Capítulo 3 (Corrigido)

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Edna fingiu submergir em sono profundo em poucos minutos e, enquanto ressonava, lágrimas lhe escapavam abundantemente e molhavam totalmente a fronha do travesseiro. Simplesmente lhe doía muito constatar que não era amada por ninguém, não poderia culpar seu marido, ninguém nunca havia se importado, por que logo ele o faria?

Ele não parecia propicio a adormecer, talvez soubesse que fingia mas sabia que não, tinha prática por fingir ao longo dos anos para fugir da sua abusiva família. Talvez, então, estivesse com insônia ou, assim como ela, estivesse com a mente muito cheia para se desligar facilmente.

Por algum estranho motivo se lembrou dele se despindo sem cerimônia na sua frente horas antes, a visão daquele corpo definido e belo lhe causou sensações nunca antes experimentadas. Afinal Edna jamais vira um homem nu, nem mesmo seu irmão mais velho, afinal na sua casa era permitido apenas ir para a piscina de roupas desde crianças. Não era, no entanto, completamente inocente, em vista que suas colegas de escola pareciam não ver problema em relatar seus encontros românticos em sua frente. Ainda assim uma total nudez masculina apenas fora vista por ela em esculturas e quadros de artes e mesmo assim poucas vezes.

Fora tão diferente, seu corpo reagiu a nudez dele como sabia que uma mulher reagiria a um homem. Porém, quando ele a alertou, de forma debochada, sobre observá-lo se despir, ela acreditou verdadeiramente que poderia morrer ali mesmo, naquele momento.

Na sua casa as regras eram respeitadas e seguidas e Daniela, sua mãe, era clara em afirmar que uma mulher somente deveria servir ao marido sem jamais ofendê-lo ou irritá-lo. Era claro que aquela e outras muitas regras pareciam ser feitas somente para Edna, mas ela assustou-se ao notar o que fez. Ela o observou se despir! Sabia que aquilo não deveria sob hipótese alguma acontecer, menos ainda se não havia sido ele a lhe mandar que o fizesse. "No momento a sós no quarto é o marido que dita as regras" sua mãe sempre lhe repetia.

Todavia era certo que a nudez dele mexeu com ela e quase acreditou que ele não a enxergava como mulher, isso até acordar no sofá vestindo uma das peças de enxoval que sua mãe lhe comprara, ela pôde observar de perto seus olhos escurecerem. Aqueles dois mares azuis eram semelhantes a uma lagoa que transparecia seu interior, mas ao contrário das águas tranquilas os olhos dele eram tempestuosos e intimidadores como o mar profundo. Não sabia nunca o que esperar dele, mas enxergou algo ali, seria desejo? Ela não saberia identificar.

Edna nunca havia sentido o desejo carnal arder sob sua pele, mas poderia imaginar, pelos poucos livros adultos que lera em sua vida, que deveria ser algo muito próximo ao que Andrew a fazia sentir quando depositava seus lindos olhos sobre ela. Se perguntou naquele momento, pela primeira vez, como seria ser tocada por aquelas mãos bonitas e grandes e sentir o calor do corpo dele junto ao seu.

Quando sentiu a temperatura do seu corpo gradativamente subir e alcançar níveis alarmantes decidiu que era o momento de dormir realmente e com certa dificuldade encontrou-se nos braços de Orfeu.

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Quando despertou naquela manhã ela percebeu o quanto seria difícil sua vida de casada.

Babi, a diarista, a ignorou propositalmente todo o tempo. Ela era uma mulher mais ou menos alta, cabelos alisados e tingidos de um loiro alaranjado, possuía curvas abundantes, a sua pele era avermelhada pelo sol e seus lábios eram carnudos.

Edna a cumprimentou e ainda insistiu em uma conversa, porém a mulher foi firme em fingir sua não existência, a ruiva por fim desistiu e comeu uma maçã.

A mais velha passou toda a manhã cantarolando músicas com uma voz anasalada enquanto fazia seu trabalho, com o apartamento impecável ela foi embora sem dizer-lhe ao menos uma palavra.

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