A Coisa

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Era por volta de umas 23:30 de um sábado a noite, eu estava em casa, como sempre. Em todos esses 16 anos da minha vida vazia e monótona a única coisa que tenho feito é ficar trancado dentro de casa, jogando vídeo games. Pelo menos eles não me deixam na mão.

Eu vivo apenas eu e minha mãe, mas hoje ela resolveu ir em uma festa, se divertir um pouco...como toda semana.

Por volta as 23:50 horas, eu comecei a ouvir latidos dos meus cachorros e barulhos na rua, imaginei que fosse mais algum bando de marginais sem o que fazer, que passam por essa rua todo santo dia sempre nesse maldito horário...mas tudo bem, eles não iriam me fazer nada.

Após alguns minutos meus cachorros se calaram, achei que os arruaceiros tivessem ido embora, então voltei a me focar em meu jogo. Logo mais resolvo dar uma parada para tomar café, e talvez preparar algo para comer durante a outra partida. Fiz uma porção de batatas fritas, sempre é um bom acompanhamento pra essas madrugadas vazias e frias. Enquanto esperava por meus amigos se preparam para continuar o jogo, eu começo a ouvir passos pelo meu pátio, apenas assumo que é um dos meus cachorros andando de um lado para o outro sem rumo. Mas o barulho continua, então tiro meu fone de ouvido para verificar se tem mais algum barulho estranho, e assim que o faço, eu ouço um barulho muito auto, como se tivessem jogado um saco de cimento na parede do galpão de minha casa. Resolvo ir verificar o que foi aquilo, com muito medo, sempre fui um menino cagão. Penso em abrir a porta e ir lá fora verificar o que é, mas acho melhor não. Penso comigo mesmo: "E se tiver alguém perigoso lá fora? ". Então resolvo olhar pela fresta de minha janela, a única coisa que consigo ver é meu cachorro atirado contra a parede com as patas traseira juntas umas as outras e presas, e as patas dianteiras estendida, uma para esquerda...outra à direita.

Nesse mesmo instante eu entro em pânico e resolvo trancar todas as possíveis entradas da casa. Eu me escondo no meu quarto, falo com meus supostos amigos sobre o ocorrido. Eles riem de mim, não acreditaram. Não os culpo, vivo fazendo pegadinhas.

Penso em ligar para a minha mãe, mas pensei melhor, se ela viesse, e a coisa que está lá fora a pegar e fazer algo com ela? Ela é muito fraca e indefesa...é melhor eu ligar para polícia.

Mas eles também não acreditam na minha história, MALDITOS! Agora eu estou sozinho nessa casa, com essa maldita coisa, que eu não faço ideia do que pode fazer comigo.

Penso que fazer alguma arma pode me defender contra a coisa que está lá fora. Mas o que um garoto de 16 anos magro e fraco pode usar? Me lembro do taco de beisebol que minha mãe me deu caso alguém invadisse nossa casa. Sempre achei violência algo tão sem necessidade, e achava que esse taco sempre seria totalmente inútil, hoje eu amo ter ele por perto.

Chego perto da porta, pra ouvir a coisa. Ouço os seus passos, parece longe, arrisco dar uma olhada pela maçaneta, a única coisa que vejo é o meu quintal vazio, mas mesmo assim não me convenço que é algo da minha cabeça, como em todas as outras vezes. O som das pegadas estava cada vez mais alto e tenebroso, apenas o barulho já me deixava com as pernas bambas. Eu começo a ouvir um grunhido, resolvo colocar o sofá na frente da porta, minha cama na janela de meu quarto, e o armário de minha mãe na frente da janela do quarto dela.

Eu estava em completo desespero, quando ouço batidas na porta, alguém estava tentando entrar.

- Meu filho? Abra a porta para a mãe. Aquela voz soou tão nostálgica, mas por algum motivo eu sabia que não devia abrir a porta.

Resolvo a olhar pelo olho magico, e o que eu vejo não devia ser visto por ninguém.

Minha mãe, com olhos negros e sem vida, pupilas totalmente dilatadas, pele totalmente clara e branca...ela sempre foi bronzeada. Seu cabelo era tão preto quanto a noite, sua unhas eram do tamanho de um dedo mindinho, sua boca estava em carne viva, cheia de sangue.

- Vamos meu amor, está muito frio aqui fora. Ela diz mais uma vez, olhando pelo olho mágico com um olhar totalmente maligno.

Eu me jogo ao chão, tranco a porta novamente, e grito pra coisa.

- Você não é minha mãe! E nunca ira me convencer com essa imitação patética, todo mundo sabe que minha mãe nunca me chamaria de "meu amor". Agora vá embora da minha casa, da minha vida, ME DEIXE EM PAZ!

Ouço um rosnado, e a coisa da uma batida na porta, achei que fosse arrebentar a porta. Mas os cadeados e o sofá aguentaram bem, mas não iriam suportar mais algumas batidas. Comecei a entrar em pânico, comecei a chorar sem parar, tentei ligar para a policia, mas as linhas foram cortadas, tentei falar com alguém na internet, mas a internet também havia sido cortada. Todos os meus meios de comunicação estavam fora do ar. Era só eu e essa coisa.

Ouço uma batida em todas as entradas da casa, ao mesmo tempo, meu coração começa a bater cada vez mais rápido, sentia que dentro de alguns segundos eu teria um baterista de deathmetal batucando em meu coração. Então resolvo enfrentar a coisa...enfrentar meus medos.

- O que você quer de mim?! O que eu fiz pra você? É você quem vem me atormentado nos meus sonhos durante todo esse tempo? Grito em direção alguma, apenas como se estivesse expulsando as palavras de minha garganta.

Então ouço um leve suspiro, e uma voz totalmente calma e fria, calma como as nuvens, mas o tom da voz era um grave totalmente amedrontador, como se o próprio breu houvesse criado uma voz.

- Eu vim buscar você Barthlomeo, seu tempo aqui acabou. Você sempre foi um dos meus pupilos, e está na hora de você fazer parte da legião. Agora, VENHA!

A voz se ecoa por toda a minha casa, entra em meus ouvidos como o zumbido de abelha, é uma voz tão sedutora e ameaçadora ao mesmo tempo, não tenho como explicar.

Resolvo aplicar meus conhecimentos sobre o sobrenatural, faço um circulo de sal grosso em minha volta, como forma de proteção.

- Agora você não poderá me atingir, não importa o que aconteça. Eu digo segurando o taco de baisebol de forma ameaçadora.

Calmamente o sofá que estava trancando a porta se movimenta, como se o vento o estivesse movendo, tranca após tranca se destravam, meu desespero começa a chegar no seu ápice, sinto que posso desmaiar a qualquer momento. Então a maçaneta gira calmamente e a porta se abre como se o vento a estivesse empurrando, imediatamente, uma frente fria invade a minha casa. É como se a temperatura tivesse caído uns 10°C. Meus dentes começam a tremer, não sabia se era por causa do frio ou por causa do medo.

Ouço então uma risada, ao fundo.

- HAHAHAHAHAHA. Sua criança tola! Acha que um simples circulo de sal grosso pode ME impedir de roubar sua alma? Para o lugar que ela sempre pertenceu? Você já está morto, meu jovem. Hahahaha.

Minhas pernas não conseguem mais me sustentar, acabo por cair ao chão, fecho os olhos e começo a rezar todas as rezas que me lembro, pedindo perdão, misericórdia, ajuda!

- Huuuum, então agora você quer recorrer ao todo poderoso. Ahn? Você será muito mais bem-vindo no meu castelo.

Com meus olhos fechados ouço o sal se mover pra longe de mim. Meus olhos já estão inchados de tanto chorar. Chego em meu limite.

Abro os olhos.

Tudo o que vejo é um vulto, totalmente negro, como uma fumaça escura, tentando formar um homem. É uma imagem tão simples, tão encantadora, tão linda.

- O que é você? Eu digo, não sentindo mais medo.

- Eu sou muitos, eu sou A LEGIÃO! Ele diz, aparecendo mais centenas de sombras humanóides.

- E você, sempre fez parte da nossa legião. Desde sua primeira encarnação, viemos apenas buscar você.

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⏰ Última atualização: Jan 25, 2019 ⏰

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