Eu já estava cansada de tudo. Cansada das pessoas, cansada das minhas obrigações, das minhas paranóias.
Eu queria me silenciar de uma vez por todas.Fui até uma velha construção de um farol que havia sido abandonada a muito tempo (falta de verba, eu acho). Lá havia apenas o alicerce e um andaime bem alto. Subi até o topo, chegando lá me sentei bem na beirada. Fiquei reparando o mar por algum tempo, procurando motivos pra desistir do que eu ia fazer. Não achei nenhum.
-Hey moça, o que está fazendo aí? -Como num passe de mágica, um garoto apareceu atrás de mim. Um garoto de cabelos castanhos, quase tampando seus olhos. Trajava um moletom azul e uma calça jeans dobrada até a panturrilha. Sorriu calmamente, como se aquilo já tivesse acontecido antes. Seu olhar era caloroso ao passo que suas mãos pareciam frias.
Ele se aproximou mais ainda, veio e se sentou do meu lado. Colocou as mãos no bolso do moletom e ficou balançando as pernas.
"Por que você quer pular?" Ele foi direto.
"Porque eu já não tenho mais motivos pra não pular."
"Você pode magoar pessoas que estão se esforçando para ser seu motivo lá embaixo."
"Elas poderão viver bem sem mim... Tenho certeza que sim."
"Seus pais, talvez?Como eles poderão viver bem depois de perder uma filha? Talvez eles não demonstrem, mas eles te amam, e acho que eles não iam superar muito bem o fato de terem perdido um bem tão precioso que é um filho."
Eu fiquei em silêncio. Ele tinha razão. Mas por quê, apesar de aquelas palavras serem tão confortantes, eu ainda sentia vontade de desistir?
"Olha... Eu sei que você deve estar passando por um momento difícil. Talvez a vida não tenha mais cor. Mas, toda vez que você vier aqui, porque eu sei que essa não será a última vez, eu quero que você olhe pra cima. Experimente, olhe agora." Ele sorriu.
Levantei um pouco a cabeça, imaginado que ele estava dizendo bobagens e que aquilo não iria ajudar em nada. Vi o céu brilhar como uma lâmpada. Todas as estrelas estavam em harmonia, naquela noite o céu estava perfeito.
"Uma vez Einstein disse: Olhem para as estrelas e aprendam com elas."
Quando ouvi essa frase, fiquei momentaneamente estática, perdi-me em pensamentos: Como podemos aprender com estrelas se elas não fazem nada? Era o que eu pensava.
O garoto desconhecido prosseguiu: "Pode parecer loucura, eu sei, mas olhe de novo, pense direito. As estrelas já foram testemunhas de tantas coisas boas, como pedidos de casamentos, notícias absurdamente boas, e até mesmo loucos se declarando para elas. Mas, em algum momento, você às viu parar de brilhar?"
Eu balancei a cabeça negativamente.
"Agora, pense direito novamente: as estrelas já foram testemunhas de tantas coisas ruins, como assassinatos, estupros, suicídios, guerras que pareciam não ter fim... Mas, em algum momento, você às viu parar de brilhar? Acho que não." Suspiros. "Nós devemos seguir o exemplo das estrelas. Assim como elas não desistiram de brilhar nos momentos bons, elas também não desistiram nos momentos ruins. Se elas tivessem desistido na Segunda Guerra Mundial, você acha que elas veriam a paz? Obviamente não. Então, nunca desista. Às vezes a caminhada é sombria, parece que nunca mais vamos voltar a sorrir; mas devemos nos lembrar das estrelas, porque elas não desistiram. Se elas conseguiram ser fortes, você também consegue."
Já com os olhos lacrimejando, olhei pra ele e lhe dei um abraço apertado. "Eu prometo ser como as estrelas. Prometo."
No momento em que eu disse essas palavras ele desapareceu. Não me fiz mais perguntas sobre seu paradeiro, não fora necessário.
Acho que nesse dia, uma estrela tinha decidido me contar sua história.
Bom, aqui temos uma OneShot de reflexão. Ideia de eles se encontrarem no andaime extraída de ParkXamala o resto foi invenção minha mesmo.
Espero que possam entender a mensagem que eu quis passar com essa pequena OneShot. Que vocês possam dar muito carinho pra ela, eu fiz de coração.
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Stars // Kim TaeHyung
Fanfiction"Acho que nesse dia, uma estrela tinha decidido me contar sua história." •Plagio é crime©®