Cidade de Diadema, um frio infernal de 10 °C. Eu digo infernal, porque nem você ou esse cara sabem se o inferno é quente ou não.
Rua Itália, barulho alto, o pessoal ouvindo a pornografia que chamam de música. No submundo não toca isso, mas o som que as almas perdidas fazem, incomodam da mesma forma.
Em meio à tudo isso, uma casa cheia de baratas, louça para lavar, banheiro fedendo, com uma descarga que não funciona direito. A voz chatissima da mãe dele, às 9 horas da manhã.
Acordando esse cara e ele não conseguindo mais ir dormir. Depois de uma hora olhando pro teto, ele percebe que não passou uma e sim quatro horas e ta super atrasado para o trabalho.
Depois de se arrumar e urinar por cerca de 3 minutos, ele abri a porta segue rumo à desgraça.
Na rua todos olham para ele, bestas famintas querendo sugar tudo que ele tem, preconceito? Talvez. Mas de alguma forma, acredito que eles pensam coisas piores de você.
Finalmente chegou na parada de troleibus, depois de 20 minutos andando lentamente. É engraçado que do outro lado passam troleibus a todo momento, e desse lado também, mas só depois de longos 10 minutos o que ele quer, resolve passar.
Você perdeu seu cartão de troleibus, usa passes e gasta do próprio bolso, ou seja, "paga para trabalhar".
Dentro do troleibus, todos olham para você. Qual o problema dessa gente?
Você encontra seu amigo, Felipe, que fingi que não te viu. O infantilidade, ele quer que você vá até lá, para ele fazer cara de surpresa e dar um "eae cara" cínico. Mas tudo bem.
Do lado, eu sei que você não queria ouvir, eles estavam falando alto. Dois caras falam de uma ceita maluca, hoje as pessoas que jogam RPG, estão cada vez mais velhas, você pensa. Se interessou, mas não disse nada, até porque vai que você leva um "quem te chamou garoto?". Até sentiu calafrios.
Acabou de descer da parada. Cinco minutos até o sofrimento de 9 horas de trabalho chegar.
Já se arrumou, vai bater o ponto e...
Uma dúzia de pessoas na sua frente, porque deixam para o último minuto?
Depois dos momentos estressantes, bate 6 minutos atrasado. Oh, droga, pensa. Vai indo para o seu corredor de arroz, anota o que precisa.
Volta com um palhete de arroz. Vai tirando o strash em volta do palhete. Resolvem te perguntar: "Qual o melhor arroz?". Tente não fazer cara de bosta, de um sorriso e diga que você costuma comprar aquele da imagem com um carinha de chapéu, deve resolver. Não resolveu, ela voltou.
"Tem certeza? Ele é o mais caro." Tenho senhora. Force o sorriso. "E o feijão?" Da mesma marca, senhora. Abra o punho, é apenas uma senhora. "Obrigado, moço". Graças.
E com certeza a melhor do seu dia: "vai lá dentro e pega o arroz que está mais longe da validade pra mim, agora!" De um sorriso, porque fechou os punhos de novo? É apenas um cara folgado, assim como a maioria. Foi o jeito que ele falou? Não ligue, procure seu encarregado, ele vai resolver.
O encarregado vai todo sorridente. E leva a mesma cuspida de palavras que você. Abriu um sorriso porque? O encarregado aponta para você e diz para você buscar. O que achou que iria mudar?
O arroz vai da sua mão para dele em um pulo, pera, porque você jogou? Ainda bem que ele sorriu. "Me leve no corredor da margarina!" Pare, respire, é apenas mais um folgado. Levante-se e ande devagar o cara não é rápido. Aponte o corredor, espere ele passar de você. Corra de volta.
Esses outros repositores à sua volta, o que querem? Ah, sim. Estão te chamando para almoçar.
Suas pernas estão cansadas, segure no corrimão. Vamos segure, se não, vai cair, isso. Até que enfim na porta do vestiário. Não pera, vou ficar aqui fora. Seu armário é o último? Ah, não.
Muita gente para um lugar tão pequeno.
Chuva? Você não tem guarda-chuva. Vai correndo? Ok. Cuidado garoto, olha o carro. Até que enfim chegamos.
Restaurante? Hum, o cheiro é bom. Mas essa comida está aqui a muito tempo. Vai comer? Ok. Caramba, pra que um prato desse tamanho? Mas o que? Você comeu tudo. Indo embora? Ok.
Você está voltando para aquele vestiário sujo? O que vai fazer? Ah, sim. Jogar truco. Deixa eu ver todos os jogos. Ah, você vai perde essa.
Você é ruim cara, perdeu na mão de 11. O que? Já vai descer? Para aquela desgraça? Pare agora, volte a jogar. Ok.
Segure no corrimão, suas pernas ainda estão cansadas. Isso ae. Corredor de arroz, você terminou o palhete! O que você vai fazer agora? Porque não faz como os outros e enrola o dia todo?
O fim de expediente chegou rápido. Vai bater o ponto? Ok. Fila de novo. Bateu o ponto 3 minutos antes das 11, não foi tão ruim.
Pegou o troleibus, e novamente os dois caras do RPG, já pode parar de olhar.
Desceu na parada, mude essa cara, você está de folga amanhã, e depois, vai se mudar na terça de manhã, o que pode dar errado?
Depois de virar de um lado para o outro na cama, finalmente dormiu.
***
Até o próximo capítulo.
Que se chamará: Transição.
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O Filho da Destruição
RandomEu não espero que vocês compartilhem, curtam ou favoritem. Espero apenas que essa estória alcance aqueles que realmente queiram ler até o fim. Eu uso tudo de mim para criar essa estória. Eu ouvi falar sobre um concurso de Rádio, onde a melhor estóri...