O dia em que eu te conheci...

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~•~•~•~•~•~•~•×Keiichi P.O.Vsו~•~•~•~•~•~•~

Era mais um brilhante dia, e minha visita a floresta era eminente. A qual não me atraía só pela tranquilidade, mas também pela antiga lenda desse povoado. Diz a lenda, que um espírito de lobo vaga pelas árvores durante o dia, e que se encontra alguma criança perdida ou em apuros, ajuda-as em troca de companhia. Porém, tal espírito jamais fora visto por nenhum adulto, ou por mim.
Eu precisava desses passeios, meu pai me pressionava demais por eu ser o herdeiro da família, além de filho único. Sentir o vento, andar pelas árvores, aquela tranquilidade era ótima. Até que uma risada infantil corta o silêncio. Duas crianças se aproximavam de mim pelo caminho.
-Ei, o que vocês fazem tão cedo na floresta?- Perguntei, sorrindo para as crianças.
-B-bom dia- A garotinha menor falou.
-Nós viemos brincar aqui, e perdemos o caminho de casa- Falou o garoto maior, segurando a mão da garotinha.- Claro que eu e minha irmãzinha íamos sair dali, mesmo sem a ajuda daquele lobo intrometido!- Continuou o menino, com um tom irritado. Deixei uma risada escapar.
-Lobo?- Perguntei, acho que escutei errado.
-Sim!- Falou a garotinha- O Ookami-san nos ajudou- Ela deu um sorriso.
Fiquei estático. Eles viram o espírito.
-Oni-chan, você deveria ser corojaso que m o Ookami-san- Escutei a voz da garotinha atrás de mim.
-Ele me assustou um pouco, a roupa dele estava suja de sangue- A voz do garoto ecoou também.
Continuei andando, pensando o quão perto eu estivera de vê-lo. Os pássaros estavam em silêncio, isso nunca é bom sinal. Podia ser um animal selvagem, comecei a andar cuidadosamente.Meu corpo me dizia com todas suas forças para voltar, mas algo desconhecido me fazia seguir. Perto de uma árvore bem alta, encolhido no chão, havia um ser em uma yukata branca em um estado precário. Ele tinha orelhas e cauda de lobo, mas sua aparência era humana.
Apesar do silêncio, suas orelhas se moveram, seu rosto se levantou. E aqueles meros três segundos, meu mundo virou de cabeça pra baixo. Ele possuía um rosto fino, cabelos negros como a escuridão noturna, olhos de um vermelho tão intenso, que todas as rosas do mundo ficariam com inveja da sua cor. Possuía um corpo de estatura média, braços finos, e usava um yukata pequeno demais para se corpo, revelando metade de suas cochas. Seus lábios rosados se abriram devagar, suas bochechas ficaram levemente vermelhas. Naquela momento eu não sabia, mas estava condenado daí em diante.
Em um movimento rápido ele saiu correndo, mas havia algo errado. Ele era rápido, mas cambaleava um pouco. Eu não podia deixa-lo ir assim, acabava de encontrar-lo. Meu coração batia rápido enquanto eu corria atrás dele.
-Espere!- Eu gritei para o Ookami-san.
Ele não me deu ouvidos, continuava a correr desajeitadamente, até que tropeçou e caiu no riacho. Um arrepio correu por todo seu corpo, deixando todo os pelos do seu corpo eriçados.
-Você, você está bem?- Perguntei me aproximando.
-N-não chegue perto de mim!- Sua voz ecoou pelas árvores.
-Eu não te machucar- Vi sangue escorrer de seu braço- Você está ferido, me deixa ajudar.- Pedi com a voz abalada.
-Está mentido...- Escutei um sussurro vindo dele- Você é como os outros...
-Outros?- Perguntei em duvida, dando passos silenciosos em sua direção.
-Os adultos...eles... Iss-isso não te interessa!- Sua voz suplicava por ajuda. Seu corpo tremia devido ao frio. Peguei a parte de cima da minha yukata, e o cobri. Eu conhecia bem aquele sentimento, aquilo antecipava uma torrente de lágrimas.
-Vamos, pode chorar- Falei, rente a sua orelha abaixada- Está tudo bem- Passei meus braços por seus ombros, tudo o que ele precisava era conforto.
-Me solta- Sua voz fraca soava quebrada. Sés braços tentavam repelir aos meus inúltemente, eu era maior e mais forte- Você...você não entende.
Seu corpo pequeno estava frio, seus braços tremiam já não aguentando o peso do próprio corpo. Ele se virou lentamente, sua cabeça afundou em meu peito nu, suas lágrimas caiam contra sua vontade, finas e frias mãos delicadas tocaram meus braços em busca de apoio.
-Então me explique...- Me sentei no chão e o trouxe para meu colo.
Logo soluços escaparam de sua boca, suas mãos apertaram meus braços com força e ele deixocair todas as lágrimas que matinha presas. Sua respiração foi ficando mais estável, suas mãos afrouxaram e as lágrimas cessaram.
E pensar que meu passeio se converteria em consolar um lobo assustado...A vida da voltas, mal sabia eu como aquele dia tão conturbado, se tornaria mais confuso ainda.

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⏰ Última atualização: Sep 04, 2016 ⏰

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