Capítulo 1: Vazios

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Meu nome é Samuel Everwood, tenho dezesseis anos. Estou no porão da minha vizinha, pois minha casa foi atacada por uma dúzia de bichos, bestas, errantes, andarilhos, bestantes, mordedores ou qualquer maneira que queira chamar aquelas coisas. Somos seis aqui em baixo: Eu, Meus pais, minha vizinha, Cristina, seu irmão, Cory, e sua mãe, Daniela.

Foda-se! Não vou mais escrever isso, ninguém vai ler essa merda. Já faz meses que tudo saiu de controle, o governo não vai conseguir fazer tudo voltar ao normal, se conseguisse, já teria feito.
É inacreditável o que estou vivendo, sempre que falavam sobre aquelas teorias de um vírus que iria destruir a raça humana, eu achava que era coisa de cientistas malucos que não tinham o que fazer.
Apesar de tudo está um caos, estamos indo bem, temos comida enlatada, roupas, água, velas, lanternas, armas brancas e de fogo, porém isso não vai durar para sempre, então consequemente teremos sair de nosso abrigo e temo que nem todos irão sobreviver, me sinto um pouco sujo ao pensar isso.
Sou retirado dos meus pensamentos ao ver Cristina, sentada abraçando os joelhos, seus longos cabelos negros cobrem parcialmente seus olhos de mesma cor, nunca a vi com semblante tão triste. A causa dessa tristeza com certeza deve ser a morte de seu pai, que foi devorado por andarilhos ao tentar saquear a casa da frente em busca supriemntos, já que os moradores haviam ido embora.
- Cristina, quer conversar?
Silêncio.
- Quer ficar sozinha?
Ela balança a cabeça negativamente.
Apesar de sermos amigos graças aos interesses em comum, não sei o que dizer, sou péssimo em consolar.
Sou pego de surpresa quando Cristina coloca sua cabeça em meu ombro, Cory desce as escadas, nos encara de maneira estranha e volta para o andar superior, ele deve está vigiando as ruas pelas janelas,
- Sam, me mata. - diz Cristina puxando um revolver do bolso de seu casaco.
A frase faz me sentir como se tivesse um soco na boca do estômago.
- Cris, larga isso agora! Por favor!
- Sammy, eu não tenho mais motivo para viver, isso não é vida, é só uma questão de tempo para que todos nós acabarmos como meu pai! - diz ela enquanto levanta a arma até a altura da cabeça.
- Por favor! Não faça isso! Você não estará apenas se condenando, mas todos nós. O barulho tiro vai atrair os bestantes.
Abro os braços esperando que ela solte a arma e me abrace, Cristina treme e chora muito.
Vejo ela mexer na arma. Cara, ela não vai parar! Com os braços abertos pulo em cima dela, acerto sua mão mandando o revolver para longe, atingimos o chão com força e seguro seus membros, enquanto chora, até a ideia ir embora de sua cabeça, então Cristina se rende, envolvo com meus braços.

Vivendo Entre Os MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora