Eu não estava nervosa.
Nervosa era eufemismo. Eu estava apavorada, totalmente assustada e com medo. Aquele seria nosso primeiro dia dos namorados juntos e até que ele chegasse não ia saber onde iríamos. Ele prometeu que não seria longe e que me traria para casa antes das dez, mas eu duvidava. Nicholas sempre roubava um ou dois minutos no nosso trato e dizia que compensava depois. Se estivesse contando ele nem poderia sair comigo nos próximos dez anos para pagar suas dívidas, mas eu sou uma namorada esquecida as vezes e tenho um bom coração.
Sorrio ao ver que o vestido ficou perfeito. Eu não era nem um pouco de vestidos ou de muita cor, mas os últimos meses me fizeram mudar um pouco. Eu não queria me esconder em roupas pretas e jeans - levando em conta que estávamos no Tocantins onde o calor não é brincadeira -, então eu resolvi mudar. Comprei vestidos floridos, cheios de cor e estampas diferentes e bem leves, perfeitos para o clima. De bônus ganhei aprovação do meu namorado.
Namorado.
Ainda era estranho pensar que já estávamos juntos há três meses.
Ouço a campainha e desço correndo. Ele está, como sempre, perfeitamente imperfeito. Usando bermuda jeans - um avanço e tanto para quem era apegado as calças jeans, até mais que eu -, uma blusa azul - a mesma que ele havia usado no dia em que o encontrei na boate - e chinelos, meu namorado trazia uma cesta de piquenique e um sorriso bobo em seu rosto. Mesmo com uma das mãos ocupadas, ele consegue me puxar para um abraço. Inspiro seu perfume - o qual nunca soube descrever, pois a cada vez que sentia parecia diferente.
-Feliz dia dos namorados! - ele me dá um beijo rápido antes de se afastar.
-Feliz dia dos namorados! - tento não soar muito nervosa - Então, aonde vamos?
-Na verdade, vamos ficar aqui mesmo. - ele passa por mim e entra.
Sem entender nada eu o sigo.
-Como assim? - pergunto ao chegarmos na sala.
-Não vamos sair, vamos ficar aqui, na sua casa. - ele se dirige para o quintal.
Enfurecida, fico em pé na sala, de braços cruzados. Penso durante minutos em diversas maneiras de xingar meu namorado por ter prometido que iriamos sair e depois que eu tinha tido o maior trabalho para me arrumar ele diz: "vamos ficar aqui mesmo". Junto toda a fúria dentro de mim e vou para o quintal. Eu o encontro agachado próximo ao pedaço onde havia grama - artificial, mas era grama.
-Nicholas! - grito.
-Sim. - ele se levanta.
Só então percebo o que está acontecendo. Ele havia estendido uma toalha azul, com velas cachepôs espalhadas por todo canto e um piquenique farto sobre a tolha.
-Uau! - é só o que consigo dizer a princípio.
-Bem, eu esperava pelo menos um abraço ou um beijo por isso - ele riu -, mas "uau" está bom.
-Como...
-Como fiz isso? - ele se aproxima - Se você não sabe tem uma coisa que inventaram chamada supermercado onde a gente compra praticamente tudo que precisa para um piquenique.
-Besta. - bato em seu ombro e ele me puxa pela cintura para perto.
-Seu...
-Meu besta. - coloco minhas mãos em seus ombros - Tô sabendo.
-Agora que reconhece? Depois de o que? Quatro meses?
-Três meses, na verdade. - corrijo-o.
-Quatro, Alice. - ele insiste - Eu já era seu desde o dia em que te vi.
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Dia dos Namorados - Um conto de O Garoto Ao Lado.
RomanceNicholas e Alice acabam sendo separados fisicamente ao fim de O Garoto Ao Lado, mas ainda sim permanecem juntos. O que ficou no ar foi... O que aconteceu antes? Como foram os meses antes da partida dele para Londres? Essas perguntas serão respondida...