Capitulo 3

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Uma semana antes das férias de inverno, entrou uma garota nova na turma, chamada Francine.
Francine era alta, magra de pele escura, cabelos lisos até o meio das costas, olhos castanhos e boca pequena..
Desde que pisou naquela sala não parou de me olhar atravessado por um segundo.
Quando tocou o sinal para o intervalo, a Srta. Lauren me chamou em particular para que eu visse minhas notas. De cinco delas, uma única se salvou, que foi a primeira avaliação, já as outras eram abaixo da média.
- Tem algo a dizer sobre isso senhorita? - Ela levantou as sobrancelhas em minha direção.
Fiz que não com a cabeça e depois a abaixei.
-Acho que vamos ter uma recuperação em breve! -Após dizer isso, ela fechou a pasta e saiu para fora com seus saltos barulhentos.
Em seguida, fui para o laboratório de informática pesquisar algumas coisas para o trabalho de seminário integrado. Normalmente o trabalho era em grupos, mas eu estava fazendo sozinha porque assim me saía melhor do que em grupos.
Meu tema era sobre dependentes químicos, já que era um assunto bem polêmico entre as pessoas da sociedade de todos os cantos do mundo.
Antes do sinal tocar para voltarmos para a sala, passei no banheiro, onde Francine estava lá com a menina que fizera amizade. Ela me encarou como de costume e depois saiu com sua nova companheira para o corredor. Cada vez que ela olhava para mim eu sintia um sentimento de raiva sair pelos seus olhos.
Chegando em casa, avustei uma caminhonete preta estacionada em frente a minha casa e vozes no lado de dentro. Ninguém costumava nos visitar aquela hora da noite em dia de semana. Quando entrei tive uma surpresa em ver James, seu tio e seus primos sentados no sofá.
-Ela chegou! -Minha tia abriu um sorriso quando me viu entrando.
-Olá Everest! Reconheci a voz daquele garoto que estivera invadindo meus sonhos desde que o conheci. Seu tio fez um gesto com a cabeça enquanto os gêmeos levantavam a mao num aceno.
Pendurei a mochila na cadeira no canto da sala e cumprimentei cada um que estava na sala.
- Este é o Sr. Roodson, seus filhos e seu sobrinho!
-Acho que já nos conhecemos!-Disse James.
Ouvi passos vindos da cozinha e deduzi quem era a dona daqueles passos agudos.
A vaidosa mulher de cabelos compridos e corpo perfeito apareceu logo em seguida.
-E essa é a Sr. Roods! - A mulher de aparência jovem me estendeu sua mão em minha direção com um leve sorriso. -Prazer Everest!
-O prazer é meu! - Sorri em resposta e depois me sentei ao lado de minha tia.
-Eles vieram nos apresentar o novo membro da familia.
Novo membro? Então quer dizer que o sobrinho do Sr. Michel iria morar com eles? Eu estava doida para perguntar o porquê, mas não foi necessário, foi como se James tivesse ouvido o que pensei.
- Meus pais foram para Rússia e não podiam me levar junto, vão ficar meses ou até anos. Por isso tio Michel me aceitou para morar com eles aqui. E já que sua tia trabalha na casa, pensamos que seria necessário avisa lá para que não achasse que eu fosse um "ladrãozinho" de rua se me visse perambulando pela casa.
Eu cheguei a rir com essa ultima frase, mas também sorri por ele.
-Seja bem vindo!
-Obrigado!
- Então era isso. Vamos deixá-los em paz! - Os Roods se levantaram e nos estenderam a mao em despedida. -Tchau Everest, até amanha Merlinda!
James foi o ultimo a sair, ele me abraçou e falou "até mais".
Senti uma certa afinidade em relação ao abraço. Sera que eles voltariam mais vezes? Eu estava muito feliz com a noticia, eu ia gostar de ter alguém que conhecesse morando perto.
Dessa vez sonhei com o James me chamando para a floresta , ele repetia isso até desaparecer. Dai acordei. Esse foi o segundo sonho estranho que tive com ele, eu só não sei o que aquilo significava.
Eu estava andando de bicicleta na tarde seguinte e achei pegadas maiores que de um urso indo para a floresta. Mas só havia três e desapareceram como se alguem tivesse apagado. Voltei para casa quanto antes de Merlinda chegar, restava apenas duas horas para a aula começar.
Tivemos aula de biologia, minha matéria favorita. O professor iria escolher as duplas para o trabalho.
" Francine não, por favor"
-Everest... - Meu coração acelerou e minhas pernas ficaram bambas quando escutei ele falar meu nome.
-...e Francine! - Droga, que azar o meu, justo com quem eu não queria.
Ela me lançou um olhar de enjoada e então virou aquela cara de peixe morto.
Os dois últimos períodos ficaram reservados para a criação de idéias do trabalho. Tudo que eu mais desejava no momento era que o sinal tocasse para ir embora.
Francine puxou a cadeira para o meu lado falando das idéias que pensou , eu apenas balançava a cabeça concordando.
- E você, pensou em algo?
- Pensei em fazermos uma pergunta para cada um sobre os variados tipos de plantas, animais e corpo humano.
- É uma boa, mas prefiro trazer imagens e palavras para fazermos uma cruzada.
Embora eu a odiasse , tinha de admitir que as idéias dela eram ótimas.
-Então, o que acha?
-Parece legal!
- Ok, eu farei as perguntas e você fará o jogo!
- Claro! -Falei por fim.
Ela voltou para seu lugar e se virou para fofocar com as amigas.
Assim que o sinal tocou, peguei minhas coisas e fui para casa.
Conforme eu subia a colina, o frio ficava mais intenso a ponto de bater o queixo.
Eu estava quase chegando na esquina de casa quando vi um homem vindo em minha direção. Agora eu não só tremia de frio, mas também de medo. Ele parou aproximadamente um metro de mim, seus olhos me forçavam a encará-lo. Fui ficando fraca e perdendo toda minha força conforme ele me encarava. Meus joelhos se dobraram, de repente uma nuvem negra me envolveu... E tudo se perdeu na escuridão.

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