Capítulo II

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Mark se jogou em sua cama, gritando de frustração.

— Babaca! Um completo babaca é o que você é, Mark Yi En Tuan!

Como podia ser tão covarde?

Por que assumir algo que todos já sabiam parecia ser tão assustador. Por que, mesmo sabendo que todos os seus amigos os parabenizariam, dizer aquilo em voz alta era tão difícil? Por que ele estava machucando aquele que tanto amava?

Mark queria saber a resposta para aqueles inúmeros porquês que rodeavam sua mente, fazendo-o ficar tonto. Ele queria ser capaz de assumir JinYoung e fazê-lo feliz, como o mais novo o fazia. Ele queria ser quem JinYoung precisava, mas ainda assim, algo o impedia de gritar aos quatro cantos que era JinYoung a pessoa que ele mais amava no mundo.

Mark permaneceu naquele dilema pelos próximos dias. Foram três dias trancado no quarto, pensando e repensando em tudo que poderia lhe impedir de assumir um relacionamento público com o namorado. Foram dias revirando o corpo magro entre os lençóis brancos e macios, revivendo as melhores lembranças que tivera com o mais novo. Assistia todo os acervo de vídeos caseiros que havia salvo em sua nuvem, vídeos em que ele e JinYoung eram eles mesmos, brincando e declarando o amor um pelo outro.

Mark gostava de como havia sido sua adolescência. Ele gostava de dizer que a maior parte de sua adolescência foi gasta dentro de um quarto, em silêncio, com JinYoung ao seu lado. Ele gostava do fato de que o mais novo estivera presente em todos os seus momentos mais memoráveis, em todos os seus momentos mais patéticos, em todos os mais deploráveis também. JinYoung sempre estivera ao seu lado, assim como o mais velho também sempre estivera ao lado do outro. Sempre fora assim.

Mark crescera em uma família religiosa, aquelas que marcam presença em todas as missas de domingo, e que fazem os filhos terem ensinamentos religiosos, com esperança de que pelo menos um siga o caminho de Deus no futuro. Ele crescera pensando que amar alguém que partilhava do mesmo tipo de órgão genital que o seu era estritamente errado, assim como matar e roubar também. Era abominável. Mark crescera amedrontado, pensando que tudo o que sentia por JinYoung era errado e proibido. Até sentir que não poderia mais esconder aquilo. E tinha certeza de que se declarar para o maior fora a melhor coisa que decidira fazer em sua vida. Ele nunca se arrependeria de tê-lo feito.

Ele gostava das tardes frias de inverno que passavam juntos, debaixo das cobertas, acompanhados de pipoca e chocolate quente, enquanto assistiam àqueles filmes chatos que só JinYoungie gostava, mas que ele não se importava de assistir junto. Amava quando o namorado o surpreendia com beijos quando percebia que ele não estava assistindo ao filme, e sim assistindo as reações que o mais novo tinha ao prestar atenção a tela. Se sentia completo quando a risada do outro rapidamente preenchia seu quarto, enquanto seus corpos se entrelaçavam debaixo da coberta grossa e quentinha, que os mantinha protegidos do frio.

Mark admirava o quão esforçado JinYoung era em seus estudos, e em como o castanho ficava feliz em poder entregar um boletim impecável a sua mãe. Ele se sentia confortado quando o outro permanecia ao seu lado para entregar seu próprio boletim, recheado de notas medianas e insatisfatórios, tocando-lhe a ponta dos dedos discretamente, enquanto Mark recebia um castigo qualquer de seu pai pelo desempenho ruim.

Tuan se sentia o garoto mais feliz do mundo quando JinYoung aparecia nos churrascos de família que sempre aconteciam em seu quintal, e se fazia amado por toda a família Tuan. Gostava de como aqueles que compartilhavam seu sangue, eram tão apaixonados pelo Park quanto o próprio Mark. Seu coração sempre se acelerava quando o outro marcava um gol durante uma partida de futebol com seus primos e corria para abraçá-lo e comemorar mais um vitória, que era garantida desde o início da partida, porque o Park era bom em tudo, não importava o que fosse.

Complete (markjin)Onde histórias criam vida. Descubra agora