Onde As Trevas Se Escondem

Escuridão

Faz frio e eu tento me esconder de baixo das cobertas. Tem um monstro no armário. Pedi meu papai para tirar de La, ele não viu nada, mas eu vi. Estava La, escondido perto das minhas roupinhas. Não sei por que papai não viu. Mas eu vi. Escondo-me mais fundo nas minhas cobertinhas. A porta do armário se abre, papai o havia fechado com a chave pra eu não ficar com medo. Mas Ele, ainda assim saiu. Ouço passos se aproximando. Ta. Ta. Ta. Se aproximando. Ta. Ta. Ta. Ta. Mais perto. Ta. Ta. Ta. Algo puxa as cobertas. Estou muito assustado pra gritar. Ele segura meu rosto, suas mãos frios me apertam. Eu grito. Ele some. Meu pai aparece. "O que houve filho?". Não consigo dizer nada, apenas olho para o armário. Meu pai segue meu olhar. Não há mais nada lá. No dia seguinte, vou à escola. Tento agir normalmente. Mas aquele rosto desfigurado e assustador me olhando não saem da minha mente. Perguntam se estou bem, no automático, respondo que sim. Volto para casa no fim do dia. Papai pergunta se estou bem e como abrir a porta do armário sem chave, respondo que não fui eu quem abriu. Ele não acredita e me põe de castigo, acho que o que ele realmente não quer acreditar é que exista algo que até então acreditava não existir. Entro no quarto. Encaro o armário. Ascendo à luz. Verifico o armário. Não há nada lá dessa vez. Vou tomar banho. Na volta do banho, algo está errado. O quarto está mais frio, mas talvez seja por eu ter acabado de tomar banho. A porta do quarto está aberta, sendo que eu tinha fechado. Saiu pro corredor. Não há nada. A luz do quarto do papai está acesa. Vou La. Algo está errado. Sigo pelo corredor e me deparo com outra luz acesa, a do banheiro. Continuo a andar, seguindo pro quarto dos meus pais. Piso em algo molhado. "Pai, alguém entornou água aqui". Não há respostas. Sigo pro quarto. O chão está escorregadio. Entro no quarto. A cama está ocupada. Encima da cama estão meus pais. Imóveis. Chego perto. "Acordem". Não há respostas. Eles estão frios. Verifico se há machucados. Não há nada, mas mesmo assim eles não acordam. Algo está errado. "Ambulância". Viro-me pra correr e ligar para um médico. Antes de atravessar a porta, ela se fecha sozinha. Sinto o mesmo vento frio. Viro-me. Ele está La. Parado, ao lado da cama dos meus pais com um sorriso no rosto. Ele diz: "Estava te esperando!".