Alice [Conto]

Capítulo Único - Alice

Antes de começarmos, quero dizer que no outro capítulo trago um desenho do que seria a Alice e sua armadura, não deixem de ver.

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O início da madrugada era o marco da invasão, as últimas estrelas sumiram no céu por trás de nuvens negras que anunciavam o que estava para acontecer. O silêncio predominou no pátio, nos corredores e nas alas do Castelo de Pendragon. Nem os pequenos insetos noturnos quiseram cantar naquela noite. Talvez quisessem apenas descansar, ou, apenas eram espertos o suficiente para não estarem perto daquela carnificina premeditada.

A princesa Melissa Pendragon sabia, assim como seu conselheiro pessoal Nallus e sua guardiã Alice, que a qualquer momento uma ordem seria dada a todos os lacaios para que a encontrassem e a matassem. Sua vida não valia nada para seu inimigo, que se passando por aliado e morando debaixo do mesmo teto, conseguiu roubar mais da metade dos soldados do exército do reino utilizando para isso Magia Negra.

— Aquele desgraçado! — Melissa xingou furiosa arremessando uma taça com água contra a parede de pedras do quarto que estavam.

— Calma, princesa. — pediu Nallus, como se toda aquela tensão que viviam não o afetasse em nada.

— Calma? — Melissa olhou para Nallus descrente daquele pedido — Eu não posso ficar calma, senhor Nallus. Aliás, como consegue ficar tão calmo com isso?

— Vai dar tudo certo — ele respondeu com um sorriso confiante.

— Posso saber porquê dessa calma toda? Você me estressa com isso, sabia? — a princesa passou as mãos no rosto tentando inutilmente se acalmar.

— Alice! — respondeu o conselheiro e a princesa olhou para a guardiã — Alice é a solução.

Alice olhou na direção de Nallus friamente. O brilho da lua deixava seus olhos prateados medonhos. Se Nallus não a conhecesse teria ficado intimidado e quem sabe desviaria daquele olhar penetrante.

— Você vai nos tirar daqui. — Nallus apontou para ela.

— Como ela vai fazer isso? Ela sozinha contra um exército dessas criaturas dele. — explicou Melissa ainda tentando entender o que Nallus estava aprontando.

— Venham, vou mostrar para vocês. — o conselheiro foi até uma porta no fim do quarto — Vão ficar aí olhando? Venham.

Alice olhou séria para a princesa e compartilharam da mesma falta de conhecimento uma da outra.

— Posso saber o que você vai fazer? — Melissa foi atrás de Nallus e Alice a seguiu.

Nallus abriu a porta, pegou uma vela ao lado esquerdo da parede para iluminar o quarto e adentrou seguido da princesa e a guardiã. A visibilidade do pequeno quarto era baixa, o silêncio chegava a ser perturbador. Os passos do trio sobre o chão de mármore ecoavam pelo quarto anunciando que estava vazio.

Usando a vela que pegou na entrada, Nallus acendeu outras dentro do quarto e logo tudo estava iluminado. Como esperado, era um quarto vazio, ou quase, já que no canto da sala havia um enorme tecido branco cobrindo algo.

— Dá para você me falar o que é isso? — perguntou Melissa se referindo ao desconhecido coberto pelo tecido.

— Nossa salvação. — Nallus disse e puxou o tecido e revelando o que estava debaixo dele.

Haviam cinco suportes de armadura forjados de ferro um ao lado do outro. No primeiro suporte, um par de luvas e botas brancas feitas do mesmo material resistente. Em cada um dos objetos, haviam três tiras de uma outra cor, mais escura, quase preta que eram usadas para fazer o ajuste ao corpo que os usasse. A palma da luva era toda negra de um tecido mais grosso para dar pega ao segurar objetos e na bota havia uma extensão sobre os joelhos que ia até o meio da coxa.