Segredos Da Floresta

6. Lana

Do lado de fora do celeiro ouvi mamãe gritar por Oli, levantei da cama improvisada e corri até a entrada do celeiro, Mason veio logo atrás de mim. Minha mãe chorava e meu pai a envolvia em um abraço de consolo, Oli corria loucamente em direção a floresta. Mason tentou ir atrás dela porem o impedi, eu deveria ver o que estava acontecendo afinal eu sou sua irmã mais velha.

Corri pelo rastro que Oli deixou, a brisa dos pinhos pairava sobre minha pele, a grama já estava coberta por uma camada de orvalho, poderia ser uma noite perfeita mas infelizmente não era. Entrei na floresta que por alguma razão não estava tão escura como costumava ser, me distrai e perdi Oli de vista. Se eu fosse Oli pra onde iria? uma luz se acendeu como um piscar de olhos na minha mente, nossa caverna na árvore verde.

Aquele era nosso esconderijo, um lugar secreto que só nós duas sabíamos da existência dele. Quando passávamos as ferias em Varoni, eu e Oli achamos aquela árvore oca por dentro e cheia de musgos e lodos que deixava oitenta por cento dela verde. Lá estava nosso esconderijo com a mesma aparência velha de sempre, as pontas das botinas amarelas de Oli saia pra fora da árvore, agachei e entrei na nossa casinha secreta sentando ao lado dela. O cheirinho de terra molhada era o mesmo de nove anos atrás, as marcas de nossas iniciais ainda estavam marcadas dentro da árvore. Oli olhou para mim com os olhos inchados de tanto chorar e me abraçou. Só ficamos ali sem dizer uma unica palavra duas irmãs de 10 e 8 anos novamente.

-Você já sabia né?- Oli disse depois de alguns minutos no silêncio.

-Sabia sobre o que Oli?- perguntei sem saber o motivo de tanto choros.

-Não se faça de boba- dizia ela já enxugando suas lagrimas- já sei que sou adotada.

-Oh Oli sinto muito- respondi aquelas palavras com a mão na boca- eu sempre soube, porem papai e mamãe iam te contar quando você estivesse preparada.

-Mas precisava esperar dezessete anos para me contar? me sinto uma estranha, vocês não são meus verdadeiros parentes não posso acreditar- E mais um rio de lagrimas surgiu em seus olhos- e só de saber que se eu não tivesse achado aquele diário bobo eu nunca ia descobrir que fui adotada.

-Oli não fale nunca mas isso, você sempre será da família e sempre será minha irmã. Sempre amaremos você, ser adotada não significa absolutamente nada, ok você não nasceu do ventre da mamãe, mas nasceu da floresta e isso é magico Oli- Falei a ela tirando um peso gigante das minhas costas.

-Minha ficha não caiu ainda Lana, eu não consigo pensar na hipótese de ter outra família- O semblante de Olivia parecia mas sereno quando ela pronunciava essas palavras.

-Me perdoe Oli, perdoe papai e mamãe todos nós só estávamos com medo de perder você- eu disse com dor no coração só de pensar na ideia de ver Oli indo embora.

-Eu perdoou vocês, mas acho que esse é um direito meu e eu quero saber da onde eu vim, quem são meus parentes, quero conhecer meus irmãos quero saber se meu pai biológico está vivo, eu preciso saber Lana- As palavras que sempre temi ouvir de Oli foram proferidas .

-Oli eu sei que você quer achar sua família biológica, mas você não acha melhor esperar a poeira abaixar?

-Não estou pedindo para ir comigo Lana, e acho que dezessete anos já é muito tempo- Oli dizia de forma decisiva, ninguém tiraria aquela ideia da cabeça dela.

-Ok Oli sei que não vou convencer você a mudar de ideia- Falei esticando minhas pernas que adormeceram- Eu vou com você, pode falar o que for mas não vou deixar minha irmã mais nova ir sozinha atrás de sua família desconhecida.

Abracei ela mais forte do que da primeira vez. Antes de voltarmos orei com Oli, quando chegamos no celeiro mamãe correu para abraçar nós duas, deixei elas e papai conversando e fui dormi, pelo menos ia tentar dormir.

Quatro e meia da madrugada uma leve pontada surge no meu ombro, depois de cinco segundos mais uma pontada, tentei abrir os olhos cansados em uma tentativa fracassada, mas uma cutucada agora um pouco mais forte. Acordei com Oli, Mason e Kathrina olhando pra mim.

-O que está acontecendo oli?- perguntei assustada já me levantando.

-Vou atrás da minha verdadeira historia, eai quer embarcar nessa comigo?

Continua...