CAPÍTULO 5: UMA ÚLTIMA VEZ

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Gratel

Eu estava no meu quarto, abraçando meu travesseiro na minha cama, quando escutei a porta se abrindo. Passos irregulares mancaram pela escada. A porta do banheiro bateu na parede, e alguém abriu a torneira.

Hansel, pensei, meu coração disparado. Ele estava em casa. Será que ele tinha acabado de fazer aquelas coisas com Rosalind? É por isso que tinha vindo para casa durante um dia de trabalho? Com os braços tremendo, agarrei o travesseiro mais apertado.

  O barulho da água parou, e então mais nada. Nenhum outro som. 

Então ele não tinha vindo falar comigo. Eu acho que ele não precisaria mais de mim, não quando ele tinha outra pessoa que poderia curar sua febre. Eu apertei minhas palmas contra os meus olhos até que eu vi redemoinhos verdes e roxos na escuridão. Será que eu era tão insignificante para ele? Será que ele me odiava? É por isso que ele fez isso? É por isso que ele misturava as sensações de dor e prazer tão habilmente, porque ele queria me atormentar?

Eu não tinha percebido que eu tinha me levantado até que entrei no corredor. O que eu estava fazendo? Eu não podia vê-lo, não quando ele tinha acabado de fazer essas coisas com outra pessoa. Mas eu também não podia ficar ali, pensando e tentando adivinhar o que tinha acontecido, me torturando. Eu queria saber como ele se sentia. Se eu significava tão pouco para ele, o mínimo que ele podia fazer era me dizer o porquê.

  Entrei no banheiro. "Hansel." 

 Ele não olhou de cima da pia. "Agora não, Gretel".

Eu tremi. Ontem à noite, meu nome tinha saído de sua boca cheio de sentimentos. Agora, era como se ele estivesse usando-o para criar mais distância entre nós.

  Foi então que eu notei que a pia estava rosa. 

 "Hansel," Eu gritei, correndo na direção dele. Ele agarrou as bordas da pia. "Hansel," eu sussurrei, inclinando seu rosto a força.

Seus olhos estavam inchados e roxos. Quase em carne crua. Ele cortou sua pálpebra superior, e sangue vazou para o lado de seu rosto. Seu lábio estava arrebentado.

"O que aconteceu com você?", Eu sussurrei.

  "Isso não importa. Eu merecia." 

 Engoli em seco. "Foi Rosalind que fez isso com você?"

Ele riu. "Não, ela não." Ele segurou minhas mãos, mas não as soltou. "Você precisa ir embora."

"Por quê?"

  Ele fechou os olhos e trouxe minhas mãos ao rosto. "Porque eu não posso mais fazer isso." 

 "Fazer o que?"

"Ficar perto de você sem tocá-la." Finalmente, ele deixou cair as minhas mãos. "Mas acho que logo não vai mais importar", ele sussurrou, e, em seguida, caminhou até a porta.

Eu o segui. "Do que você está falando?", Perguntei, sem fôlego enquanto seguia seu ritmo acelerado descendo as escadas. Ele fechou a porta da frente e a trancou.

  "Hansel," Eu gritei, batendo o punho na porta. 

 "Não me siga", foi sua resposta abafada.

Eu fiz uma careta e corri para a porta dos fundos. Eu sabia para onde ele estava indo. Havia apenas um lugar naquela direção. Bom, a não ser que ele planejasse ir para a floresta.

  Deus, eu esperava que ele não tivesse a intenção de ir para a floresta.  

Corri, meus pés descalços, ignorando a picada das rochas duras contra as solas dos meus pés. Eles estavam sangrando - eu sabia sem ter que olhar - e isso me deixou mais lenta. Eu tinha sido tão estúpida por não pegar um par de sapatos. Mas estava muito longe para voltar agora. Eu tinha que chegar até ele. Tinha de alcançá-lo.

A Trapaça do Meu Irmão Adotivo (Meu Meio-Irmão #4) Nadia DantesOnde histórias criam vida. Descubra agora