Ajudando uma amiga

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A neve fazia um manto suave em Londres. A tarde chegava lentamente ao fim, substituindo a luz cinzenta do dia para as lanternas coloridas das lojas decoradas para a época. O verde e vermelho se sobressaíam em todos os letreiros de lojas, e árvores de natal eram vistas do lado de fora da janela. Sherlock tocava seu violino na melodia típica da época, sendo ouvido pelos seus amigos, John, Mary, Lestrade e sra. Hudson, que haviam chegado para participar da reunião no pequeno, mas aconchegante flat na 221b Baker street. Sherlock Holmes não tinha um caso faz tempo, mas aos poucos, com a boa companhia, estava ficando mais tranquilo.
- Oh, Sherlock, isso foi lindo! - disse a sra. Hudson.
Sherlock sorriu em resposta.
- Bom, acho que estamos prontos para fazer o brinde- John disse, enchendo as taças com champanhe.
- Mas e a Molly Hooper? Ela não vem?- Mary perguntou. - Deve chegar a qualquer momento.
Nesse momento, Molly entrou pela porta. Um rapaz alto, loiro escuro a acompanhava
- Oi gente! Sherlock... - disse Molly sorridente. - Este é Tom!
Todos se cumprimentaram. Sherlock notou o embaraço de Molly, assim como John.
Sherlock sabia que Molly tinha sentimentos por ele, mas ficava contente por ela estar seguindo em frente. Ao menos, o esforço da moça para isso era evidente.
Assim que eles se juntaram, o brinde começou.
- Aos amigos e à família! Feliz Natal!!!
A noite se passou agradável, Sra. Hudson ria e conversava animadente com Mary, Molly e Tom, que parecia desfrutar da companhia da namorada. Sherlock e John conversavam sentados no sofá.
- Ela não para de olhar pra vc- disse John se referindo à Molly - Me pergunto se ela não está somente tentando te fazer ciúmes...
- Se está ou não, não cabe a mim saber, ou ligar pra isso. Pelo menos ela esta com alguém agora.
- Quem? - perguntou Lestrade, entrando na conversa.
- Molly Hooper. - respondeu John
- Oh, Molly Hopper... - continuou Lestrade.- Quem diria não? E eu achando que ela nunca ia desgrudar da sua...
Lestrade apontou para Sherlock e riu. John acompanhou o riso, mas Sherlock se mostrou indiferente.
A festa chegou ao fim, todos foram se recolhendo. John foi o último a sair com Mary.
- Boa noite, Sherlock.
- Boa noite, John. Mary...
Quando Sherlock estava sozinho, tratou de checar sua caixa de mensagem, esperando algum caso que lhe interessasse. Sem sucesso. Talvez amanhã pudesse prosseguir com mais alguns experimentos no laboratório.
No dia seguinte, foi exatamente isso que ele fez. Foi cedo até o laboratório, e Molly já estava lá, também trabalhando. Achou estranho, ela estar tão cedo no dia após o natal trabalhando. Ela parecia tensa. Na noite anterior notou que seu novo namorado estava ficando bem romântico com o champanhe, ela deveria estar mais calma. Ou talvez, seu namorado não tinha sido romântico o suficiente. Decidiu não comentar nada.
- Bom dia, Molly! Tão cedo aqui?
- Bom, você também, tão cedo por aqui...
- É, eu decidi continuar aqueles experimentos... Pode me levar até o necrotério?
- Estou ocupada agora... Pode pegar a chave.
Estranho, Sherlock pensou. Ela era sempre tao pró ativa, parecia tensa e cansada... Por isso ele não tinha um relacionamento. A frustração é sempre inevitável.
Começou os experimentos. Iria testar a reação dos corpos a diferentes tipos de impactos.
Quando subiu para a sala de microscópios com algumas amostras de pele, Molly estava lá, com os olhos mergulhados em seu microscópio, murmurando sozinha. Só notou sua presença quando ele se colocou no microscópio ao lado dela. Ela se calou.
O dia se seguiu normalmente, e Sherlock percebeu que Molly estava mesmo frustrada. Tremia, e se arrepiava com a menor mudança de temperatura, sinal de que estava sensível, possivelmente uma tensão sexual. Os lábios estavam contraídos, sinal de falta de afeto. Fora isso, ela era a mesma Molly Hooper de sempre.
Decidiu voltar para a Baker street, e ver se algo de bom havia chegado em seu e-mail. Nada de novo. Ligou para John e pediu que ele viesse. Não podia. Entediado, passou o resto do dia arranhando as cordas de seu violino, ocasionalmente fazendo buracos na parede.
Dois dias depois recebeu uma visita de John. Ele estava com aquele ar preocupado. John entrou, abriu as janelas e deixou a luz entrar, incomodando Sherlock, que estava deitado no sofá, dormindo.
- Vejo que está sem um caso né? - disse John sentando-se em sua cadeira.
- Eu estou bem... - respondeu Sherlock, tentando proteger seus olhos da luz que vinha da janela.
- Sherlock, não! Mas será possível, você não é capaz de ficar uma semana sozinho? Nos vamos sair hoje, que tal! Vamos ao laboratório, voce me mostra o quê tem feito por lá.
Na verdade, John queria arrumar um jeito de testar o sangue do amigo, para saber se ele não estava se drogando ultimamente.
Quando eles chegaram ao laboratório, o ambiente estava vazio, ou seja, Molly Hooper não tinha ido trabalhar. Nada tao sério, imaginou Sherlock. Só que sem a Molly, a entrada de Sherlock era restrita ao local. - Então, agora o que faremos?
- Simples, a recepcionista deve ter o endereço dela, ou ao menos um telefone. Creio que não será inconveniente se pedirmos pra ela vir fazer o que deveria estar fazendo.
- Encantador. - ironizou John.
Holmes foi até a recepcionista, mas ela informou que não podia passar endereço dos trabalhadores, mas ficaria feliz em passar o telefone residencial dela.
Holmes digitou o número e esperou chamar. Surpreendentemente ela atendeu no primeiro toque. Devia estar perto do telefone.
- Alô? - disse Molly do outro lado da linha, com uma voz fraca e hesitante. Ela devia estar doente.
- Molly, aqui é Sherlock Holmes. Preciso que venha até o laboratório, eu e John estamos aqui e precisamos fazer algumas pesquisas.
- Ah, Sherlock... Eu... Não estou me sentindo muito bem hoje, pode ser amanhã?
- Mas que pergunta é essa? É claro quê não, tem que ser hoje. John está aqui hoje, e sabe-se lá quando vai voltar. - ele disse olhando para o amigo, ironizando o fato dele não ter ido visitá-lo durante a semana. John pegou o telefone.
- Molly, aqui é o John. Olha, pode descansar se você não estiver bem, mas só precisamos do seu cartão de acesso. Então, se você me der seu endereço, podemos ir aí agora para....
- Ah, não, tudo bem, eu já estou a caminho. - Molly interrompeu.
Pouco tempo depois, Molly chega. Sherlock nota que ela esta com a cabeça mais baixa que o normal, e usa uma touca, apesar do tempo não estar tão frio. Mas não havia sinais de gripe, febre, nem nada que comprovasse sua história de doença.
- Você não esta doente, Molly, por que não veio trabalhar? - Holmes a perguntou, esperando que a resposta dela lhe dissesse o porquê da mentira.
- Não, eu estou sim... Mas já estou melhorando....
Ela evitou olhar para eles. Assim que entraram ela colocou seu jaleco e abriu a porta.
- É permitido usar toucas no laboratório, Molly? Que eu saiba é meio contra a conduta.
Ela parou. Ficou calada, e virou de costas para Holmes. Tirou a touca e permaneceu nesta posição, evitando olhar diretamente para eles.
- Obrigado por vir, Molly- começou John. - Sherlock estava querendo me mostrar...
- Não sou idiota, John. - Sherlock interrompeu - John quer que examine uma amostra de sangue minha para saber se ando me drogando. Acha que eu tenho quantos anos, 8?- ele se dirigiu para John. - Mas como não quero que me acuse livremente, não me oponho. Molly, venha tirar uma amostra do meu sangue.
Sherlock quis saber pq Molly estava evitando contato visual. É claro, na posição que ela ficaria para tirar a amostra seria impossível cobrir seu rosto.
Molly foi, nervosa, e enquanto amarrava seu braço com a tripa de mico, ele notou um corte, no supercílio. Ele levou a mão até sua testa.
- O que foi isso, Molly?
- Nada... - ela disse tirando a mão dele de sua testa. - Eu... Cai no banheiro, só isso... Sou mesmo uma desastrada....
Ela riu para disfarçar, mas Sherlock sabia que era mentira. Por qual motivo ela esconderia um machucado, e por qual motivo mentiria sobre ele?
Assim que essas perguntas lhe vieram a mente, John disse.
- Molly, seu namorado está aqui....
Molly se virou, da posição que estava, de frente para Sherlock, para o vidro da sala. Tom estava lá, e acenou com um sorriso. Molly, sem dizer nada, foi até o seu encontro. Sherlock puxou John de canto.
- Eles estão brigando, né? - disse John.
- Receio que é mais sério que isso, John... Molly estava com o corte, e ela mentiu a respeito do acidente. Além disso, ela também mentiu sobre estar doente hoje... Acho que o machucado da Molly tem a ver com Tom. Olhe a mão direita dele.
John viu, um pequeno traço de machucado nos nós dos dedos de Tom.
- Aquele bastardo filho da puta....
Enquanto isso, Molly foi até Tom, e nervosa, disse:
- Vai embora.
- Calma, docinho... Olha, eu vim te pedir desculpas, Você não atende o telefone...
- É porque eu não quero falar com você.
- Molly, eu te amo...
- Hã.... Que jeito estranho você tem de demonstrar....
Tom se irritou com o desafio, e segurou no braço dela.
- Olha eu já pedi desculpas. O que você quer que eu faça?
Neste momento, John separou os dois, e Sherlock ficou entre eles.
- Algum problema? - disse Sherlock olhando para Tom.
- Ah, sabia... - Tom disse olhando para Sherlock. - Você ta tranzando com ele, né vadia? Por isso não quis que eu te ligasse?
John interveio
- Olha, você não fala assim com a moça, ela está se ofendendo...
- Os dois? - continuou Tom. - Você é só faixada mesmo, sabia que era uma puta!
Nesse momento Molly deu um tapa bem sonoro na cara de Tom. Ele foi pra cima dela, mas Sherlock o pegou pelo colarinho.
- Voce nao parece um cara muito esperto, por isso vou lhe dar uma dica. Fique longe dela ou eu te prometo que ninguém de Londres será capaz de descobrir o que lhe aconteceu quando acharem seu corpo.
Tom retrocedeu.
- Uau, você gostou mesmo de comer essa putinha hein? Tem melhores por aí, cara...
Sherlock arrastou Tom pra fora pela gola da camisa e fechou a porta. Ele gritou do lado de fora:
- Você vai mudar de idéia, Molly... Eu vou fazer você mudar de idéia!
Molly estava chorando nos braços de John quando Sherlock se virou. Ele foi até seu encontro, e John disse.
- Vamos levá- la para a sala de descanso.
A sala de descanso do laboratório possuía uma TV velha, um sofá grande de couro preto e algumas poltronas, usadas para os funcionários cochilarem. Eles entraram, e John colocou Molly sentada aos prantos no sofá.
- Fique com ela, eu vou buscar uma água.
Sherlock sentou ao lado de Molly. Não sabia o que dizer. Mas decidiu dizer o que pensava.
- Molly. Você é sempre tão doce, amável. Eu sempre respeitei sua inteligência, nunca pensei que fosse vê-la numa situação deplorável como essa. Há quanto tempo ele te bate?
- Foi só uma vez... - Molly disse com dificuldade, entre prantos. Já não se ofendia com o que Sherlock falava, levando em consideração o que acabara de ouvir. - Foi o suficiente para eu não querer mais vê-lo, mas ele anda me perseguindo...
Watson chegou com um copo de água. Molly sussurrou um obrigado, e o pegou.
- Molly, esse cara é um cretino! Você tem meu número e o de Sherlock, qualquer coisa, não exite mais em ligar.
- Obrigada, rapazes, sério... Mas não quero incomodá-los, ainda mais com meus problemas pessoais...
- Não, John tem razão. Nos preocupamos com você.
- Obrigada.
Molly olhava para Sherlock. Ele sabia que ela não ligaria.
Os dois a levaram pra casa. John disse.
- Bom, que bom que conseguimos evitar. Eu vou na delegacia prestar queixa contra esse cara agora.
- John, ele ameaçou a Molly. As palavras dele, " eu vou fazer você mudar de ideia"... Ele vem hoje atrás dela. Temos que esperar aqui.
John concordou. Eles ficaram de tocaia, em frente a casa de Molly, de um ponto cego. Assim que a noite caiu, eles viram Tom virar a esquina, e entrar com uma chave na casa de Molly. Com certeza havia feito a cópia sem seu consentimento. Os dois correram para a entrada. Sherlock, por ser mais ágil chegou primeiro, mas um pouco tarde. Molly estava no chão, e Tom a segurava pelos cabelos. Seu cinto estava desabotoado. Ele sentiu uma fúria tomar conta dele.
- O que foi que eu te disse?
Sherlock foi até Tom, apertou seu braço para que soltasse os cabelos de Molly, e o socou na cara. Tom cambaleou para o lado, e recebeu uma joelhada no rim. Sherlock o pegou pelo colarinho e continuou socando, repetidas vezes, até sua própria mão sangrar. Com ele caído, Sherlock deu mais alguns chutes. John já havia chegado, e segurou o amigo.
- Sherlock, chega. Assim você vai matá-lo!
- É exatamente isso que eu vou fazer...
Sherlock ergueu a mão mais uma vez, mas John a segurou. Eles se olharam, e Sherlock se acalmou.
- Eu levo esse lixo daqui. Fique com Molly, eu ligo quando resolver...

Fanfic Sherlolly - Simplesmente AconteceOnde histórias criam vida. Descubra agora