O verão veio e se foi
O inocente nunca sobrevive
Me acorde quando setembro acabar
Aquelas foram as únicas cartas que Edward e Rosalie conseguiram trocar. As outras muitas que escreveram acabaram se perdendo no tempo.
Ano de 1944. Os campos de batalha estavam repletos de soldados, como os necrotérios, que continham milhões deles sem vida.
Rosalie olhava pela janela, vendo a fina neve que caia sobre a cidade. Um homem fardado caminha em direção a casa. Ela desceu as escadas em disparada. Ao chegar à porta, um homem forte, moreno.
_ Senhora McCarty?
_ Sim – ela respirou fundo. As lágrimas já começavam a brotar.
_ Posso entrar? Meu nome é Jasse.
_ Claro.
A mãe surgiu na sala. Assentaram-se e a mãe de Rosalie segurou a mão da filha e de Alice, que estava prestes a chorar também._ Bem, nem sei por onde começar.
_ Ele morreu, não foi? – A voz de Rosalie saiu entre soluços._ Sim, infelizmente. McCarty era um bom homem – ele mirou as três mulheres que choravam – Bem, deve saber que estavam trazendo alguns soldados para passarem o natal com a família e eles vieram dois dias atrás.
_ Quando Edward morreu? – Rachel se pronunciou interrompendo o homem.
_ No mesmo dia que os outros partiram, porém, à noite. Escutem-me, ele queria voltar e passar o natal com a esposa, porém, não deixaram. Edward era forte, grande. Um soldado que não queriam dispensar.
_ Ele sofreu muito? – Rosalie chorava, descontrolada. Só de pensar que o marido estava morto doía, muito.
_ Algumas horas – Jasse disse confuso – mas, mandou que lhe entregasse isso – ele tirou um cordão do bolso e uma carta – Ele dizia também seu nome senhora, a todo tempo e algo como "às vezes anjos precisam voar, Rosalie". Essa parte não entendi muito bem, mas, acreditamos que estava delirando. Bem, vou deixá-las.
_ Você tem notícias sobre meu marido? – Alice perguntou aflita – Adam Withlock.
_ Me desculpe senhora, não o conheço.
_ Tudo bem.
_ Se me derem licença, preciso ficar sozinha – disse Rosalie saindo em disparada da sala. Entrou no quarto, trancando a porta em seguida.
Sentada no chão, próxima a porta, ela começou a ler:
" Meu amor, sinto tanta saudade! Hoje fiz algo que pode ter prejudicado-me: senti pena.
Um soldado pediu para eu ter compaixão por ele já que precisava voltar para seus filhos e eu não o matei. Em troca ele me deu esse colar que bem, era de sua falecida esposa.
Ele disse que a amava muito mas, que o destino havia sido cruel, levando-a quando ficou doente.
Me contou também que carregava esse cordão já que toda vez que o fazia, ele sentia sua amada por perto, então pensei que poderia usá-lo, por mim. Cada vez mais tenho a certeza de que não conseguirei voltar para você e isso me parte o coração. Sinto-me perdido, sem rumo. O que mais quero é estar com você e no momento é o que me parece mais distante. Eu te amo muito, Rosalie, mas, se eu não voltar reconstrua sua vida.
Ache um bom homem, se case de novo, tenha filhos. Sei o quanto ama crianças.
Pense que estando feliz, eu estarei feliz também, independente de onde estiver.
Fique bem e eu estarei com você onde estiver.
Cada vez que ver o por do sol, ou sentir uma doce brisa acariciar seu rosto, eu estarei lá com você. Cada vez que escutar nossa música, eu estarei segurando sua mão.
Você disse que sou seu anjo, mas, anjos às vezes precisam voar, meu amor.
Não se esqueça de mim. Edward McCarty "
Era como se um filme passasse pela cabeça de Rosalie e tudo o que ela podia fazer era gritar e chorar, mas, nada disso mudaria o fato de que Edward – o único homem que amou – estava morto.
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Me acorde quando setembro acabar
RomanceDois adolescentes, um amor, uma guerra. O destino pode ser cruel quando aplica suas peças.