Meu Breve Amor

87 12 6
                                    

   Em um dia frio de outono, em que a chuva caia fina, uma menina, que tinha por nome Sophia, aguardava em sua janela a chegada de uma pessoa especial, o frio na barriga lhe fazia lembrar o quanto estava ansiosa.

— Filha, pare de se pendurar nesta janela, sua roupa vai ficar toda amassada.
   Sua mãe havia chegado na sala e trazia com ela o frango assado, agora seu cheiro exalava pela sala, fazendo a boca da garota encher de água.

— Desculpa, mãe, estou esperando o Miguel, mas ele não chega.

— Você não tem mais três não, Sophia, você já tem dezessete, se comporte como uma mulher adulta.

— Me Perdoe, mãe. O Pedro e sua noiva já chegaram?

— Não, já devem estar chegando.

— Eles já deveriam ter chegado, esse jantar é para eles.

— Eles já devem estar chegando, Sophia, acalme–se. — Sua mãe a repreende já impaciente —Vamos, volte ao piano e treine mais um pouco.

— Sim, mãe.
   A garota caminha até o outro lado da sala com um pouco de dificuldade por estar usando um espartilho, que sua mãe havia apertado demais. Ela se senta em frente ao piano e com uma leveza admirável ela volta a tocar Beethoven.
   Sua mãe se encosta na parede perto da porta, seu pai caminha até onde sua mãe está e para lá.

— Isis, nossa filha está a cada dia melhor.

— Graças a suas aulas, Fernando.
   E ao som de Beethoven, Fernando olha para sua mulher e contempla sua beleza como quando a conheceu.

— O que foi? — pergunta Isis com um sorriso leve em seu rosto. Então ele a beija, com a mesma intensidade do primeiro beijo, mas com o amor maior.
   Do lado de de fora da casa era possível ouvir passos pesados e logo após uma forte batida na porta. Isis, que ainda estava nos braços de seu marido, interrompe o beijo e caminha até a porta para abri–lá, ela leva um susto, mas era apenas seu filho, que ao vê–la lhe dá um abraço.

— Oh, Jonatan! Não sou mais tão nova, qualquer dia morro do coração.

— Calma, mãe, só estava com saudade.
   Atrás de Jonatan estava sua noiva Jaqueline á espera para poder cumprimentar a sogra.

— Olá, Jaqueline, entre logo e saia dessa chuva.

— Olá, Dona Isis — Jaqueline para na porta e a abraça, os dois entram e cumprimentam Sophia e Fernando.

— Está cada vez melhor, Maninha — Jonatan elogia sua querida irmã, a qual, apesar das constantes brigas, amava imensamente.

— Obrigada — Sophia sorri com doçura.
  Mais uma batida na porta, desta vez é Sophia, quem para de tocar piano, e se levanta para atender a porta.

— Boa noite, Sophia — Diz Miguel e segurando–a pela cintura lhe dá um beijo inesperado.
   Percebendo que havia muita gente a olhando, Sophia para de beija–lo e toda envergonhada diz:

— Boa noite, Miguel, entre.
   Miguel entra e cumprimenta a família de Sophia. Alguns tempo depois Isis diz:

— Esqueci de comprar o vinho, Sophia, pegue o guarda chuva e vá no mercado comprar, por favor.

— Claro, mãe.

— Acompanhe ela por favor, Miguel.

— Claro, Dona Isis. — Responde Miguel, sua pele era morena bronzeada por ter morado algum tempo no Rio de Janeiro, tinha o sorriso largo e os olhos verdes, sempre alegres.
   E os dois saem em direção ao final de tarde chuvoso, Sophia não conseguia evitar o sorriso por te-lo por perto, foi muito difícil convencer seus pais que Miguel seria um ótimo marido para ela e agora ver que estavam finalmente juntos era magnífico.
   Alguns passos mais tarde Miguel sente certa angústia e pede para sua futura noiva parar um pouco, ela com o olhar atento e preocupado não entende o pedido de Miguel, então sem dizer nada ele apenas a beija com certa pressa, Sophia se assusta, Miguel não era de fazer isto.

— O que foi, Miguel? — Pergunta Sophia ao fim do beijo.

— Não sei explicar, senti uma agonia e quis te beijar — Ele acaricia o rosto de Sophia — Sophia, me prometa que nunca irá me deixar.
   Sophia já não sabia aguentar tanto amor que invadiu seu coração, ela olha no fundo de seus olhos e sorrindo diz.

— Eu prometo — E o beijou novamente, a diferença de altura a fez ter que levantar os pés, mas ela não se importava, só queria ter os lábios do amado por perto mais um pouco. — Melhor continuarmos a caminhar, já já notaram a demora, ele sorri e volta a andar.
   Estavam chegando em seu destino quanto um rapaz encapuzado cruza seu campo se visão.

— É um assalto! Passa o dinheiro!
   Sem pensar duas vezes Sophia pega os vinte reais e lhe entrega, não queria prolongar aquele momento tão desagradável.

— Só vinte?! Eu não aceito.

— Mas é o que nós temos — Diz Miguel com sua voz grossa e firme. O assaltante caminha até as costas de Sophia e passa a mão pelos longos cabelos castanhos ondulados da jovem.

— Eu não quero só os vinte reais, eu quero você também — E puxa Sophia pelo braço causando uma certa dor.
   Miguel o empurra enfurecido, deixando o guarda chuva cair no chão, mas quando o assaltante se vira tem em sua mão uma arma, Miguel sente seu coração congelar ao ver a arma apontada para seu rosto, entretanto tinha coragem suficiente para não desistir de sua futura noiva. 
   Quando o bandido se volta para Sophia na intensão de leva–la, Miguel pula em suas costas e tenta o enforcar, mas o bandido também não pretendia desistir fácil da linda moça e bate com o cotovelo na barriga do rapaz o fazendo cair no chão com dor. O assaltante recupera o fôlego e se vira para Miguel afim de acabar logo com o garoto já tendo a arma em punho.

— Não!
   Em uma fração de segundos tudo acontece, Sophia, vendo que iria perder Miguel, corre e se deita em cima do amado, querendo desta forma que a bala não o atinja, mas ainda sim quando o homem aperta o gatilho a bala atinge seus corações. Sophie só teve tempo de olhar para Miguel e sorrir, Miguel também sorriu com lágrimas nos olhos, então ambos são levados pela escuridão.
   O assaltante foge deixando Sophia, que já não respirava mais, deitada no peito de seu único e grande amor, a chuva fraca caia em seus rostos deixando a impressão de ser lágrimas.
   Aos poucos as pessoas chegavam e gritavam por ajuda, mas já não adiantava, agora para a sociedade só ficaria a história de seu corajoso amor.

Fim

Meu Breve Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora