CAPÍTULO 2

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— Sou um ser criador. Aquele que dava vida a esse planeta. Sou um Primus, assim como você.

Ao ouvir essas palavras, imediatamente senti uma vontade quase incontrolável de retornar e ouvir mais, aprender mais. Felizmente, a razão venceu, afinal, se eu retornasse iria morrer. Do que adianta aprender algo se eu não puder estudar mais a fundo aquilo? Descobrir algo e logo em seguida morrer seria um total desperdício. Como um último sussurro, escuto provavelmente pela última vez a voz daquele Primus com que eu conversava.

— Sinto que você pode salvar toda nossa espécie. Lhe darei um último presente de despedida.

Um pouco daquela energia colossal veio em direção a minha nave e adentrou-se em um dos compartimentos que uso para guardar a energia dos meus semelhantes. O que será essa energia? Um presente? Acho melhor retornar a Wyck e analisar essa energia.

Ativo então a hipervelocidade e parto em direção ao meu planeta. A viagem não é muito longa, mas irei aproveitar para descansar um pouco. Começo a ter estranhas visões enquanto durmo. Vejo um planeta sendo atacado por um meteoro, criaturas e vegetações extraordinárias morrendo por conta disso e uma forma humanoide que dizia:

— Cuidado com os seus semelhantes.

Acordo com a respiração ofegante depois de ouvir essas palavras e percebo que estou próximo do meu destino.

VIA LÁCTEA – QUADRANTE GAMMA

PLANETA WYCK

Chegando então na órbita de meu planeta, paro para pensar algo que passou pela minha cabeça só agora: por qual motivo não recebi nenhum alerta quando saí do planeta e porque não me mandaram nenhuma mensagem pedindo identificação nesse momento? O que é essa nave exatamente? Bobeira ficar pensando nisso agora. Talvez seja até de ajuda para que eu saia do planeta ou entre nele sem ter que responder perguntas que os anciões provavelmente fariam.

Assim que entro na atmosfera do planeta, tudo fica mais simples. Eles podem simplesmente pensar que eu estava dando uma volta pelo planeta em uma nave nova que construí. Parando para pensar, eu que praticamente comando o planeta agora, não tenho que ficar dando tantas satisfações para os outros, melhor, não preciso dar satisfações a ninguém.

Sigo direto para casa, quero estudar essa energia o mais rápido possível. Assim que entro em minha casa, ouço um alarme tocando. Vou ao radar do laboratório e percebo que um dos meteoros atingiu algo; comum, meu pai vivia falando que isso acontecia com frequência.

Passo algumas horas estudando. Pelas barbas de Primórdius*, que complicação para decifrar essa energia. Ao final de algumas horas a energia se ativa e parece invadir meu computador central. Uma mensagem é ativada e começo ouvir a mesma voz daquele Primus que encontrei do outro lado da galáxia.

— Vejo que decifrou meu presente, espero que essa mensagem te ajude a salvar nossa espécie dos Primus que foram corrompidos pela maldade.

Corrompidos pela maldade, isso está ficando estranho. Continuarei a ouvir.

— Há muitos milênios atrás, o planeta que eu criei possuía criaturas formidáveis e alguns dos primeiros humanos foram criados.

Realmente aquele era o planeta dos humanos, o que será que aconteceu com ele? A curiosidade me consome.

— Um Primus antigo, que não gostava da minha criação, tentou destruí-la... Ele então lançou um meteoro de proporções catastróficas sobre o meu planeta. Em um ato desesperado, consegui amenizar o impacto do meteoro. Mas não foi o suficiente... Todas as formas de vida do meu planeta foram exterminadas. Por muito tempo eu tive que ocultar meu planeta enquanto eu o purificava. Felizmente, consegui criar novamente a espécie que a muito tempo eu criei. Na verdade, ela ficou até melhor que a última. Infelizmente, eu não consegui criar novamente as criaturas antigas que foram exterminadas. No nosso tempo atual, você deve ter percebido que meu planeta não estava tão bonito mais. Os humanos, meus filhos, acabaram destruindo a casa que dei para eles. Como um bom pai — Ele deve se nomear o pai dos humanos pelo fato de ser o criador deles — mantive a estabilidade do planeta até que todos humanos possíveis conseguissem sair dele. Infelizmente o egoísmo dessa espécie que tanto amei fez eles abandonarem muitos dos seus semelhantes. Espero que você consiga guiar nossa espécie para que não cheguem a esse ponto, afinal, odiaria que o planeta que minha irmã criou seja destruído. Cuidado com os seus semelhantes, existe maldade entre vocês.

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