Havia uma coisa que incomodava Christian, não era só o facto de gostar de estar com Jamie, e sim como a deixava dormir na sua cama e perambular por sua casa com facilidade. Seria empatia? Não conseguia tira-la de lá por saber do relacionamento difícil que teve com aquele jornalista ou era uma simples desculpa para poder justificar o quanto ficava bela, deitada nua dentro dos seus lençóis. Nunca antes alguma mulher tivera a mesma oportunidade. Nunca.
— Que horas são? — Ela despertou assustada, talvez por sentir-se ser observada ou por não saber onde se encontrava de momento. Pestanejou e procurou se esconder com o cobertor pois tinha o corpo despido.
— Não precisa esconder, não tem nada que não tenha visto — falava num tom monocórdico, o mesmo que usara após a última vez em que estiveram juntos. Era como se quisesse reprimir algum sentimento estranho. — Já é tarde. E era suposto irmos jantar.
— Olha Christian, nós os dois sabemos que não vai rolar nada para além de sexo e prefiro não estender a nossa convivência, pois é melhor evitar qualquer tipo de aproximação que possa vir. — Foi clara e objetiva, confusa demais para proibir seus pensamentos de desejarem aquele homem, ciente de já ter sofrido o bastante na sua relação passada. Era tudo muito recente e precisava colocar a cabeça no lugar. — Não sou mulher de casos, mas sei estar ainda muito fragilizada para vir a ter uma relação tão cedo.
Estava a ser sincera e era preciso deixar tudo muito bem esclarecido. O coração era um grande traidor, e se não colocasse rédeas, poderia patinar em direção aos braços de quem só queria sexo. E isso, não se ia permitir.
— Uau! Não pensei que soubesses ser sincera — ironizou, fingindo não se importar com as palavras desta. Jamie revirou os olhos e desceu da cama ainda a se esconder por trás dos panos. — Mas minha casa não é nenhum hotel para vir dormir e sair assim.
— Se houver uma próxima, já sabes onde deves-me levar — respondeu sem receio, os olhos distantes do rosto masculino procuravam suas roupas que só poderiam estar na cozinha.
Se houver, Dash repetiu aquelas palavras nos pensamentos e quase sem acreditar que ouvia aquilo. Estaria a Johnson ainda ligada ao estúpido sentimento pelo namorado? Não é de minha importância! Garantiu para si e saiu do quarto em busca das roupas dela. Ouviu-a se aproximar.
— Você precisa de alguma coisa? — Não resistiu a perguntar e sentiu o esgar vindo dos lábios da sua companhia.
— Preciso de ir para casa. — Não se irrite. Não se irrite.
— Lembra que pode sempre contar comigo? — Virou-se para entregar as roupas e sentiu seu membro reagir assim que Jamie deixou o corpo livre para se vestir. Chris amaldiçoou-se por dentro, queria tê-la naquele momento.
— Não somos nada e cada um tem a sua vida. — A resposta veio com dureza e sequer o olhava, apenas se vestia com pressa e nem viu que usou a blusa ao contrário.
— Mas vais ficar com o carro pelo menos? — Insistiu, se aproximou para mais perto e sentiu o vazio ao imaginar-lhe partir. Queria que ela ficasse mais um pouco, pois apesar de tudo, tinham muita coisa em comum, e um deles era o medo de amar. — Foi de coração. Prometo.
— Guarde suas promessas. — Era sempre rude, não sabia mais como não o ser. Por muito tempo se deixara enganar por acreditar em juramentos bestas e agora era como se usasse uma capa invisível para se proteger. — O combustível daquele carro é meu mês de custos do hospital. Por muito que eu quisesse, não tenho como...
— Espere. — Dash correu até ao quarto, o cabelo bagunçado esvoaçava no processo e voltou com um punhado de pequenas folhas. — São senhas de combustível que a empresa nos dá. Não é dinheiro e nem sequer uso, mas só queria que ficasses com o carro, comprei pensando em ti toda bonita lá dentro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Nova Cor [DEGUSTAÇÃO]
RomanceVENCEDOR DO MELHOR FINAL NO PROJETO 12 MESES. Continuação da história Para Além da Beleza trazendo a história do casal Chrismie. Para Christian Wihlem Dash os últimos anos da sua vida foram sempre cinzentos. Com uma infância difícil por conta de um...