Prólogo

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Gostou da capa? Ela foi feita pela capista e escritora super talentosa: _faaby_.

***

PRÓLOGO

2 de Março
Pensilvânia.
23:55


Eu apenas corria. Corria de Jay. As solas da minha bota encostavam-se  contra a terra úmida e barrenta. Não olhava para trás, apenas focava no final da floresta. Onde finalmente poderia parar de fugir. De vez em quando tropeçava nas raízes das árvores — afetava a minha velocidade —, mas eu continuava correndo, ou pelo menos tentava.

A situação estava injusta, Jay voava com suas asas e eu apenas corria. Ele quer que eu vá para a Cerimônia de Asas, mas eu não. Não quero ser vaiada pela terceira vez, por não conseguir subir para o nível 2 — o nível em que até o filho do rei conseguiu atingir, e eu não —. Eu apenas queria ser uma pessoa normal.

O final da floresta está aproximadamente à 10 metros, eu só preciso correr mais rápido — algo que eu acho impossível de se fazer —. Enquanto eu corria, uma silhueta apareceu na minha frente. Parei de correr, pois não queria lhe atropelar.

Jay parou também. Eu apenas tentava recuperar o fôlego, com dificuldade. Me apoiei no tronco de uma árvore que tinha ao meu lado. Jay olhava para a pessoa um tanto receoso. Entre essa troca de olhares, Jay perguntou:

— Kurt?.

— Oh, você ainda lembra meu nome. Deseja vingança? — respondeu o homem.

O homem — o qual se apresentava como Kurt — tinha uma asa preta, suas roupas eram feitas de tecidos resistentes, embora algumas partes de sua calça estivesse rasgadas. Ele havia os olhos castanhos escuros — a mesma cor de seu cabelo — e uma cicatriz no lado direito de sua face. Me perguntava o porquê da cicatriz, se foi feita por um animal, ou algo do tipo.

— O que faz aqui? — perguntou Jay elevando seu tom de voz.

— Acalme-se, não vou realizar um ataque ou algo do tipo, muito pelo contrário, quero a garota — falou.

— Por que você me quer? — pergunto arqueando uma sobrancelha.

— Pobre Juliett, Jay não lhe contou sobre o acordo? — me perguntou com um sorriso maligno, enquando andava até mim.

— Que acordo Jay?! — gritei.

Jay balançava a cabeça com pena de mim.

— Aparentemente ele não irá te explicar. Deixe-me lhe contar, quando você nasceu, eu e Jay criamos um acordo: quando você completasse 14 anos, iria virar uma vampira — falava se aproximando cada vez mais — Parece que esse dia chegou.

Eu tentava digerir tudo, mas era impossível. Eu seria trocada como um objeto. Por que ele não me avisou?

Meu rosto foi coberto por lágrimas, antes que pudesse perceber, já estava sentada no chão, em prantos.

— Há uma forma de adiar o acordo? — perguntou Jay.

Kurt se virou e olhou para Jay.

— Bom, tenho uma proposta — falou Kurt, dando voltas ao redor de Jay.

— Fale.

— Quando ela completar 18 anos, irá virar uma vampira — falou ajeitando a postura.

Jay me olhou e falou:

— Aceito a proposta.

— Eu não sei se vocês sabem, mas vocês estão me negociando! Como se eu fosse um objeto! — gritei me levantando.

Eles se entreolharam e ficaram em silêncio. Comecei a correr, para fugir deles, mas enquanto corria, havia um buraco. Tropecei e bati a cabeça. Tudo ficou turvo e logo após, tudo estava escuro.

***

San Francisco.


Uma forte luz estava acima de mim, abri as pálpebras calmamente.

— O que aconteceu com a garota? — perguntou alguém me examinando.

— A pessoa que trouxe ela, falou que ela foi encontrada no meio da calçada, sozinha, estava caída, inconsciente. Suponho que ela já tenha tido intuito de cometer suicídio, já que havia uma marca em seu pulso — uma outra voz falou.

Me dei conta que estava em um hospital. Levantei bruscamente e as pessoas que estavam ao meu lado se assustaram. Minhas costas doíam, pelo fato da cama ser dura. Também não poderia esquecer o fato que minha cabeça latejava de dor.

— Como me acharam? — perguntei.

— Um garoto que usava asas de fantasia nos avisou — respondeu o enfermeiro.

"Asas de fantasia", dei um sorriso ao ele falar isso. Talvez foi Jay ou Kurt, aposto que foi Jay, ele se preocupa muito comigo, até demais. Às vezes acho que ele sente algum tipo de atração por mim, mas não posso confirmar isso, pelo fato dele ser 4 anos mais velho e ter uma namorada, Charlotte.

Charlotte é... orgulhosa. Não me dou bem com ela e ela não se dá bem comigo, simples. Ela acha que vou roubar o namorado dela, ou algo do tipo.

— Em qual hospital estou? — perguntei.

— O melhor de San Francisco, agradeça seu amigo por ter te trago aqui — falou o médico.

— Eu vou ir embora — falei me levantando e começando à caminhar até a saída do quarto.

— Ei! Você tem que assinar a ficha — gritou uma enfermeira vindo atrás de mim.

Comecei a correr até a saída, atravessei a porta e comecei a caminhar.

Era muita informação para a minha cabeça, sou muito jovem para ter grandes problemas. Tenho que aproveitar até os meus 16 anos de idade, pois, depois, minha vida vai ser um horror.

Espantei todos os pensamentos e lembrei do que meu pai havia me falado. Ele teve a brilhante idéia de receber estudantes em nossa casa, os estudantes que fazem intercâmbio. Por um lado, é bom, eu finalmente teria alguém para conversar. Nossa casa é grande, têm um quarto para Erick e para Edgard, um para mim, um para visitas e outro para meu pai.

Enquanto caminhava pelas ruas de San Francisco, escutei o barulho de uma festa. O som estava alto, várias pessoas saíam da pizzaria com copos. Logo identifiquei que era a festa do meu colégio, eles ganharam a partida de basquete, então foram comemorar.

Vi George sair da pizzaria, com Isabela, sua namorada que era cherleader. Isabela estava fazendo intercâmbio, do high school, acabara de chegar à três semanas e já tem um namorado, enquanto eu, que estou em San Francisco desde que nasci, tenho ninguém.

Que vida maravilhosa.

Atravessei a rua e continuei minha caminhada, mas fui impedida a dar o próximo passo, quando fui puxada pelo braço, olhei para trás. Era Jay.

— O que quer? — perguntei.

— Está melhor? — perguntou Jay.

— Sim, apenas caí — respondi.

— Se cuide — falou, depositando um beijo na minha testa.

Em um passe de mágica, ele desapareceu. Fiquei sorrindo como um bebê quando ganha uma bala.

I Am JuliettOnde histórias criam vida. Descubra agora