Morgana
Conseguir as passagens para Dublin foi o mais fácil. Sim, no plural, pois Alice iria comigo. O difícil foi conseguir adiantar minhas férias no trabalho. Então foi só fazermos as malas, porquê mulher precisa de muita coisa e, sorte a minha que convenci Alice a ir apenas com uma, por fim, seguir até o aeroporto.
Segundo meus cálculos, eu chegaria a tempo, com tempo de sobra ainda. Só não contamos com o atraso de três, quase quatro horas do voo. Também não contamos com o avião não parar em Dublin, mas sim na Irlanda do Norte.
Beleza, seria fácil de resolver. Se tivesse a droga de um voo até Dublin, mas não tinha. Então Alice, com mais uma de suas incríveis ideias, decidiu que poderíamos pagar um táxi até lá.
Querida irmã, você sabe quanto é um táxi? E quanto é para ir até a puta que pariu?
Então ela propôs alugar um carro. E quem é que vai trazer ele de volta?
– Você não falou que tinha um amigo dele?
– O que ele tem a ver?
– Podia pedir pra ele vir te buscar. – Piscou os olhos de uma forma fofa e fez biquinho.
– Acha que ele iria vir até aqui só para nos buscar?
– Perguntar não dói – defendeu-se.
Como Alice conseguiu o telefone do amigo de Gus, Lucas, eu não faço a menor ideia, só sei que ela conseguiu convencê-lo a vir nos buscar. Que Deus abençoe esse homem, senhor. Então ela teve a ideia de dar uma volta enquanto esperava e ir comer alguma coisa. A maldita só não contava com se perder e isso diminuir o pouco tempo que tínhamos ainda mais.
Depois de muito pedir informação para pessoas na rua e mais uma parada para pegar algo para comer, nós finalmente achamos o lugar onde ela combinou de encontrar Lucas. Na verdade foi mais ele quem nos achou.
– Você é Morgana, certo? – Foi o que me perguntou ao se aproximar de mim. Perguntei como ele sabia, e o mesmo disse: – Gustav mostrou uma foto sua. – Ignorei aquela vergonha súbita que me atingiu, pois Gus sempre tira fotos minhas nada bonitas, todas constrangedoras em que eu estou horrivelmente horrorosa.
– E eu sou Alice, agora vamos. – Ela falou logo fazendo gestos com as mãos para que ele caminhasse na frente.
Já havia passado da meia-noite e, realmente, não quero saber que horas são para não ficar mais agoniada ainda. Lucas perguntou se não iríamos querer passar a noite por ali, já que a viajem era apenas de umas três horas. Três malditas horas. Alice concordou e disse que estava com fome, outra vez. Jesus Cristo, Alice! Quantas vezes mais vai ficar morrendo de fome em 24 horas?
Levantamos cedo demais para quem dormiu tarde demais. Eu parecia acabada enquanto Alice parecia magnífica. Isso só não quer dizer que ela estava de bom humor e que havia penteado o cabelo, assim como eu. Mas ela era só passar os dedos no mesmo e por uma daquelas toucas bonitinhas que ela tem que fica maravilhosa, eu não, meus cabelos já parecem bagunçados naturalmente e sem arrumar fica pior ainda.
Pegou um monte de salgadinhos e se enfiou no banco da frente do carro. Que ela divida esses salgadinhos comigo! Ela comeu e conversou com Lucas na primeira hora, eu achei que estaria tudo bem até chegarmos em Dublin, mas estava tão enganada.
O pneu furou e, após demorar pra cacete para achar um mecânico que atendia ao meio-dia, nós tivemos que esperar muito. Lucas propôs irmos almoçar e eu jurei que só faltou Alice se grudar nele nesse momento. Desde quando essa mocreia come tanto? Deve estar na TPM, ela sempre fica meio estranha nessa época do mês.
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Dia 29
Short StoryMorgana não tinha o que reclamar de sua vida. Tinha um bom emprego, um bom namorado e uma boa família. Ela era feliz. Mas ela queria mais, queria ter um laço ainda mais forte com Gus, seu namorado. Então, ao perceber que ele estaria na Irlanda, e, p...