35° Capítulo - "W"

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O som da voz de dois homens ecoam pela casa fazendo-me acordar. Levantei da cama e vi que Carl não estava mais. Eu apenas tinha alguns relances de memória, e o último deles foi dormir ao lado de Carl.

Puxo a maçaneta da porta e ando para fora do quarto, desci as escadas tentando encontrar o motivo das vozes tão altas. Pela janela eu avisto Carl e Rick na varanda da casa, discutindo, podia se ouvir eles dali de dentro mesmo.

Beth estava sentada no sofá, enquanto lia seu livro desviou seu olhar para mim com uma expressão de que coisa ruim vem por aí.

-Você está irresponsável! Não ajuda mais em nada! Não cuida bem da sua irmã. Quantas vezes fui te procurar e estava sempre ocupado? -deu ênfase na palavra destacada. -Lembra das vezes que vocês fugiam de Alexandria e eu relevava? Então, aqui está minha punição.

-Eu não vou aceitar isso! -Carl revida.

-Você ainda é meu filho e ainda é menor de idade! -Rick gritou.

-Mas não podes ficar me privando...Não disso! Mas que merda Rick! -Carl gritou indignado.

-Olha a sua boca! Me respeita antes que eu faça algo pior... -Rick saiu da varanda pisando fundo caminhando pelas ruas de Alexandria.

Carl entrou contudo na casa, empurrou a porta fazendo bater e causando um grande barulho. Ele caminhou direto para meu quarto. Olhei sem nada entender para Beth, ela seguiu seu olhar para escada, dizendo para mim segui-lo. E assim fiz. Carl estava sentado na cama, seus cotovelos estavam em seus joelhos e as mãos tampando o rosto. Fechei a porta e me aproximei de Carl.

-O que aconteceu? -perguntei me sentando ao seu lado.

Ele me encarou, vi a angustia em seu rosto, ele queria chorar, talvez de tristeza, talvez de raiva.

-Se eu falar agora, vou chorar, e eu nunca mais chorei depois que minha mãe...

-Tudo bem Carl... Não fala mais nada. -Puxei o garoto para um abraço confortante. -Vamos sair mais tarde? -perguntei.

-Tá bom... Eu tenho que ir. -Ele separou seu corpo do meu, saiu do quarto tão rápido que mal deu tempo de vê-lo sair.

Minha mente repetia a mesma pergunta toda hora.

O que será que aconteceu?

(...)

Bati duas vezes na porta, logo foi aberta por Rick. Ele me encarou e mostrou um sorriso fechado.

-Oi Enid, Carl já falou com você? -Ele deu passagem para mim entrar.

-Não...-franzi o cenho, confusa e curiosa. - E é sobre isso que eu vim falar com ele. Pode chamá-lo?

Ele assentiu, entrou no corredor, e depois de demorados minutos Carl vem. Ele agora parecia estar seco, com ódio.

-Vem. -me puxou pelo braço para fora da casa.

-Aí! Calma aí. -gritei me soltando de suas mãos.

-Desculpa...-ele toca em meu braço, seu olhar preocupado cai sobre mim. -Eu não queria ter te machucado, nunca vou te machucar, me desculpe.

-Está... Está tudo bem. Não machucou. Só peço para que controle a sua raiva... Vamos?

Ele assentiu, fomos até o muro e subimos, eu na frente de Carl, chego ao outro lado antes dele e espero o lerdo chegar. Quando faltava pouco para ele chegar ao chão ele dá um pulo e vem até mim.

-Vamos.

Caminhamos pela mata o tempo todo em silêncio, um silêncio infernal. Chegamos até uma árvore caída, nos sentamos no chão e apoiamos nossas costas ali. O silêncio continuou alastrado entre nós. Quando eu iria quebrá-lo Carl começa a falar.

-Não podemos mais ficar próximos. -disse curto.

-O que?! -praticamente gritei. -Qual é a pegadinha? -ri.

Soltei uma leve gargalhada, mas Carl mantia sua expressão séria.

-Isso é sério? -perguntei.

-É... Muito sério, meu pai disse que isso está me afetando... -Carl dizia várias coisas, justificativas, reclamações, coisas que seu pai havia dito... Mas eu não queria escutar. Abaixei meu olhar e permaneci em silêncio, eu queria apenas chorar.

-Vamos continuar à nos ver aqui fora, né? -perguntei esperançosa.

-Não.

-Podemos pelo menos ser amigos. -falei.

Ele negou com a cabeça.

-E na busca pela vizinhança com o pessoal? Eles não vão nos dedurar.

-Não Enid! Meu pai quer que eu me afaste! Eu realmente fiquei muito ausente nesses dias, eu não queria isso, mas se for para acabar com isso, que seja de vez. Porque eu não quero sofrer.

-Parece que você que quer acabar com isso! -falei irritada.

-Mas não é. Entenda Enid!

-Entender o que Carl? O que custa lutar por nós?

-Eu não posso... -ele sussurra e abaixa o rosto.

Encarei Carl triste, abaixei meu olhar. Um maldito gemido interferiu, levantei-me e prontamente fui para matar o errante. Mas um W marcado em sua testa como um corte me chamou atenção. Acordei para a realidade apenas quando o bicho estava quase caindo sobre mim. Carl atirou nele com sua arma silenciada.

Voltei para Alexandria derrotada, após subir os muros Carl e eu seguimos em direções diferentes sem nem nos despedirmos. Corri para casa. Me direcionei ao banheiro, retirei a roupa e liguei o chuveiro. Sentei no chão gelado sentindo a água quente relaxar meus músculos.

Eu permiti-me chorar naquele momento, chorar e chorar até não existir lágrimas o suficiente. Eu não quero acreditar que eu não posso mais sentir os lábios de Carl nos meus, muito menos ouvir sua risada, ver seu sorriso.

Toquei o colar que ele tinha me dado de presente. Eu não o tirei, talvez Rick apenas esteja de cabeça quente. Quero muito que isso tudo não passe de uma simples briga...

Amores mios, acabei com a felicidade de vocês, mas acalmem o coração! A esperança é a última que morre

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Amores mios, acabei com a felicidade de vocês, mas acalmem o coração! A esperança é a última que morre. Não me matem, não me torturem, não me xinguem, because i love you.

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