário é esse Oli?

-Em casa te explico, vamos.

Saímos correndo até em casa, quando chegamos Nicholas, meus avós e tios já haviam chegado, ficamos conversando um certo tempo sobre o acontecimento depois todos foram se ocupar com tarefas como recolher os pertences que não haviam sido queimados ou tenta refrigerar a comida de alguma forma já que estávamos sem energia. Mason havia ido ajudar meu pai a arrumar um lugar para passarmos a noite. Enquanto isso fui até a grande árvore e continuei a ler aquele misterioso diário, Kathrina foi até mim e sentou ao meu lado. Expliquei tudo o que havia acontecido com o diário, e ela só me ouvia sem falar uma unica palavra se quer, depois de um minuto de silêncio se pronunciou.

-Oli que estranho, por que esse diário estava escondido no quarto de sua mãe?

-Não sei Kat, mas é isso que vou descobrir no jantar. Lana esquentava sopas enlatadas para todos. Jantamos no celeiro, tudo já estava sendo arrumado para passarmos a noite, meus tios já dormiam em um canto do celeiro, vovô e vovó dormiam no outro canto, Lana e Kat conversavam enquanto papai e Mason pensavam no que iam fazer no outro dia. Mamãe ponhava Nicholas para dormir, quando sentei ao seu lado. Não sabia por onde começar a conversar com ela sobre o diário, então resolvi simplesmente contar tudo de uma vez, ela exibiu um semblante serio que nunca havia visto antes.

-De quem é esse diário mamãe? a senhora conhece essa Emma?-eu perguntei.

-Querida precisamos conversar, mas não posso sozinha- Dizia mamãe quando chamou papai. Saímos do celeiro silenciosamente e fomos até o banco de madeira que havia sobrevivido do bombardeio. Meus pais pediram para que eu sentasse no banco, foi então que percebi que eles sabiam algo sobre aquele curioso diário. A noite estava nublada, as estrelas não brilhavam como se elas guardassem um segredo, a Lua se escondia nas nuvens e o cheiro das flores no canteiro penetrava no meu interior.

-Oli eu e sua mãe precisamos lhe contar algo -começou papai- Há dezessete anos atrás nós mudamos para Varoni com seus avós, e tudo ia normal, cidade nova tudo mil maravilhas porem em uma noite eu e sua mãe passeávamos na floresta vermelha e ouvimos gemidos vindo da parte mas escura da floresta de repente os gemidos viraram gritos, corremos desesperados para ver o que estava acontecendo e encontramos uma mulher que estava parindo, ajudamos ela a ter o bebe. Era uma menina linda de grandes olhos de jabuticaba, a mulher estava muito fraca pegou a bebezinha no colo pela primeira e ultima vez. Ela morreu apos o parto, eu e sua mãe não sabíamos o que fazer chamamos o resgate, porem não havia mas nada a ser feito, levaram a bebe para o hospital mais próximo e quando recolheram o corpo da mãe, o diário caiu do bolso do vestido que aquela mulher usava.

-E a nenem?- disse chocada com toda aquela historia.

-procuramos parentes da mulher durante meses mas não achamos, então adotamos ela-disse mamãe, já se sentando ao meu lado.

-Eu sou aquela bebe.




Segredos Da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora