Estava tudo escuro. Não conseguia ver nada. Só conseguia sentir. Estava caindo num abismo profundo, como se não tivesse fim. Tentava gritar ou pedir ajuda, mas meus músculos não se mexiam.
No meio dessa queda sem fim, ouvi um barulho estranho como se fosse uma risada. Nunca tinha sentido tanto medo antes. O riso virou uma gargalhada cada vez mais alta, porém distante. Parecia que estava se divertindo vendo minha queda e meu desespero.
Senti mãos nas minhas pernas que apertavam muito forte. O susto foi tão grande que na hora abri os olhos.
Olhei envolta do ambiente. Era meu velho e aconchegante quarto, nada fora do lugar. Quero dizer... nada além das minhas roupas e tralhas esquecidas. Como estava sentada, abracei minhas pernas sem sair do lugar. Uma chuva muito forte caía lá fora juntamente a raios e trovões barulhentos.
- Péssimo dia pra ter pesadelos... - suspirei e passei a mão na testa molhada de suor. Respirei fundo e voltei a me deitar, desligando a caixinha de som do lado da minha cama. É incrível como as rádios gostam de colocar as músicas mais calmas de madrugada... como se alguém a essa hora gostaria de ouvir Shawn Mendes.
Voltei a me deitar, só que dessa vez enrolada embaixo do cobertor. Assim que amanhecesse seria o último dia das férias de inverno. E última manhã em casa também. O colégio tinha dormitórios e minha mãe iria me levar a força um dia antes das aulas começarem para que eu pudesse arrumar meu quarto (com a ajuda dela, óbvio!) e conhecer os novos colegas, o que não me deixou tão animada assim, mas como não consegui nenhum plano de fuga que não me deixasse de castigo por meses... vai ser assim.
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Assim que acordei, me deparei com 4 rostos sorridentes. 5 se contar com o cachorro. Demorei alguns segundos pra ter alguma reação sobre o que estava acontecendo. Gritei assustada, indo pra trás na cama, acabando por cair de bunda no chão. Meu pai, minha mãe, meu irmão mais velho e o mais novo estavam me encarando a sabe-se lá quanto tempo, esperando que eu acordasse para que pudessem me desejar parabéns por conseguir entrar num colégio muito bem elogiado. Era só o que me faltava...
- Vocês querem me matar do coração?! - Gritei irritada ao me levantar, passando a mão na bunda que doía. Acabei resmungando ao ver minha cama cheia de purpurina colorida e confetes. Ótimo jeito de me afastar dela.
- Ooh querida! Não fique assim. Só queremos ter uma boa lembrança sua antes que você parta para o mundo dos ricos - minha mãe disse com um bolo de chocolate nas mãos. Eles estão tentando me persuadir?!
Virei bruscamente pro meu irmão mais novo quando ele tirou uma foto minha enquanto fazia careta.
- Você não fez isso... - cerrei os olhos.
- Fique calma maninha... é como a mamãe disse: Só queremos ter uma boa lembrança sua antes que você parta para o mundo dos ricos - ele deu um sorrisinho e saiu se achando o todo. Pestinha!
- Vamos lá... será um longo dia - meu pai passou os braços envolta do meu ombro, me levando pra cozinha para comer algo antes de ir para a cidade.
É... será um longo dia...
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"My days end best when the sunset gets itself behind
That little lady sitting on the passenger side
It's much less picturesque without her catching the light
The horizon tries, but it's just not as kind on the eyes"
Faltava pouco mais de uma hora para que chegássemos no campus. Eu estava no banco do passageiro ouvindo músicas no meu celular que mais parecia um resto de algo de tão quebrado que estava.
Minha mãe ao perceber o meu olhar de desgosto para o aparelho, começou a falar: - Olha querida, sei que você não quer ir para esse colégio e muito menos com esse celular, mas pense pelo lado bom. Já pensou que pode ter meninos lindos lá? - Ela me olhou pelo canto dos olhos, arqueando a sobrancelha.
Eu realmente não tinha pensado nessa possibilidade... se tivesse realmente meninos bonitos, meus dias se tornariam menos angustiantes.
Arqueei a sobrancelha também como que cúmplice dos pensamentos de minha mãe. Ela sempre sabia como me deixar feliz!
**
Quando chegamos no campus, tive a confirmação. Tinha MUITOS meninos bonitos lá. Como era possível?
- Olha só! Eu te disse - minha mãe deu um sorrisinho como se tivesse vencido meu pai no War, o que sempre acontecia e o deixava furioso. Mamis já era expert no jogo e ninguém ganhava dela. Bom, exceto eu, né? Já sou uma espécie de sensei nesse jogo.
- Mãe... não fique muito feliz. Tem muitas meninas bonitas também.
- Isso não diminui suas chances - ela piscou pra mim, me fazendo corar instantaneamente. - Agora levanta essa bunda desse banco e me ajude a levar suas coisas! Anda, anda! - Ela abriu a porta do meu lado e me jogou pra fora do carro, arrancando risinhos meus.
Passamos uma tarde inteira arrumando tudo. Somente eu tinha chegado. Minha companheira de quarto estava atrasada.
- Mãe, a Max ainda não chegou... e se ela for uma garota assustadora? - Abracei o travesseiro fazendo biquinho, me encolhendo na cama de cima do beliche.
- As seleções dos quartos são feitos por um computador. As chances de você ficar com alguém desagradável e que talvez não goste é de 10% minha querida - ela riu.
- Olha aí! Esse é o problema! Essas porcentagens sempre funcionam ao contrário comigo! - Arregalei os olhos indignada. - Mãezinha...! Me leva de volta com você!! - Pulei pra fora da cama e agarrei os braços dela. - Prometo que irei fazer TUDO que você quiser pelo resto da sua vida. Só por favor, não me abandone aqui - fiz uma carinha de cachorro abandonado.
- Desculpa, Mina. Já arrumamos o seu quarto e sua colega já deve estar chegando. Mas pode fazer tudo isso nas férias, que tal? - Ela sorriu. Fiz careta e a abracei forte.
- Eu te amo, mãe.
- Também te amo, querida.
Logo depois ela foi embora. Dava pra ver o pôr-do-sol do meu quarto. Pelo menos por isso valia a pena ficar nesse lugar...
Suspirei pesado e fui me deitar. Peguei meu celular e comecei a ouvir música. Devo ter ficado entediada assim por pelo menos umas 3 horas. Ta! Meia hora.
Ouvi a porta do quarto se abrindo e me sentei rapidamente. Meu queixo caiu ao ver um cara alto, com cabelos negros e olhos azuis. O olho direito era azuis como o gelo, o esquerdo tinha um toque de de mel e um tom mais verde. Ele tinha um estilo bem chique, junto a alguns piercings na boca e alargadores nas orelhas e parecia um galã de filme adolescente. Voltei a realidade quando o próprio virou pra mim.
- Com licença... quem é você? - Perguntei inclinando a cabeça pro lado. Era uma menina que deveria ter chegado... não?
- Sou o Max.
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My Strange Life
RandomFogo, terra, ar, água. Esses são os elementos básicos da natureza. Sempre juntos, se combinando ou se desafiando... durante milhares de anos foi assim, criando novos elementos, aumentando cada vez mais suas forças. Bom, pelo menos é assim que a Acad...