Capítulo 01

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Não conseguia entender quem era o animal que mataria uma família inteira daquela maneira. Um verdadeiro massacre. A policia analisava a cena com pavor nos olhos. Matthew observava pela janela a garotinha de 8 anos na ambulância junto ao seu irmão de 12, quase sem vida, os únicos sobreviventes não abriam a boca para falar, um deles estava na beira da morte e a outra totalmente muda. Desviava para olhar as fotografias na parede, reparava no olhar que a garotinha adquiriu e o que ela estava na foto. Ficava a imaginar o que passava na mente das crianças que sobreviveram. Havia sangue por cada centímetro da casa. Essa era a parte da carreira dele na qual fazia ele odiar a profissão.

- Rapazes?

Matthew se virou para Orlando Fronza. Aquele homem tinha a cara mais fechada que ele já tinha visto e o chefe mais rígido com quem já tinha trabalhado, ele certamente lhe dava medo. Olhou para seu parceiro Steve, ele olhava cada canto da casa com desespero no olhar.

- O que temos aqui? - Orlando perguntou já sem paciência 

Matthew desviava olhar para as paredes para não responder a pergunta e Steve respondeu rapidamente se aproximando do corpo da mãe sobre a mesa de jantar e os dois o seguiram.

- Mulher, trinta e poucos anos, loira. Esfaquearam suas costas dezessete vezes, depois cortaram seu pescoço e também tem indícios de abuso sexual. - Apontou para o corpo do pai no canto da sala – Homem, quarenta e poucos anos, cabelos escuros. A causa da morte foi hemorragia, as mãos foram cortadas e não foram encontradas nessa casa, o corte esta limpo, quem fez isso sabia o que fazia. - Apontou para o garoto amarrado na cadeira da mesa de jantar, perto da mãe – Garoto, quinze anos, loiro. A garganta foi cortada, mas antes disso torturaram ele, encontramos queimaduras por quase o corpo todo - Steve terminou de falar, mexendo a cabeça com reprovação por quem fez isso

- Sobreviventes... Matthew? - Orlando se virou para Matthew como se fosse a vez dele falar

- A filha de 8 anos e o irmão de 12. Os policiais que atenderam o chamado, acharam o pai sobre o corpo da filha, provavelmente estivesse protegendo ela. O menino estava trancado no guarda-roupa do quarto dele, tomou uma facada na barriga, mas mesmo assim o menino diz não ter visto nada, disse que estava escuro e depois só escutou os gritos, agora ele esta sendo encaminhado para o hospital, os socorristas dizem que o estado dele é grave e alegarem que ele só conseguiu falar conosco por conta  da adrenalina. Já a garotinha, não fala nada e o irmão alega que ela não é muda.

- Observem a casa se quiserem e depois busquem a garotinha no hospital e levem ela para a delegacia. Procurem uma psicóloga para conversar com ela. - Orlando ordenou dando de costas para os dois que se entreolharam e concordaram com a cabeça

Matthew caminhou na frente entrando no quarto dos pais. A porta não abria direito, imperava na hora de abrir. Matthew empurrou devagar a porta para evitar o ruído que ela fazia, talvez porque fosse velha demais. O quarto era perfeitamente arrumado, tirando dois brinquedos no canto do quarto. Caminhava pelos cantos, mas não achava nada de diferente naquele cômodo. As gavetas estavam fechadas, Matthew abriu uma delas e havia roupas extremamente arrumadas e passadas. Não tinha sido roubo, disso ele tinha certeza. Steve chamou a atenção de Matthew, retirando ele dos pensamentos sobre o caso.

- Você precisa ver isso - A voz de Steve saiu quase desesperada

Matthew se aproximou da porta junto ao seu parceiro. Olhou para a maçaneta e não tinha nada que importasse, uma porta comum, subiu um pouco o olhar e viu uma tranca à cima da maçaneta, outra mais encima e depois uma no final da porta. Eles estavam com medo de alguém. Matthew trocou um olhar com Steve de preocupação, como se os dois estivessem pensado a mesma coisa. Entraram nos outros quartos, mas nada de tranca como no quarto dos pais.

Caso 56: Em quem você confia?Onde histórias criam vida. Descubra agora