Como Dizer Adeus?

A tarde chegara fria e calma naquele 15 de junho de 2014, um mês para jamais se esquecer... um mês que ficaria gravado para sempre na memória de Malia Tate.

Ela estava sentada em frente ao volante do seu carro, olhava pela janela, lá fora as folhas das árvores balançavam com o vento e algumas outras que se desprenderam delas voavam ao sabor do vento, hora tocando o chão, hora seguindo seu caminho..., mas ela estava alheia a tudo isso, seus olhos olhavam sem ver, eram seus pensamentos que criavam vida em sua cabeça, formando as figuras, os rostos, os gestos e toques, as lembranças pareciam infinitas, ela esboçou um leve sorriso ao lembrar-se do primeiro beijo e imediatamente uma lágrima rolou.

O amor pode ser lindo e maravilhoso, mas também pode doer... sim, quando se torna difícil, ele pode doer às vezes, mas isso não importa, afinal o amor é a única coisa que nos mantém vivos. Ele nos motiva a nos levantarmos dia após dia para ver os olhos, o sorriso ou a simples presença de quem amamos, e se por ventura ele doer, tudo bem também, pois a dor serve para nos mostrar que estamos vivos, ainda que queiramos morrer.

Malia mordeu seu lábio inferior para sufocar um soluço, respirou profundamente e enxugou suas lágrimas fervorosamente com as mãos, olhou-se no espelho retrovisor, não queria que ele visse o quanto os dias estavam torturantes, difíceis e quase impossíveis de serem vividos; ela notou suas olheiras que a maquiagem feita às pressas não conseguira esconder, pegou sua bolsa, que como ele sempre dizia "Tinha um pouco de tudo" e retirou lá de dentro seu pó compacto preferido e um batom vermelho. Ela passou um pouco mais de pó para tentar disfarçar melhor as marcas de expressões tristes em seu rosto, e em cima do batom rosa claro que ela escolhera antes de sair de casa, ela aplicou o batom vermelho. Seus lábios ficaram com uma cor mais vívida, sua pele clara estava mais bronzeada devido ao pó, ela achou que estava melhor agora, deu um breve sorriso o qual não conseguiu sustentar por muito tempo e saiu do carro erguendo o queixo altivamente, ela tinha que ser forte. Alguém tinha que encará-lo e dizer que tudo ia ficar bem. Com esse pensamento e uma postura firme e decidida, ela seguiu para a porta de entrada do hospital de oncologia Mário Setubal, o céu estava cinza, assim como seu coração.

Seus passos estavam seguros e firmes, quem a olhasse de longe, pensaria que ela era uma bela jovem de vinte e poucos anos, decidida e cheia de planos futuros, no entanto, ninguém podia ver a força que ela fazia para que suas pernas não bambeassem, para que seus passos não fraquejassem ou para que seus pés não mais a sustentassem.

O caminho até o quarto 52 parecia mais longo do que realmente era. O barulho do seu salto alto ecoava pelo chão do corredor branco e solitário, mas ela nem estava se importando se o barulho iria incomodar alguém, afinal ela queria mesmo gritar com qualquer pessoa, estava cansada de conter seus sentimentos, de ser sempre educada e aceitar os fatos. Ela queria derrubar os móveis, quebrar os vidros e dar um belo soco certeiro no estômago do destino que tivera a maldita ideia de dar um final tão cruel e impiedoso ao seu querido namorado.

Ele sempre fora tão lindo com seu sorriso cativante e seu olhar carinhoso, que sempre, desde o momento em que se conheceram, demonstraram seu amor por ela. Agora seu sorriso era sempre fraco e triste e seus olhos receosos, temendo o que o destino reservaria para amanhã ou para as próximas horas.

Stiles, pouco mais velho que ela, cabelos castanhos, pele clara e suas pintinhas espalhadas pelo seu rosto que Malia tanto amava... ele era jovem demais para estar debilitado em cima de uma cama de hospital, isso não era justo. Como entender a decisão de um destino tão cruel? Por que Stiles? Como suportar que ele estava indo embora pouco a pouco e que não havia nada que ela pudesse fazer? Essas e outras perguntas ecoavam em seus pensamentos tristes e perturbadores.