Dói

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Dói. Dói ver que não perdeste tempo, não sofreste nem choraste. Dói ver que conseguiste seguir em frente. Dói ver que facilmente encontrastes outro alguém para ocupar o meu lugar. Ou pelo menos para ocupar o teu tempo. Dói ver que o que vivemos não significou nada para ti. Dói ver que num curto espaço de tempo o que insinuavas ser para sempre, acabou. Dói ver que não marquei a diferença, então o que fui eu afinal? Que amor era esse que dizias sentir? Dói não obter respostas a estas e a outras tantas perguntas que deixaste em suspenso para eu decifrar.
Talvez seja tudo uma questão de tempo...
Talvez o tempo traga as respostas que eu preciso mas e enquanto o tempo não passa? O que faço?
Deixaste-me com a vida em standby. Sinto-me perdida. Ainda não encontrei o botão para me ligar de novo à vida. Ando para aqui aos tombos, a bater com a cabeça nas paredes, ainda sem me conseguir equilibrar e muito menos caminhar sozinha.

E, se de um lado da história temos alguém que já esqueceu o passado e pouco se importa com o que ficou para trás, seguiu a sua vida e encontrou um novo rumo.
Do outro lado, ainda temos alguém que sofre com a perda, de amarras insistentemente presas ao passado, sem se conseguir soltar. Trás o peso de um passado às costas. Tenta resistir sendo forte aos bocados mas há dias... Há dias em que a mente parece ter encontrado a paz, livre de lembranças ou sentimentos. Mas depois há outros dias em que a dor consegue ser bastante insistente e levando até, por momentos, a atrasar o progresso dos dias de paz, trocando-os por atormentadoras horas de desespero.

Dói. Dói ver que a tua vida continuou sem mim. Dói ver que o coração que antes palpitava de contentamento por me ter, hoje já não o faz. Tornou-se num lugar mais frio, mais gélido que o próprio Pólo Norte. Tornou-se morada de uma crueldade e indiferença sem fim. E todo o objectivo dessa existência passa por abalar o pouco que sobrou da sua passagem por aqui, da sua passagem por mim. Como que um tornado verdadeiramente devastador, a única coisa que deixaste foram as ruínas de algo semi construído com base em ilusões.

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