3. it's okay to cry

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"Tudo bem chorar. Eu passei por uma situação complicada também, sei como é. Você pode conversar comigo, Max." Tony falou, me encarando com aquelas piscinas azuis que tinha no lugar dos olhos. Mais uma vez, eu senti um grande estranhamento em relação à sua nova personalidade fofa e que se importava com os outros.

Eu queria perguntar o que havia acontecido, e me preocupar com ele.
Eu realmente queria dizer que estava tudo bem comigo e não era nada relevante, mas eu precisava falar com alguém que me ouvisse, e Tony parecia disposto para isso.

"Oh... não sei bem como começar... Eu cheguei de um ensaio importante, e..." Dessa vez eu não consegui conter as lágrimas. "... bem, eu encontrei Anwar e James juntos... na mesma cama... e então eu saí de casa chorando... E fiquei vagando desde as 21h30, até que você me encontrou..."

Fechei os olhos com força, me sentindo envergonhado por parecer um bebê chorão, onde todo mundo poderia ver. Minha cabeça latejava, alternando entre altas e baixas ondas de dor, e eu só queria que toda aquela dor, todas as lágrimas e todo o sofrimento acabassem logo, como se houvesse um remédio para aliviar tudo isso. Qualquer coisa que me fizesse sentir menos angustiado no momento era aceita.
Me surpreendi com choque elétrico percorreu minha pele quando o polegar de Tony encostou delicadamente na minha bochecha. Aquilo não me proporcionou felicidade, ou paz. Entretanto, me fez provar de uma sensação maravilhosa, que eu não sentia há muito tempo.
Borboletas no estômago.
Tal atitude me deixou atônito, fazendo minhas lágrimas cessarem.

"Os anos te mudaram muito." Afirmei com a tentativa de me recompor. "O que você faz por aqui? E qual situação difícil foi a sua?"

"Depois do fim das aulas eu fui para um lugar, Michelle para outro, e Sid para outro mas longe ainda. A faculdade que eu fazia era ótima, mas eu me sentia sozinho o tempo todo, então, sem aviso, eu fui ver Michelle, e ela estava com outro cara... "

"Oh, Tony. Eu sinto muito por isso... "

"Não precisa. Doeu, e ainda dói um pouco. Mas eu não quis parar na metade do caminho, então eu vim ver você e o Anwar. Desci num ponto de ônibus, e tentei te ligar, mas só dava caixa postal. Me perdi procurando um hotel, e te achei quase pulando de um viaduto. O caos pode ser irônico, não?"

Concordei acenando a cabeça, praticamente sem palavras ao ouvir sua história. Não foram só os anos que haviam mudado ele, mas sim as situações por qual ele passou, porque se tinha uma coisa que não era óbvia, mas bastava observar um pouco, era o fato de que Tony era perdidamente apaixonado pela Michelle.
A minha vontade, era levantar e abraçar ele, até que os meus braços começassem a grudar nele, e nós nos transformássemos em um só. Acabei por não ceder a meu desejo.
Não sabendo o que falar, nem o que fazer, eu comecei a brincar com minhas mãos, e olhei para Tony, a tempo de ver ele me encarando intensamente, como se estivesse me estudando.

"Bem... eu vou achar um hotel, e se você não quiser voltar pra sua casa, você pode dormir comigo."

Pela primeira vez na noite, eu havia percebido que ele carregava uma mochila relativamente grande, do uma tonalidade verde escura, como uma farda militar.

"Eu posso?"

"Maxxie, quando eu fui atropelado por um ônibus, você foi o mais presente de todos os meus amigos. Eu nunca vou esquecer o que você fez por mim. Você pode dormir comigo essa, e quantas noites você quiser."

Depois do ocorrido que desencadeou tanto caos, eu finalmente sorri de verdade, com todo o meu coração. Era como se uma flor começasse a nascer num chão de pedras.

"Tony?"

"Sim?"

"Valeu. Sem você eu estaria morto. Literalmente." Tentei forçar uma risadinha, para descontrair.

"Amigos são para isso, cara."

~. ~.

atualização dupla, porque eu kero.

Take Me, I'm Yours.》TOXXIEOnde histórias criam vida. Descubra agora