Capítulo 3

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Ricardo estava em seu escritório que ficava na parte de cima da "Caliente". De lá podia ver tudo através da grande janela de vidro que dava para a pista de dança da boate.

Ele gostava do controle que isso dava a ele. Saber como tudo estava funcionando e garantir que a noite seria, mais uma vez, um sucesso. Ele não conseguia acreditar em tudo que tinha conquistado do zero.

Aquilo sim era vida. Ele não gostava do caminho que havia sido trilhado por seu pai e tios. Não gostava de se envolver com toda aquela gente engomada e nojenta que vendia sua fidelidade. Não acreditava que estava se metendo naquela confusão de se tornar governador. Prometera ao pai uma eleição. Faria tudo certo para que conseguisse vencer, inclusive aquela falsidade de casamento, mas caso desse errado, e nossa, como ele rezava para que desse, ele não faria isso de novo. Nada de eleições. E ele tinha três anos para convencer os eleitores da família Valença de que ele era um bom candidato.

— Posso saber o que o Sr. Governador tanto observa daqui de cima? As mulheres essa noite estão tão belas quanto ontem? —Alexandre entrou em seu escritório, já fazendo barulho. Ricardo detestava ser interrompido em seu santuário, Alex sabia, mas não podia controlar sua energia e boca grande.

— Não. Acho que não teremos noite com mulheres mais belas que as de ontem — Ricardo respondeu, rindo enquanto se dirigia à sua adega particular a fim de servir ao amigo um bom copo de scotch.

— É. Uma pena. Se elas soubessem que você estaria aqui hoje também, talvez viessem — disse, dando um riso nasalado.

— É bom que não estejam aqui hoje. Afinal, só poderei ter olhos para minha futura esposa — Riu amargamente, mais com a ideia louca de ser governador, do que com a ideia de uma esposa; algo que confirmava sua suspeita: detestava política.

— Oh, falando em esposa, você não me contou sobre ela. Como ela é? Bonita?

Ricardo riu com a pergunta do amigo. Qualquer outro homem perguntaria o que ele realmente gostaria de saber, se a mulher era gostosa. Mas não Alex, ele era cavalheiro demais para utilizar tal palavra. Mesmo na presença de homens. Apesar de ser mulherengo, tomava muito cuidado para não magoar as mulheres e só entrava em algum relacionamento se percebesse que a mulher era madura o suficiente para compreender que com ele, não haveria futuro. Convivera muito com ele, o que o amadureceu. Respeitava verdadeiramente esse cara.

— Cara. Ela é divina. Eu estou fodido. Mesmo. Até porque ela disse que não quer confundir as coisas e, portanto, nada de sexo. Não sei como vou conseguir viver na mesma casa que aquela mulher — Ricardo voltou-se para o colega após organizar os copos de whisky e percebeu que o colega não estava prestando atenção nele. Isso só podia significar uma coisa; mulher.

— Vamos. Me diga. Achou alguém que valha o seu precioso tempo? — Ricardo chegou perto da janela para procurar a moça que encantara o amigo.

— Sim. E são duas. Mais belas que as de ontem. Como escolher? Já que você estará ocupado, preciso me decidir — Alex falava vidrado.

— Onde? — Ricardo ria, enquanto bebia um gole de seu copo e oferecia o outro ao amigo.

— Ali.

Ricardo olhou para onde seu amigo apontava e quase engasgou. Andando em direção ao meio da pista de dança, estava Bia, incrivelmente linda com um vestido branco, com alguns pontos brilhantes, colado no corpo e Natália, com um vestido roxo de alcinha fina que ia a uns 2 palmos acima de seu joelho. Suas costas ficavam meio à mostra com algumas tiras finas ligando um lado ao outro do vestido. Ele era bem apertado e segurava os seios dela. Dava para ver que ela não usava sutiã. Isso só confirmava seus comentários anteriores. Ele estava fodido...

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