lost stars

14.2K 1.1K 1.7K
                                    

Seus braços estavam cruzados sobre o parapeito da janela e seus olhos analisavam o céu cheio de estrelas. A leve brisa de Paris balançava seu cabelo, mas a melancolia se abatia sobre ela. Tikki observava Marinette atentamente enquanto saboreava um delicioso biscoito de chocolate, especialidade de Sabine Dupain-Cheng.

- Marinette, por que está tão quieta? - o pequeno kwami rosa voou até a amiga e pousou em seu ombro.

A garota se assustou com a repentina aproximação e por ter sido tirada de seu devaneio.

- Por nada, Tikki. É besteira. Logo passa. - tentou mudar o foco.

- Ah, não vem com essa, Marinette. Eu te conheço e sei quando você não está...

Marinette percebeu um movimento do lado de fora da janela.

- Rápido Tikki, se esconda!

O kwami rapidamente voou para dentro do casaco da garota.

- Amo esse cheiro de biscoitos recém saídos do forno. - Chat Noir rapidamente pulou para dentro do quarto dela e caminhou em direção ao prato de biscoitos sobre a mesinha do computador.

- Chat! Como que...

Ela sempre se espantava com as visitas repentinas de Chat Noir em seu quarto. O estranho é que ela não se lembrava direito quando que aquilo tinha de fato começado e quando tinha virado algo tão rotineiro. Mas ela gostava das visitas, gostava da companhia de Chat. Depois de Alya ele era o amigo em quem ela mais confiava. Sabia que podia contar com ele, Chat já tinha provado isso várias vezes enquanto salvavam Paris da destruição.

- Ah, minha intuição de gato estava certa, algo me dizia que a Tia Sabine havia feito esses biscoitos maravilhosos hoje.

Ela franziu o cenho.

- Tia Sabine?

Chat soltou um riso abafado, tinha acabado de colocar um biscoito inteiro na boca.

- Não acha que já temos essa intimidade, princesa? - perguntou com seu melhor sorriso galanteador.

Mas Marinette já não estava mais prestando atenção. Ela havia voltado a observar as estrelas e dessa vez uma ruga estava presente em sua testa. Chat Noir largou o biscoito dentro do prato e se aproximou dela. Ela não parecia bem, seus pensamentos estavam em qualquer lugar menos naquele quarto.

- Um biscoito de chocolate por seus pensamentos, princesa. - tentou negociar, mas foi em vão. Ela abriu um singelo sorriso, mas logo seu semblante de tristeza voltou. Chat Noir gelou quando uma lágrima escorreu do rosto dela e caiu sobre a superfície macia da almofada a qual estava abraçada.

- Mari, o que aconteceu? - não havia mais brincadeira em seu tom de voz, ele estava preocupado, realmente preocupado.

Ela não queria preocupá-lo. Não queria atormentá-lo com seus problemas pessoais. Não queria ser fraca perto dele. Chat Noir era forte, estava acostumado a ter alguém forte ao seu lado e, mesmo ele não sabendo que ela era a Ladybug, tudo que Marinette menos queria era que ele a julgasse uma pessoa fraca.

- Não é nada, Chat. É só besteira minha.

Ele não ia cair nessa, ela estava com problemas e ele iria ajudá-la a resolver o que quer que fosse.

- Corta essa, princesa. É claro que aconteceu alguma coisa, você está até chorando. - ele encostou seus dedos na pele dela e enxugou o rastro da lágrima solitária que havia escorrido.

Marinette respirou fundo, não tinha para onde fugir. Ele não ia sossegar enquanto não soubesse o motivo.

- Eu não quero que me ache fraca, Chat.

- Isso nunca vai acontecer. Você está sentindo alguma coisa ruim aí dentro e quero te ajudar a fazer isso sair. Na maioria das vezes conversar ajuda.

Sentou-se de frente para ela e esperou pacientemente ela começar a falar.

- Ai, é complicado. - tapou os olhos com as mãos, não acreditava que estava mesmo fazendo aquilo.

- Se você preferir eu posso ficar de costas - ouviu Chat falar e quando desvendou os olhos viu que ele estava mesmo disposto a ficar de costas para que ela conseguisse falar.

- Não, não precisa.

- Tudo bem.

- Eu sinto algo dentro de mim, Chat, algo que eu não gostaria de estar sentindo. É uma coisa que pode aparentar ser boa, mas eu te garanto, não é.

Chat Noir a olhava atentamente, ele sabia do que ela estava falando. Sabia muito bem. Ele sentia aquilo todos os dias, todo santo dia.

- Você está apaixonada, Marinette.

- É mais do que isso. É amor. E isso machuca e corrói e está me dilacerando por dentro, porque pode não ser correspondido, Chat.

Agora lágrimas saíam sem parar dos olhos dela, era doloroso vê-la naquele estado.

- Marinette, me escute. Só um idiota não corresponderia seu amor, olha só para você, olha como você é incrível.

Ele tentava fazê-la entender que ninguém, absolutamente ninguém, merecia as lágrimas dela.

- O pior de tudo é que ele não é um idiota. Se fosse seria bem mais fácil esquecer e seguir em frente.

- Então por que você não conta para ele o que sente?

Seria bem mais fácil se ela contasse.

- Contar para ele? Eu não consigo nem ter uma simples conversa com ele sem gaguejar, imagine contar algo assim. Eu com certeza iria fazer algo constrangedor, seria um desastre!

Mas a vida nunca é fácil assim.

- Tudo bem, nós vamos resolver isso. Só pare de chorar, princesa. Eu não gosto de te ver chorando.

Chat se aproximou e colocou suas mãos de cada lado do rosto dela, secando as lágrimas.

- Como vamos fazer isso? - perguntou com a voz embargada.

- Eu vou pensar em algo.

Marinette assentiu e limpou o rosto com as costas das mãos, se sentia um pouco melhor, mas uma áurea de tristeza ainda pairava sobre a sua cabeça.

- Só me fale o nome dele. Eu o conheço?

Iria pensar em uma forma de ajudá-la. Se ele soubesse o nome do garoto seria mais fácil, teria por onde começar.

- Provavelmente. É meio impossível não conhecer. O nome dele é Adrien. Adrien Agreste.

princessOnde histórias criam vida. Descubra agora