Casa dos Tissot- Paris, França. 19 de Julho, 06:48 p.m.
-Mãe, por favor, tenta me entender!
Blanche Tissot já começava a cansar de discutir com a mãe. Afinal, já era a terceira vez naquele único dia em que ela, Céleste Tissot, trazia à tona o assunto Raphael, que não passava de um colega virtual, querendo a todo custo fazer com que a jovem "caísse na real" e desistisse da chamada em vídeo que havia marcado com o nova-iorquino. Céleste -Ou Celé, como ela própria preferia. -Achava a atitude de sua filha totalmente impensada e irresponsável, visto que dificilmente é possível de fato conhecer alguém e suas intenções pela internet. Aliás, ela achava difícil até mesmo na vida real.
-Bia minha querida, porque você não tenta me entender? Não vê que só penso no seu bem? Isso é perigoso! E se esse garoto for na verdade um pedófilo de 40 anos querendo se aproveitar de você? -A senhora de 45 anos insistia mais uma vez, torcendo para que a filha finalmente pudesse enxergar que ela tinha razão sobre a internet ser um lugar perigoso e cancelasse a tal conferência.
-Entendo que você está preocupada mas, sério mãe, não tem perigo algum! -Falou enquanto subia as escadas. -E olha, eu te juro que só irei ligar a webcam depois que Raphael o fizer, me deixando com 100% de certeza de que ele NÃO tem 40 anos.
-Ok... Desisto. Faça o que quiser, a vida é sua. -Suspirou com ar derrotado. -Mas qualquer problema... Fale comigo. Sou sua mãe e te amo, acima de tudo. -Bia então se despediu da progenitora deixando um beijo no ar, e correu até seu quarto para logo começar a chamada de vídeo com Raphael. Ela estava atrasada.
Casa dos Collins- NYC, USA. 19 de Julho, 12:55 p.m.
Raphael estava, pontualmente, desde 12:45 p.m. com o skype aberto aguardando por Blanche. Para qualquer outra pessoa dez singelos minutos de atraso não significam tanto, porém para o garoto era desesperador. Será que sua amiga teria desistido? Ele teria feito algo errado? Esses eram os pensamentos que passavam por sua mente, quando finalmente a mensagem "Olá, blnchTissot quer lhe adicionar como contato" apareceu na tela. O moreno observou a tela à sua frente durante uns bons segundos antes de aceitar a solicitação de amizade da francesa com a qual vinha se comunicando por mensagens desde o início das férias. Ele não esperava que fosse estar tão nervoso, mas seu corpo o provou errado quando sua distonia começou a se manifestar após o terceiro toque da chamada de vídeo.
Casa dos Tissot, Paris-França. 19 de Julho, 06:57 p.m.
-Hey, Blanche... Você tá conseguindo me ouvir bem? -Ela podia ouvir perfeitamente a voz do Nova-Iorquino, porém estava muito nervosa para ter alguma reação. Qualquer reação. Então, apenas deu um riso nervoso do esforço que seu amigo havia feito para pronunciar seu nome. -É, acho que isso foi um sim.
-Bia... -Falou sentindo um certo nervosismo ao se deparar com a câmera desligada. E se sua mãe estivesse certa o tempo inteiro? E se ele não passasse de um pedófilo e ela, de apenas mais uma vítima?
-Como?
-Pode me chamar de Bia, se achar mais fácil... E o meu inglês realmente é uma droga, desculpe. -A cada segundo que passava, a jovem parisiense se desesperava mais. Se sentia enganada. Sua vontade era desligar o computador e bloqueá-lo de todas as redes sociais existentes.
-Ok, Blanche -Falou com um tom divertido. -E o seu inglês não é tão ruim assim...
-Obrigada, senhor sabic... -A frase foi interrompida pela surpresa de Bia ao ver que seu amigo havia ligado a câmera naquele exato momento, e ela finalmente conseguiu relaxar: Não era um pedófilo de 40 anos, era apenas Rapha, um garoto de 17 anos que vivia em Nova Iorque. Seu amigo virtual de 17 anos que vivia em Nova Iorque.
Raphael tinha olhos verdes... ou seriam azuis? Era muito difícil ter certeza pela webcam -a imagem era péssima – e, com certeza, ela o perguntaria depois a cor exata. Seus cabelos eram castanhos, jogados para cima formando um topete sutil. Ele estava vestido com uma camisa preta de alguma banda, que a garota provavelmente não conhecia. Ao fundo, no que parecia ser seu quarto, dava para ver uma cama encostada numa parede inteira branca, sem nenhum quadro ou pôster. Provavelmente ela o questionaria sobre isso também.
-Vou tomar seu silêncio repentino como algo bom, porq... -Dessa vez foi o Nova Iorquino que ficou sem fala pois, num impulso, Blanche também ligou sua webcam.
Ela era loira, com olhos de um azul tão intenso que mesmo com a má qualidade de imagem se sobressaíam. Estava deitada na cama, debruçada sobre os braços enquanto falava com o garoto. Ambos ficaram se encarando durante alguns poucos segundos, quando a francesa resolveu se manifestar:
-Vou tomar seu silêncio repentino como algo bom.
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Então gente, essa é a primeira história que eu faço aqui e etc, e eu realmente espero que vcs tenham gostado. Ainda não sei como vai ser a frequência de postagens, mas com o tempo eu decido.
Xero no coração de vcs
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3600 miles to you
Romance"A distância não significa nada quando alguém significa tudo." Este livro conta a história de Blanche e Raphael. Duas pessoas, ainda que muito parecidas, pertencentes a mundos completamente diferentes. Ela, uma parisiense sonhadora. Ele, um nova ior...