Capítulo 3

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No dia seguinte...

Minha mãe havia chegado do serviço e eu estava na sala assistindo televisão mas uma coisa me chamou a atenção. Começou a passar uma notícia de uma menina que tinha sido estuprada pelo pai e nesse momento cheguei a conclusão que essas coisas acontecem mais dentro de casa. As vezes as pessoas que mais confiamos são as que mais nos decepcionam fazendo assim perder a fé na humanidade. Perdida em meus pensamentos não consegui conter minhas lágrimas, e nesse momento minha mãe foi pra sala e me viu chorando.
-"Ei... O que aconteceu?"
-"Não é nada, mãe."
-"Mas ninguém chora sem motivos."
-"Eu não estou chorando, é apenas um cisco que caiu em meu olho e está ardendo muito."
-"Você não sabe mesmo mentir. Olha, eu não vou insistir, vou respeitar o seu tempo mas você vai me contar o que aconteceu depois."
-"Tá bom."
Eu teria que inventar algo. Eu queria contar, eu queria ajuda mas ele disse que se eu contar pra alguém ele me mata e pode até fazer algo com minha mãe. Eu não ligo de colocar um fim nessa vida inútil, mas sempre vou pensar nos outros primeiro. Eu não sei até quando vou aguentar esconder isso, ela precisa saber da verdade e uma hora ou outra isso vai acontecer. Eu não sei o que fazer, estou perdida, não encontro uma solução.
Vou entrar no meu Facebook pra distrair a mente...
"Auto-mutilação"
O que é isso? Que página é essa? Vou entrar para ver.
Como assim as pessoas se cortam em busca de alívio para os seus problemas?
O comentário de uma garota me chamou a atenção. Estava escrito: "Eu me corto, mas a dor física nem se compara a dor emocional."
Outro: "As cicatrizes dos meus pulsos não chegam nem perto comparadas com as do meu coração."
Caramba, é exatamente como me sinto (pensei comigo mesma)
Resolvi sair do facebook, fui pegar algo para comer e fui surpreendida pelo meu tio sentado na cozinha me olhando com desejo. Senti nojo, ódio e tristeza
Mãe: "Sah, vou precisar fazer compras e seu tio se dispôs a ficar com você. Fico feliz que estão tendo mais contato agora."
Meus olhos se enxeram de lágrimas e pensei: Droga, de novo não
-"Ah sim, claro."
-"Tchau filha e eu não me esqueci da nossa conversa. Vai me contar tudo."
Minhas pernas tremeram, engoli seco
-"Ok."
Ela saiu e trancou a porta. Vai começar... Damon esperou um pouco e se certificou que ela tinha ido mesmo.
-"Pensou que aquela seria sua única vez? Admita que gostou."
Não disse nada porque sabia que qualquer coisa que falasse iria piorar minha situação, como da primeira vez
-"Agora vem aqui, sua imunda"
Ele me pegou pela blusa e começou a me espancar
-"Você acha que sou idiota? Que não sei o que é a tal "conversa"? Eu já te falei que se você contar, você morre e não só você como a pessoa também. Acha que vou deixar correndo o risco de me denunciarem e eu ir para a cadeia? Nunca. Então trate de ficar de boca fechada, entendeu bem, vadia?"
Eu não disse nada
-"VOCÊ ENTENDEU? ESTOU PERGUNTANDO, ENTÃO ME RESPONDA."
-"Sim"
Eu já estava em prantos
-"Agora, vou te levar para o paraíso de novo."
Droga, até quando? Eu não aguento mais...

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