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Eu estava de boa no quarto conversando com Ethan sobre música - um assunto que amávamos, sem brincar. Ele estava me contando que junto de seus amigos, tinha um tipo de banda, mas que precisavam de uma segunda voz e outra guitarra. Eu sabia tocar guitarra, me ofereci imediatamente e isso o levou a loucura. Ethan falou alguma coisa sobre me apresentar para os seus amigos no dia seguinte - que era um sábado - e fazer algum tipo de testes, que por mais que confiasse em minha capacidade, precisávamos da aprovação de todos. Aquilo não iria ser difícil porque eu tocava guitarra desde muito jovem, e pensei que já tivesse falado alguma coisa do tipo com Ethan. Era estranho saber que praticamente nos criamos juntos e que sabíamos tão pouca coisa um do outro. Ethan era um cara muito maneiro, era engraçado e um pouco nerd. Estávamos discutindo sobre a música que eu deveria apresentar para os outros rapazes, uma música que chamasse atenção e que também não fosse lá muito complicada - não que me importasse com isso -, quando Ally bateu na porta e, sem nem esperar por uma resposta, abriu. Ok, aquele era o meu quarto e eu não queria que ela ficasse entrando assim.
- Mamãe mandou chamar vocês dois para o jantar. - anunciou ela com um sorriso aberto e falso nos lábios.
- Beleza, o que tem de rango? - Ethan rapidamente levantou, conseguia lembrar que ele realmente gostava de comer.
- Não sei. - Ally deu de ombros - Agora Ethan, se você nos dá licença, quero ter uma conversa em particular com Evan.
Ally olhou de Ethan para mim por alguns segundos e deu de ombros, deixando o quarto bem rapidamente.
- Então... - incentivei assim que estávamos sozinhos, porque estava realmente com fome e não queria perder o jantar.
- Quero deixar algumas regras de convivência bem claras. - ela colocou as mãos na cintura e respirou fundo - Regra número um: Tente não falar comigo, a não ser que seja uma emergência das grandes. - com uma das mãos, começou a enumerar - Regra número dois: A sua entrada no sótão está proibida, porque é meu quarto. - ergueu outro dedo - Regra número três: Sou a única que usa o banheiro do corredor, então, por favor, evite deixar rastros de DNA por lá. - e sorriu, erguendo outro dedo - Por enquanto é isso, ah... Outra coisinha... Sei que você não gosta de gatos, então se eu vir você fazendo alguma coisa com o Sparrow eu mato você. - e falando isso, ela girou nos calcanhares e deixou o quarto, com seu rastro de perfume pairando sobre o ar. Pisquei atônico tentando recuperar a linha de pensamentos, porque, caralho, aquela garota era um furacão. Balancei a cabeça rapidamente e resolvi que era melhor descer de uma vez antes que Maggie mandasse outra pessoa vir me chamar. Saí do quarto tentando imaginar quem diabos poderiam ser Sparrow e por que ele tinha o nome do sobrenome do personagem de Johnny Depp em Piratas do Caribe. Não que eu não gostasse do filme, porque gostava, mas ainda assim era estranho colocar o nome de alguma coisa com o sobrenome de outra. É, eu não fazia mais ideia do que estava pensando quando finalmente cheguei até a cozinha e estavam todos em volta da mesa. Maggie e Richard colocavam a mesa, enquanto os outros três já estavam muito bem acomodados em seus respectivos lugar.
- Evan, garoto. - Richard, o marido de Maggie e pai dos demais, falou com um sorriso no rosto - Estava aqui conversando com o Ethan. - começou ele, gesticulando para uma cadeira ao seu lado e imediatamente fui me sentar lá - Você joga futebol?
A pergunta me pegou desprevenido, já que esperava alguma coisa um pouco mais séria - Sim, jogava no time da escola.
Os olhos de Richard e os de Ethan também, pelo que pude perceber, brilharam - Em que posição? - perguntou Richard.
- Ataque, fui o artilheiro do time no último campeonato que competimos, ano passado. - dei de ombros, como se não fosse nada demais. Afinal, não precisava falar que era capitão do time e também o artilheiro - que marcava mais gols.
- Evan! - gritou Ally rindo, olhando para o pai com um olhar cúmplice - Nosso time precisa de outro cara no ataque.
- Sério? - a pergunta foi automática, não conseguia acreditar que não precisaria parar de jogar.
- Haha. - ouvi uma risadinha teatral vindo de algum lugar, então virei meu rosto e me deparei com Ally sentando em frente a mim - Como se Dylan fosse deixar o novato jogar no time. - ela revirou os olhos, parecendo satisfeita com isso.
- Não é ele que decide. - retrucou Ethan - É o técnico e além do mais, seria muito bom se o Evan colocasse Dylan no seu devido lugar, você não acha, maninha? - e ele virou-se para encarar Ally, que imediatamente abaixou o olhar e começou a encarar o seu prato vazio. Ethan não devia estar falando com ela daquele jeito, ainda mais sobre Dylan O'Brien, mas quem sou eu para me meter? Então apenas ignorei aquela pequena pirraça de irmãos e me concentrei na possibilidade de jogar.
- Quando são os testes? - perguntei curioso, tentando fazer algum tipo de cronograma em minha mente.
- Na próxima sexta.
- Ótimo, Evan. Vejo que você veio mais no que na hora certa. - brincou Richard, dando algumas risadinhas.
- Talvez. - concordei.
Sabia que Richard era um grande fã do futebol principalmente. Afinal, ele era editor chefe do jornal de esportes mais vendido na Inglaterra "Daily Express". De qualquer forma, tinha de concordar que era coincidência demais eles precisarem de alguém exatamente na área que jogava. Aquela oportunidade seria como um grande boas-vindas para Evan Peters. - sorri sozinho. Deixei esse pensamento em segundo plano e tentei me enturmar nas conversas paralelas que se sucederam. Maggie terminou de colocar a mesa e todos ficaram em silêncio enquanto comiam. O que era bem estranho, já que estavam todos sempre falando ao mesmo tempo. Me senti um pouco desconfortável com aquela situação. Olhei para cada rosto naquela mesa, Richard parecia estar apenas saboreando a sua comida, Maggie também olhava ao redor, certificando-se de que todos estavam comendo e gostando da comida, Emma encarava Ally tão furiosamente que cheguei a imaginar raios lazeres saindo de seus olhos, Ethan estava entretido demais com o seu pedaço de frango para prestar atenção em qualquer outra coisa e Ally remexia com o garfo a comida e estava quieta demais, seus olhar estava perdido e pude jurar que seus olhos pareciam estar vermelhos. Sabia que Ethan não devia ter falado de Dylan daquele jeito na frente dela. Sinceramente, eu não gostava da garota, mas não era otário ao ponto de fazer isso na sua frente - magoar os sentimentos de garotas nunca foi o meu forte. Sei o que você está pensando, que sou um babaca idiota, mas Dylan, não, eu acredito que nunca magoei nenhuma garota. Quer dizer, era bem mais fácil simplesmente não dar esperanças e não namorar. O problema ali era que Ethan não tratava a sua irmã daquele jeito, isso acontecia muitas poucas vezes e alguma coisa sempre tinha acontecido para desencadear a briguinha. Ou seja, Ethan aprontou alguma coisa que o deixou bem irritadinho.
Terminamos de comer depois de um tempo e me ofereci educadamente para ajudar a recolher os pratos da mesa e Maggie agradeceu com um sorriso tão grande, que podia jurar que se minha mãe visse, receberia um aumento de mesada de tão orgulhosa da minha gentileza que ela ficaria. Droga, eu já estava com saudades da minha mãe volátil, atrapalhada e humorada. Respirei fundo e fiquei observando as semelhanças entre Maggie e ela. Sabia que elas haviam se conhecido no jardim de infância, quando Maggie defendeu a minha mãe de um grupo de meninos que roubaram o seu ursinho de pelúcia preferido - eu sei, também acho uma coisa bem infantil e meio idiota. Desde então as duas simplesmente não se desgrudaram mais, fizeram colegial, ensino médio e faculdade juntas, morando na mesma cidade. Até que minha mãe se formou em medicina e recebeu uma proposta de trabalho em Boston e aceitou, enquanto Maggie continuou em Londres trabalhando para um grife chamada Dior - Maggie era a estilista da grife em Londres, alguma coisa assim, sei lá. Seja como for, o que eu achava mais legal é que elas nunca deixaram de ser melhores amigas e nunca abandonaram uma a outra. Sei que isso é gay para se pensar, mas cara, eu também sabia reconhecer o valor de uma amizade verdadeira, né, não sou idiota. Terminei de ajudar Maggie com os pratos e assim, ela foi buscar uma sobremesa para comermos. Segundo ela, sobremesas eram servidas apenas nos finais de semana, porque ela não tinha tempo de ficar cozinhando e ainda não tinham empregada. Fiquei bastante satisfeito quando vi que a sobremesa era sorvete de flocos com calda de chocolate. Comi no mínimo umas três taças, sem me importar, já que Ethan comeu umas cinco, não estou brincando, ele comia demais. Anyway, depois que comemos a sobremesa fomos todos para a sala se amontoar nos sofás para vermos algum filme. É claro que Ally - a antissocial -, disse que estava com dor de cabeça e subiu diretamente para o seu quarto. Não me importei nem um pouco, apenas me concentrei no filme que Richard tinha escolhido para vermos - Norbit - chorei de rir, ok? Muito bom o filme, duvido alguém não rir com esse filme, qual é. Richard tinha acabado de ordenar que Emma fosse para a cama e ela tinha acabado de subir quando percebi que talvez ele quisesse ficar sozinho com Maggie e então dei uma desculpa qualquer para poder ir pro quarto e fiz questão de subir, mas antes que conseguisse, Maggie me interrompeu.
- Evan, se você não se importar, leva esse remédio para a Ally, se ela estiver acordada? - e veio até mim com um copo de água e uma cartela de remédios. Queria tanto poder dizer que nem fodendo eu ia subir no quarto da Ally depois de ela deixar aquelas regras bem claras, mas eu não podia dizer não, então sorri e concordei, pegando os remédios e subindo.
Sendo assim, subi as escadas, passei por meu quarto e subi outro pequeno lance de escadas em caracol que davam direto no quarto de Ally, que não tinha porta - por isso a entrada proibida. Ela estava atirada na cama e a janela estava aberta. Imediatamente percebi que Ally estava dormindo e respirei aliviado. Andei até o criado mudo, larguei o copo e os remédios e estava prestes a sair quando um vento gelado percorreu todo o quarto, fazendo-a resmungar e se revirar na cama. Respirei fundo mais uma vez e revirei os olhos. Eu era muito otário, devia é deixá-la se congelar, isso sim. Mas não, andei até a janela e, com cuidado para não fazer barulho, a fechei e, sendo mais idiota ainda, puxei a manta de lã que estava nos pés da cama sobre o corpo incrivelmente sensual de Ally. Que foi? Eu sou homem, não posso negar que ela é h-o-t demais! Terminei de tampá-la e, assim que consegui tirar os olhos das suas curvas, deixei aquele quarto de vez. Tentaria ao máximo não voltar a entrar ali. Finalmente me joguei sobre a cama do meu quarto, depois de trocar a calça jeans por um calção da Adidas - era assim que dormia, apenas de calção. E só colocava o calção porque minha mãe enchia muito a minha cabeça dizendo que alguém podia entrar no meu quarto e me ver só de cueca e que não seria agradável. Se fosse mulher, eu tinha de discordar, porque provavelmente seria muito agradável. Sou bonitinho, sei perfeitamente disso. Coloquei os fones do meu iPod e me deixei levar pelo cansaço que já tomava conta de mim.

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⏰ Última atualização: Jun 19, 2016 ⏰

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