Paris, França. 18 de Agosto de 2016.
-Blanche! Não me faça tomar esse seu celular!
"Rapha, tenho que ir, tomar café da manhã e etc... Acho que você deveria aproveitar e dormir, já tá bem tarde aí né... Enfim, amanhã/mais tarde a gente se fala.
Beijos da francesa mais linda que você conhece."
-Desculpa pai, era o...
-Rapha, seu amigo virtual. -Meu pai carregava uma expressão de cansaço no rosto, porém qualquer um sabia dizer que ele apenas estava me caçoando. -Eu sei Bia, mas você sabe da importância do café da manhã em família.
-Eu sei, papai, não farei mais isso.
-Assim espero.
Mais um dia comum na casa dos Tissot. Minha mãe preparava o café da manhã enquanto papai e eu esperávamos juntos até ela nos servir a comida para fazer o desejum em família. Quando pequena eu costumava amar essa reunião diária, porém com o tempo passei a perceber que aquela tradição só servia para nos causar essa ilusão de união, quando na verdade éramos exatamente o oposto. Papai passava o dia no trabalho, saía logo pela manhã e só voltava tarde da noite. Mamãe dividia seu tempo entre assistir programas culinários, tentar preparar as receitas da televisão, arrumar a casa e sair com suas amigas. E eu... bem, costumo perambular por Paris com Claire. As vantagens de morar numa grande cidade turística? Nunca nos cansamos de conhecer pessoas de diversas partes do mundo e, para nós, não há melhor passatempo que esse.
Assim que terminei o café da manhã, me despedi dos dois e saí de casa, indo até a Torre Eiffel -Qual lugar, se não essa torre, melhor para conhecer turistas?- me encontrar com Claire. Agosto era meu mês favorito: O verão começava a acabar e o clima de transição para o outono era o melhor. Paris ficava encantadora. Durante o caminho, pensei sobre o último mês: havia iniciado as videochamadas com Raphael exatos 30 dias atrás e meu inglês já havia melhorado consideravelmente. Além disso, o garoto tinha se mostrado uma pessoa incrível e rapidamente nos tornamos grandes amigos -Ele nem mesmo me cobra pelas aulas de inglês. De qualquer modo, Rapha se mostrou um daqueles amigos que gostaria de levar para o resto da minha vida. Espero poder conhece-lo um dia.
Logo que cheguei à Torre, encontrei Claire. Nós somos amigas desde que eu consigo me lembrar, já tivemos algumas boas brigas, porém eu creio que isso apenas fez com que nos tornássemos mais próximas. Tecnicamente, ela é californiana, porém vive em Paris desde os 2 anos de idade e só fala inglês porque seus pais insistiram em fazer com que ela aprendesse desde pequena. Ela é meu oposto em diversos sentidos, e por isso nos completamos.
-Ah Bia, ainda bem que você chegou! Acabaram de subir na Torre uns garotos super bonitos americanos, nós poderíamos esperar que eles desçam e ir puxar assunto, o que acha? -A garota não resiste a um rosto bonito...
-Bonjour para a senhorita também, senhorita Collins! -Falei em tom ofendido.
-Para de drama Blanche! Vamos lá, você topa ou não?
-Acho curioso como, depois de tantos anos, você ainda não consegue saber quando É ÓBVIO que eu irei aceitar suas propostas.
-Acho curioso como você não é capaz de responder simples perguntas de maneira objetiva. Agora vamos acampar naquele elevador e aguardar aqueles americanos maravilhosos.[...]
A tarde foi maravilhosa. Juro que, durante todas as férias, nenhuma saída foi tão incrível quanto a de hoje. Jonathan, William, Joey, Annie e Mallory. Nova Iorquinos. Quando os abordamos na Torre Eiffel eles contaram que estavam numa excursão com a escola e que haviam fugido para conhecer a cidade com maior liberdade. Obviamente eu e Claire nos encarregamos de mostrar Paris e todas as suas maravilhas da melhor maneira que pudemos, e foi incrível. Visitamos restaurantes, lojas, e até mesmo os principais pontos turísticos. Então, quando deram três da tarde, nos despedimos pois, de acordo com eles, a chamada de presença seria às quatro e não queriam ser descobertos. Trocamos números e redes sociais e combinamos de sair novamente no dia seguinte, às nove da noite, seria seu último dia na cidade.
-E o Joey? -Claire falou enquanto sentávamos num banco com nossos sorvetes. Era uma pequena tradição nossa.
-O que tem ele?
-Ele é bonitinho, você não achou?
-Hmm... Aham, porquê?
-Estávamos conversando e ele me falou que te achou uma gracinha, e que iria adorar...
-Claire... -A interrompi. Eu sabia aonde ela gostaria de chegar. -Você mais do que ninguém sabe que não estou pronta para relacionamentos, não depois do Pi..
-Pierre, eu sei. -Agora foi sua vez de me interromper. -Bia, o garoto mora do outro lado do oceano, depois de amanhã ele volta para a casa dele e BUM! Nunca mais vocês precisam se ver novamente. Qual é... Ele é uma gracinha, e você sabe que, nem que ele quisesse, conseguiria te perseguir com o Atlântico inteiro o impedindo. Vive a vida!
-Tudo bem, amiga. Não prometo nada, mas irei pensar sobre o assunto.Paris, França. 19 de agosto de 2016.
-Bia, acorda logo! Eu prometi à William que iríamos nos despedir deles no aeroporto. -Claire havia sentado em cima de mim e gritava feito uma louca.
-Bom dia, eu acho... São que horas? Como você chegou aqui?
-Nada disso importa. O que você tem que focar agora é que eles estão numa excursão escolar, que é sempre extremamente pontual, então nós temos que sair AGORA!!!!!
Eu não entendia como qualquer ser humano conseguia ter tanta disposição tão cedo como Claire. Dos poucos momentos que me lembro da noite anterior, ela só esteve presente em um: No banheiro, vomitando. E eu segurando seu cabelo. Pois é, resolvi sair na noite passada com minha amiga e os americanos. Porém não lembro de muito.
-Não existe, de maneira alguma, uma possibilidade de você me deixar voltar a dormir e ir sozinha, não é?
-Ainda bem que você me conhece perfeitamente.
-Tudo bem, vai lá na cozinha preparar alguma comida para o caminho, vou me trocar.
-Por isso que você é a minha melhor amiga.
[...]
Então gente, 6482827 anos depois resolvi voltar a escrever a história. Passei por um longo bloqueio criativo que (finalmente) superei.
Tenho algumas ideias muito legais para a história e espero que gostem, porém me perdoem por qualquer erro que gramática, juro que serão corrigidos em breve.
Enfim, é isso, espero que gostem e, por favor, deixem estrelinhas hahahah
VOCÊ ESTÁ LENDO
3600 miles to you
عاطفية"A distância não significa nada quando alguém significa tudo." Este livro conta a história de Blanche e Raphael. Duas pessoas, ainda que muito parecidas, pertencentes a mundos completamente diferentes. Ela, uma parisiense sonhadora. Ele, um nova ior...