Capítulo 3

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Harry On

    A Susie dirigiu-se ao Tyler e beijou-o. Desviei o olhar e segui caminho. Senti-me irritado, revoltado, apeteceu-me fugir. Cheguei à sala, pousei a mochila e sentei-me sem dizer nada a ninguém. Todos me desejavam bom dia, mas eu simplesmente não me sentia com disposição para lhes responder. Entretanto, a professora chegou e a aula começou normalmente. Eu não consegui acompanhar tão bem a matéria e os exercícios, pois não me conseguia concentrar. Só queria pousar o lápis, a borracha, as canetas e sair da sala. No entanto, sabia que não podia fazer tal coisa, por uma questão de respeito a todos os meus colegas e a mim próprio.

    A certa altura, a professora interrompeu os meus pensamentos, que eram unica e simplesmente acerca do que tinha acontecido com o Tyler.

    Professora- Harry, pode ler, por favor, a página 157?

    Eu- Desculpe, mas hoje não estou muito bem. Não pode ser outro?

    Professora- Claro que não! Eu pedi-lhe a si!- insistiu.

    Eu- Já disse que não!- gritei.

    Professora- Sinceramente... não entendo o porquê de você reagir assim!

    Lembrei-me do Tyler. Ele tinha-me dito exatamente o mesmo no dia anterior.

    Fiquei ainda mais revoltado e frustrado. Surgiu uma vontade de gritar, e foi isso mesmo que fiz. Levantei-me, olhei para toda a turma e explodi:

    Eu- Estou farto de tudo! Não aguento mais. Não sei o que quero, nem o que fazer da minha vida! Sinto-me inútil e confuso! Quero ir embora!- e dirigi-me para a porta.

    Houve logo 2 ou 3 colegas que me agarram e me levaram de volta para o meu lugar.

    Professora- Menino Harry, por favor, tenha calma! Respire fundo!- interviu.

    Sentei-me e baixei o cabeça. Apeteceu-me chorar e na verdade, não sei porque não o fiz.

    Entretanto, a campainha da escola tocou e todos saíram, ficando apenas eu na sala.

    Respirei fundo, arrumei as minhas coisas e saí em direção ao átrio. Ainda não acreditava que acabara de ser super melodramático diante dos meu colegas.

    Estava um pouco envergonhado, mas sentia-me mais aliviado. Nesse intervalo, não me cruzei com o Tyler. Provavelmente, ele passou o mesmo com a Susie, e era isso que mais me irritava.

    A aula seguinte correu melhor. Pedi desculpa a toda a turma e todos compreenderam.

    Novamente, no intervalo a seguir, não estive com ele. Acho que até preferi assim, visto que eu não estava muito bem. 

    Finalmente, chegou a última aula do dia. Nessa altura, recebi uma mensagem do Tyler:

          ''Vou estar à tua espera no portão no fim desta aula! Abraço, mano''

    Sorri ao ler a mesma. Apesar de tudo, eu sabia que era muito importante na vida dele, assim como ele era na minha.

    O tempo foi passando e num fechar de olhos, a campainha voltou a tocar. Dirigi-me para a saída da escola. Mal avistei o Tyler, o meu coração deu um salto parecendo que me queria furar o peito.

    Eu- Desculpa não ter respondido à mensagem.

    Tyler- Não tem mal. Queria-te perguntar se queres almoçar comigo no café.

    Eu- Sim, pode ser.

    Direcionamo-nos para o café. No caminho, não dissemos uma única palavra! Apenas olhavamos em volta e para o chão. Almoçamos normalmente. Foram poucas as palavras que trocamos. Notava-se uma certa tensão no ar.

   Eu- Desculpa, mas tenho que ir, esta tarde tenho ensaio da banda- disse enquanto limpava a boca com o guardanapo e me preparava para levantar.

    Tyler- Já?!

    Eu- Sim, o ensaio de hoje é mais cedo, por causa da festa da Susie.

    Tyler- Ah sim, é verdade... a festa é às 21h.

    Eu- Okay, obrigado. E tu, o que vais fazer agora de tarde?

    Tyler- Nada de mais. Vou para casa e depois logo se vê!

    Eu- Então... queres assistir ao ensaio?

    Tyler- Sim, se não te importares...

    Eu- Claro que não! Vamos?

    Levantamo-nos, pagamos o almoço e seguimos caminho.

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