Um Chamado - O Despertar

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Era tarde da noite quando resolvi ir me deitar e dormir.

Atravessei a casa inteira com todas as luzes apagadas.

Sabia o caminho de cor, e naquela hora não precisava de luz.

Cheguei ao quarto e acendi a lanterna do meu celular.

Ali sim eu precisava de um pouco de luz, pois chinelos e tênis ficavam espalhados por todo o quarto.

Como de costume, programei o despertador do celular para o dia seguinte bem cedo.

Pendurei meus óculos no mesmo lugar de sempre e me deitei.

Naquela noite não fiz minhas orações, não fiquei pensando em como foi o meu dia - não fiz mais nada - apenas fechei meus olhos e adormeci.

Comecei então a sonhar.

Sonhei que eu estava em dois lugares ao mesmo tempo.

Poderia ter sido um sonho comum, mas o fato que culminou o meu interesse era o de que neste sonho havia uma linha que separava os dois cenários.

De um lado eu estava numa praia deserta a noite com o mar bem calmo, e, do outro lado, na presença de uma briga entre um casal.

A cena do mar era calma. De uma paz aconchegante. Trazia-me alento.

Porém, a cena da briga era o inverso.

Era noite também, e eu estava do outro lado da rua de onde estava o casal.

Fiquei ali observando a discussão, que naquele momento eu não conseguia distinguir o conteúdo, porém sabia que palavras fortes e incisivas eram proferidas a brados.

A tensão da discussão foi aumentando entre aquele homem e aquela mulher.

Até que o homem desferiu o primeiro soco.

Dois, três, seis socos. E pontapés.

Comecei a correr em auxilio a mulher, porém, como naqueles malditos sonhos que você quer correr, mas suas pernas não te obedecem, eu demorava a chegar do outro lado da rua.

E o espancamento continuava. Atroz. Abominável.

Quando enfim cheguei ali, subiu-me um ódio inexplicável que sem titubear desferi um golpe certeiro no queixo daquele monstro.

E ele caiu imóvel, sem reação - de primeira.

Mais dois, cinco, oito socos. Até que um gemido de angústia da mulher me fez voltar a devida atenção a ela.

Ajoelhei-me ao chão próximo dela e repousei sua cabeça em meu colo. Por fim, desmaiou toda ensangüentada.

Comecei a chorar ao mesmo tempo em que o som do mar acalmava a tensão vivida naquela hora – como se trouxesse esperança de que tudo iria terminar bem.

Permaneci assim por alguns instantes a ponto de ouvir alguém me chamando como se quisesse me chamar a atenção pelo o que eu fizera.

Tudo havia sido muito rápido.

Abri meus olhos e me despertei.

E mais nada naquela noite ousou-se entrar em meus sonhos.

Um Chamado - O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora