Aceita uma xícara de chá?

O Diário

Boston, 8 de agosto 1994 .

O dia estava frio, pouco dava pra ver o sol pelas brechas da janela quando Valentinne acordou. Era cedo e ela só desejava passar o resto do dia em sua cama lendo um livro e tomando chá de camomila, na esperança de que aquele dia passasse o mais rápido possível. Era seu aniversario, um dia que pra ela era comum e que particularmente ela detestava festejar,  por esse motivo evitava sair de seu quarto durante todo o dia, uma ideia que esse ano não dera muito certo, pois, era seu aniversario de 18 anos e mesmo que ela não quisesse sabia que surgiria alguém que faria de tudo para conseguir tira-la de casa. Não demorou muito para que isso acontecesse.

Pouco mais de nove horas Valentinne recebe uma ligação. É sua melhor e única amiga de infância Clarece Stewart lhe chamando para aproveitar aquele dia que era tão especial, ou pelo menos era pra ser. Mesmo sabendo que a amiga não gostava de comemorar o aniversario, Clare achou que seria bom ligar, afinal não era apenas aniversario de sua melhor amiga, eram 18 anos de vida, Valentinne estava ficando de maior e não haveria nada mais justo do que comemorar aquela data como uma adulta.

- ...vamos Vally , não custa nada, nós vamos ao shopping, fazemos umas compras, damos uma repaginada no visual e à noite passamos na boate pra curtir um pouco. Prometo que no fim do dia lhe deixo voltar pra seu quarto fedido.

-Tudo bem ,não sei nem porque estou fazendo isso mas ok. Ps: meu quarto não fede, pelo menos não mais que o seu .(risos)

-Ok amiga . Às duas horas passo aí pra te buscar.

(Desliga a ligação)

Mesmo sem entender o porque ,Valentinne se sentia estranha, e pela primeira vez em tantos anos , não se sentia tão mal na data de seu aniversario. Quase esquecera que logo precisaria sair, então desceu até a cozinha aonde estava sua tia, para ver se ela tinha uma quantia pequena de dinheiro para que  pudesse sair com a amiga.

Valentinne era uma menina bonita de cabelos longos e negros com pequenas ondas , olhos castanhos bem claros ,lábios vermelhos da cor do sangue e pele bem clara sem nem uma mancha se quer ,apenas com o rosado das bochechas e pequenas sardas pouco visíveis . Seu corpo era quase tão perfeito que lembrava até uma boneca, com curvas invejáveis, apenas com um pouco de estrias nas nádegas mas, eram tão poucas que pouco se via. Ela tinha tatuagens ,coisas que sua tia particularmente detestava, mas isso não era o suficiente pra ela deixar de achar sua sobrinha uma das mais belas garotas de Boston, e por isso não via necessidade da garota ir a um salão de beleza ou coisa do tipo.

-Não vejo necessidade alguma em você ir a um salão de beleza, você é tão linda desse jeito que eu acho que não dá pra melhorar, e além do mais você nunca se importou com coisas do tipo antes, porque isso agora?

-Você sabe muito bem que eu não gosto de sair no dia do meu aniversário tia, só vou hoje por que a Clare me chamou, se eu pudesse passaria o dia inteiro trancada no meu quarto e estaria tudo bem.

-Tá bom Vally, vá mas comporte-se e não chegue muito tarde. À proposito, feliz aniversário querida.

(Beijou a testa da sobrinha)

(Valentinne sorriu)

-Seu chá está pronto na sala de jantar, deixei flores na sacada de seu quarto, sei que você gosta (sorriu), deixarei o dinheiro na sua escrivaninha.

-Obrigada tia!

A garota estava contente, e gostava muito de sua relação com a tia , ela a tinha como uma mãe desde quando nasceu afinal, sua mãe havia morrido no dia de seu nascimento, por isso ela não gostava de comemorar seu aniversario, mas esse ano pela primeira vez ela tentou esquecer e se divertir um pouco com a sua melhor amiga.

Clarece tinha chegado e estava do lado de fora esperando Valentinne de carro. Valentinne subiu e foi até a escrivaninha buscar o dinheiro , ao olhar pra sua cama, viu que havia uma espécie de caderno de cor verde turquesa ,sua cor favorita. Ao observar mais de perto notou que havia algo escrito "De Alice para Valentine. Te amo sobrinha." . Um sorriso grande tomou o belo rosto de Valentinne , sua tia havia lhe deixado um presente, era um diário onde a partir daquele dia ela poderia escrever coisas que ela sentia e que lhe acontecia. A garota não podia estar mais feliz.