Capítulo 1

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   Tic, tac, tic, tac, tic, tac. Esse era o barulho do relógio, que quanto mais tempo marcava, mais parecia que duraria uma eternidade naque hospital. era tarde, fazia frio em recife, e eu não sentia minhas pernas. Mamãe falou que tinha sido um bêbado em alta velocidade, e não houve tempo para me puxar, então ocorreu o acidente. 

  Fiquei em coma durante 6 dias, e tinha a possibilidade de eu nunca mais andar. Se eu chorei? Ainda estava processando tudo o que havia acontecido na minha mente. para uma menina de 16 anos, pré vestibulanda e quase paraplégica, até que eu estava segurando a bomba.

-Mia! Ainda com muita dor filha?- Perguntou em prantos. -O Miguel veio te visitar, posso deixa-lo entrar?- 

-CLARO!- Respondi sem hesitar e em um tom um tanto quanto alto e trémulo, já que ainda sentia muita dor. O Miguel é meu melhor amigo desde.... Sempre! Ele tinha em torno de 1,73, tinha cabelos castanhos lisos, porém, sempre viviam bagunçados, olhos verdes escuros, e um tom de pele mulato. Fiquei extremamente feliz ao saber que ele estava ali comigo mais uma vez.

-"Mia" princesa! Sempre com esse jeitinho desastrado, quebrando tudo não é mesmo? Inclusive as pernas; Literalmente!- Eu comecei a rir, mas meu corpo doía muito quando eu ria e ele percebeu, de forma que parou com piadas, sentou do meu lado e ficou mexendo no meu cabelo por um tempo, até que falou um pouco sem jeito:

-Me diz, o que seria da minha vida sem você? Sem essa pessoa que vive todas as aventuras do meu lado, e inclusive iria trabalhar comigo? Tu não tem noção do quanto doeu saber que um sem noção havia te atropelado. Quando a tia Ana e o tio Rogério me comunicaram, vim correndo para te ver, mas infelizmente você tava em coma, tipo naqueles contos de fadas bestas em que a princesa dorme profundamente, mas eu não podia te acordar com um beijo saca? E por mais que eu odeie contos de fadas, naquele momento eu desejei de todo coração que fosse um, ou que pelo menos fosse um pesadelo e que quando eu acordasse você estivesse bem, mas não era.

  Escutar o Miguel falar aquilo me fez encher o olho de lágrimas e perceber ainda mais o quanto que ele era importante na minha vida, assim como eu era para ele. Respondi docilmente:

-Guel, tu sabe que mesmo em forma de espírito eu não iria parar de te aperrear, e quem diria hein? Acho que nem Deus acreditava que poderias ser fofo, até mesmo comigo nessa situação!- Ele me abraçou e começou a rir, ao mesmo tempo que lágrimas caiam. Me deu um beijo na testa  e falou:

-Amanhã eu volto tá, princesa? Preciso estudar para o teste de química que vem por ai, e eu não sou essas coisas todas na matéria não.- Assim que falou isso, sorriu e saiu daquele quarto hospitalar.

     Avisei a minha mãe que estava com fome e ela pediu para a enfermeira trazer algo para mim. Passado um tempo, chegou uma papa de aveia (odeio aveia, sério) que tinha uma textura HORRÍVEL, com todas as letras! Comi duas colheres para não ficar tonta e fui dormir, talvez assim o tempo passa-se mais rápido.

    Amanheceu e assim que abri os olhos tinha um rosto gordo e fofo olhando para minha cara, era meu pai.

-Cabelos castanhos, olhos pretos como a escuridão, e pele branca como algodão, essa é minha pequena e bela Mia.- Meu pai tem como hobbie compor poemas, o que me leva desde pequena a ser a inspiração dele. Essa frase já virou um slogan do seu Rogério para tentar aumentar a minha estima quando eu estou mal. É uma forma de dizer que eu sou linda de mais para estar chorando, ou estar triste. Ele se sentou ao meu lado (Percebi que chorava um pouco), segurou minha mão e me disse:

-O doutor Marcos vai te dar alta amanhã, você vai ficar de muleta por um tempo e fazendo fisioterapia para tentar obter uma resposta das pernas; Caso contrário...- Mais lágrimas caíram de seu rosto. Eu sei o quanto é difícil para os meus pais ter uma imagem minha de muleta ou cadeira de rodas. Eles já me viram engessada muitas vezes, mas agora era diferente, principalmente por ainda ter um futuro pela frente. Eu iria fazer vestibular para jornalismo, sou apaixonada em escrever (Puxei um pouco do meu pai nessa parte), e tenho personalidade muito crítica; O Miguel decidiu cursar publicidade (Ele é apaixonado por fotografia), e como somos áreas muito próximas, íamos trabalhar juntos. Seria a dupla perfeita! Só que as pessoas são muito preconceituosas, de tal forma, quem iria querer contratar uma cadeirante, entende? Ou seja, eu sei a dor e a preocupação que meus pais sentem.

     Enquanto me perdia em pensamentos, meu pai e minha mãe começaram a brincar de mímica comigo, na mesma hora, o Miguel surgiu para me visitar e entrou na brincadeira. Ele sabe que sou péssima em mímica, então chamou minha mãe para formarem dupla; E ficamos assim, pelo resto da tarde, até que eu recebesse alta.

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⏰ Última atualização: Sep 04, 2016 ⏰

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