Eu fico aqui tentando conversar com você, tentando entender seu movimento, seus desejos, seus caminhos tortuosos.
Fico tentando me entender junto a você, tentando descobrir onde é que me encaixo no seu movimento.
Há momentos em que sua língua soa como aramaico aos meus ouvidos, soa como se fosse possível pronunciar um hieróglifo egípcio.
Na maioria dos dias, sinto você indo para um lado e eu para o oposto, como se nossa vida ser sempre assim, diametralmente oposta.
Você provoca, muda o rumo, muda de ideia, de vontade, sentido, muda meu mundo inteiro, que fica de cabeça para baixo. E eu sou apenas reativa, mas em geral não brigo, reajo ao seu movimento mudando o meu, me adequando e não entendendo nada, ou quase nada.
Sigo seu fluxo, voo contigo. Cega, surda e muda navego em seu barco nesse mar revolto que é a vida.
Balanço nas turbulências do seu mar, fico tonta com as ondas do seu céu.
Estamos há tantos anos juntos, que não cogito a separação – acho que isso nem você deseja.
No fundo, gosto de você e de sua companhia, do seu jeito bonachão de ver a vida.
E você continua engraçadinho, Universo.
Um dia nos entenderemos.
