Capítulo 1

72 7 9
                                    

Estava debruçada na janela, enquanto via as árvores correrem e o vento bagunçar meu cabelo. Cinco horas de viagem, cinco intermináveis horas de tédio. Destino? Roathys. Uma cidade pequena e cheia de milharais. Não me estranharia se o povo de lá fizessem a festa do milho.
Meu pai era o centro de tudo pra mim, desde que minha mãe morreu, ele tem sido tudo pra mim, tem me ajudado a superar a perda, mas sei que ele também tem lutado para ser feliz.
Por isso, não me impus quando ele começou um namoro com uma tal de Sara.
Ele conheceu ela num chat de namoro, pela internet. Ele insiste que eu preciso de uma imagem feminina, para me ajudar na vida.
Já tenho 19 anos, acho que o tempo de eu precisar de uma figura materna, já passou.
E tenho quase certeza que por eu estar aqui agora nesse ônibus, foi idéia da Sara.
Ele veio no final da tarde, me dizer que eu precisava espairecer a mente, e que fazia tempos que não visitava meus avós.
Eu acabei concordando, não queria atrapalhar o romance dele com aquela mulher.
Ótimo! O ônibus parou.
- Vocês tem cinco minutos. Logo estaremos em Roathys.
Disse o motorista.
Essas paradas chatas.
Coloquei meu fone e adormeci ao som de Within Temptation.

Desci do ônibus e coloquei meus óculos escuros.
- Aubrey? - olhei por cima dos óculos.
- Joey ?
- Nossa prima, como você tá diferente! - veio ele me abraçando.
- Você também tá bem diferente! Nossa.
Joey era meu primo, a gente sempre brincava juntos na fazenda dos meus avós.
- Vem. A vovó fez muitas coisas pra você comer, você sabe como ela é. - disse ele pegando minhas malas.
Sabia que minha avó passava o dia distraída na cozinha fazendo seus bolos com coberturas. Lembro quando ela me entupia de doces quando era pequena.
Joey me conduziu para fora da rodoviária, me deparei com uma caminhonete.
Entrei , e logo em seguida depois de colocar minhas malas atrás ele se arrumou ao meu lado, no assento de motorista.
- Quer dirigir? - Joey perguntou.
- Melhor não. Nunca dirigi uma caminhonete.
Joey riu.
Então deu partida e pegou a estrada.
Notei em sua mão direita um anel dourado brilhante.
- Não me diga que casou Joey!
- Pois digo que casei. To apaixonado. - ele dizia animado.
- Wow, me conte, quanto tempo já ? Como ela é?
- Fez um ano. Ah ela é perfeita, você vai conhece lá, ela está com os nossos avós.
Nunca estive tão apaixonado Aubrey, quando o amor pega a gente, é difícil escapar. - disse ele sorrindo.
Eu não conseguiria me imaginar apaixonada por alguém. Via minha amiga April, sofrendo por seu namorado, ela vivia chorando, ele a maltratava,e ela ficava atrás dele. Se isso é amor, eu quero ele bem longe de mim.
- Parabéns Joey.
Ele sorriu, com certeza tava perdido em pensamentos.
Liguei o rádio, estava tocando Dalinda, Alex Mica.
- Adoro essa música! - disse erguendo o som.
Fizemos o trajeto todo ouvindo Dalinda.

Chegamos na fazenda. Peguei minha bolsa e desci do carro, e adentrei na casa.
Encontrei meus avós na sala, e minha vó veio ao meu encontro.
- Aubrey minha menina! Que saudades de você! . Disse minha avó me abraçando.
- Estávamos com saudades de você, nunca mais veio nos visitar! - disse meu avô vindo ao nosso encontro.
Ele tinha razão, a última vez que nos vimos foi no enterro da mamãe. Ela morreu quando eu tinha 5 anos, ela estava com uma doença muito rara no sangue. Infelizmente quando os médicos descobriram já era tarde demais, e os remédios já não faziam efeito, e ela não respondia mais aos tratamentos. Foi uma fase muito dolorosa.
Estava abraçando meus avós quando percebi uma garota sentada no sofá nos observando meio sem jeito.
- Oi? Nos conhecemos?
Perguntei. - Minha avó interrompeu o abraço e percebendo a minha curiosidade respondeu.
- É a Darlys. Esposa do Joey.
Ela levantou, meia sem jeito.
- Oi . Estávamos ansiosos pela sua chegada. - ela parecia ser tímida.
- Oi, desculpe. Joey me avisou mesmo. Prazer.
- Quem está com fome ?- perguntou meu avô.
- Eu !- respondeu Joey entrando com as malas.
- Vamos pra cozinha, você ta muito magrinha menina. O que tem comido? Sabia que seu pai não tava alimentando você direito! - disse minha avó.
Revirei os olhos. Sempre nos telefonemas que ela fazia em casa. Ela sempre mandava meu pai me alimentar direito.
- Vó eu sei cozinhar. Eu que faço minhas próprias refeições. Sara não sabe cozinhar. Então tive que aprender pra minha sobrevivência.
- Sara sempre me pareceu uma moça tão boa. -
"só na sua mente" pensei.
- Mas aonde eu vou dormir? Preciso de um banho. - disse mudando de assunto.
- Espero que não tenha problema pra você, Mas a Darlys vai dividir o quarto contigo.
- Mas e o Joey? - perguntei confusa.
- Eu viajo muito pra fazer os carregamentos da nossa fazenda para as processadoras. Então Darlys fica aqui pra não ficar sozinha, fico feliz que esteja aqui assim ela tem companhia pra conversar.
Então tudo fazia sentido.
- Qualquer coisa eu durmo na sala....
- Não, claro que não. -interrompi- você é parte da família e é minha prima agora! Vamos dividir sem problema o quarto.
- Então pronto! Darlys mostre o quarto pra Aubrey. Faz tempo que ela não vem aqui, e muita coisa mudou.- disse a vovó.
- Percebi mesmo. Quando entrei aqui pensei que entrei na casa errada.
- Logo você se acostuma. - Joey respondeu.
- Espero que sim. Vamos Darlys? - perguntei. E ela foi se levantando e indo comigo em direção ao quarto.
Confesso que a casa tava bem diferente e quase me perdi num dos corredores.
- Pra que tantos quartos?E porque não podem ser usados? - perguntei
- Seus avós nas férias, alugam esses quartos para viajantes, visitantes, vira uma pousada. E alguns dos quartos estão em reformas.
Wow. Tá aí uma informação que eu não sabia sobre meus avós. Que eles adoravam ter gente estranha em casa.
Entramos no quarto e havia duas camas de solteiro. Tinha uma enorme penteadeira no canto da parede, com um espelho grande.
As janelas estavam abertas, então senti a brisa do entardecer. As cortinas eram floridas.
O lugar era bem aconchegante. Agradável.
Tínhamos um banheiro. Fui logo colocando minha bolsa numa das camas. Abri o armário de roupas e tinha um roupão.
- Vou pedir pro Joey trazer suas malas. - disse Darlys percebendo a falta de minhas coisas.
- Obrigada Darlys.
Adentrei ao banheiro e liguei o chuveiro.
A água estava quente e agradável.
Iria tomar meu banho, e depois cair na cama. Estava exausta.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 16, 2017 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Não Pisque Onde histórias criam vida. Descubra agora