- Tina, como foi ontem com aquele gato que você ficou na balada?
- Nossa, me acabei de dançar com ele, ainda mais na seleção de bailinho. Anos oitenta. Que época boa que devia ser!
- Qual o nome dele?
- Kadu, deve ser Carlos Eduardo... Não quis ficar perguntando pra não me comprometer. Imagina ele perguntando meu nome inteiro? Cavo um buraco no chão e me enfio!
- Nem morta, né? Mas se vocês continuarem a se encontrar, não vai ter como sair dessa. Vai ter que contar!
- Nem me fale! Primeiro ele tem que ficar interessado em mim de verdade. Primeiro a parte boa e depois os defeitos de pós fabricação.
- Eu fico imaginando você nascendo e seu pai indo no cartório soletrar seu nome pra moça...
- Então, minha vida é essa: soletrar meu nome pra sempre!
- Ainda bem que você é linda, porque se não fosse tão linda assim, cairiam de zoeira com você!
- Tenho traumas horríveis com meu nome. E o primeiro dia de aula então? Eu faltava, chorava e minha mãe não entendia o porquê. Eu olhava com ódio pra ela, mas não podia fazer mais nada.
- Acho que agora é permitido mudar o nome, se esse constranger a pessoa. Já foi atrás disso?
- Sabe, Samanta, eu já pensei, mas esse nome é único, já tá enraizado, hoje eu ainda tenho um pouco de receio, mas consigo me divertir com ele agora. Passou a birra.
- Imagina o seu Kadu perguntando qual o seu nome? Meu nome é Uitiney Keityellen Pereira. Qual será a reação dele?
- Vou dizer a ele que tenho nome de princesa britânica. E ele vai se orgulhar de namorar alguém com um nome único no mundo. Daí eu mudo de assunto e ele esquece, já que ninguém guarda meu nome de imediato.
- Acho que primeiro você tem que embebedar ele, encher ele de beijos, e falar bem sussurrado no ouvido dele... Tem que ser um momento todo especial, num lugar bem sedutor e você toda insinuante. Aí ele se esquece mesmo.
- Besta! Só porque se chama Samanta de Alcântara Brandão e ter o brasão da família, fica fazendo bullying comigo. Isso é crime, tá?
- Sua maluca! Vamos lá beber uma água de coco. Eu pago!
Fim.
Clara Lúcia