Matando Tempo

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O fluxo de pensamentos dele corria melhor que nunca. Ele estava sentado, em posição de lótus. Usou o saco de pancadas da Molly, a tela da tv e o piano para colocar alguns recortes de jornais que ela tinha guardados. A maioria era anotações dele própio. Sherlock sentiu seu estômago roncar e decidiu sair de seu palácio mental. Com fome ele nunca conseguiria. Surpreendeu-se ao perceber que já havia amanhecido e Molly estava com uma caneca de chocolate quente, vestida com um jeans, camisa de manga longa e pantufas, sentada no sofá, assistindo ao noticiário sem som. Ela fizera de tudo pra não tirar a concentração dele. Ele desejou que John fosse mais assim.
- Bom dia!- Disse ele levantando num salto e assustando Molly. Estava de muito bom humor, depois de passar horas em seu palácio mental.
- Bom dia! - Disse ela, sorrindo com a mão no peito. - que susto! Está de bom humor? - disse ela indo para a cozinha, enchendo a caneca que holmes usara e colocando torradas em um prato.
- Estou sim. - disse ele, sentando-se no balcao da cozinha. - o seu apartamento é otimo para pensar. As horas passaram voando. Posso pegar uma? - disse ele, apontando para as torradas.
- Oh, deve, Sherlock. Essas eu fiz para você. Sua caneca esta aqui também. Eu já tomei café a horas atrás. Estou feliz que hoje é minha folga...- ela empurrou a caneca e o prato de torradas para ele. - Então você teve um bom resultado, ahn... pensando... aqui? - disse molly, voltando para o sofá, e Sherlock percebeu que ela estava enrubescendo. Não ligou.
- Sim. você mantém o apartamento limpo, arrumado e cheiroso, e o vidro a prova de som da varanda deixa tudo extremamente silencioso. Lugar perfeito. - disse ele, mordendo uma torrada.
- Que bom que acha... Eu também, sabe... afinal eu que limpo sozinha e cultivo as plantas para o cheiro... - disse ela, rindo baixo.
Sherlock engoliu a torrada... percebeu que ele havia deixado uma bagunça de papéis picados no chão da sala e espalhado papéis por todos os lugares. Molly tirou os que estavam pregados na tela da tv e os colocou pregados no balcão da cozinha, na mesma ordem em que estavam antes, provavelmente para nao atrapalhá-lho...
- Desculpa pelo bagunça Molly... - disse ele, envergonhado. - eu arrumo tudo pra você. - começou a puxar o primeiro papel. - vou embora assim que terminar, você não precisa lidar comigo agora usando a sua casa como centro de meditação, sinto muito. - e começou a puxar os outros papeis. Se virou quando Molly riu alto.
- não me incomodo Sherlock! - ela disse, quando parou de rir. - pode ficar a vontade, gosto de ver você... bom... trabalhando... - disse ela, abaixando a cabeça. - pode vir sempre que quiser. Quanto á bagunça, bom... - ela chutou uns papeis picados, se levantando. - não precisa limpar sozinho, só me ajudar...
Sherlock sorriu, e em seguida sentiu mais raiva ainda ao pensar em Tom. Como alguém iria querer bater nela?
Ele a ajudou a limpar o chão e ela manteve os papeis pendurados para ajuda-lo a pensar mais tarde, de onde ele parou. Só reorganizou os do saco de pancadas na parede do fundo, para ela poder usar o saco quando quisesse.
- Ahn, sherlock... - Disse ela enquanto eles estavam reorganizando os papeis na parede. - muito obrigada mesmo por nao ter ido embora... digo, me sinto aliviada em saber que Tom está preso, mas ter você aqui...
- Ele não foi preso. Ele pulou do táxi quando John o estava levando a prisão. - Disse Sherlock, frio, enquanto prendia os papeis, sem olhar para Molly. - John disse que ligaria quando o pegassem, mas Lestrade que estava a frente, então vai demorar. Percebeu o que tinha dito e olhou subitamente para Molly, preocupado.
Ela estava com um olhar atônito e lágrimas de medo começaram a se formar nos olhos. Sherlock não sabia o que dizer. Odiava ter que lidar com sentimentos. Mas disse a primeira coisa que veio a cabeça.
- Não vá chorar de novo. Ele não esta aqui e eu estou. Se ele entrar, ele terá uma surpresa. E você agora já sabe o que te espera, então vai ser capaz de se defender. - Viu que não estava fazendo muito efeito e começou a ficar ansioso. - Vamos, não vá chorar. Vamos dar uma volta. - Molly pareceu ainda mais apavorada com a ideia de sair de casa e deu piscadas rápidas, as lágrimas cairam. Sherlock a abraçou sem pensar, e ela chorou mais.
Sherlock, apavorado agora, começou a secar as lágrimas dela com a própia blusa, sem delicadeza alguma.
- Para de chorar molly, que coisa... para...
Molly deu um tapa na mão dele e o olhou nos olhos.
- Sei que você nao é bom nisso, por isso não fico com raiva e te peço desculpas. Algumas pessoas não conseguem controlar sentimentos, como o medo. E o que você tem que fazer é simplesmente deixá-las chorar!
Sherlock se espantou com o jeito quase rispido dela e se afastou para deixá-la chorar. Mas então ela envolveu os braços pelo tronco dele, por dentro do paletó aberto, e afundou o rosto no peito dele. Ela o apertava, não com muita força, mas firme. Ele viu que ela estava chorando mais forte e tremendo de medo... ficou com mais raiva ainda de Tom, mas ainda não sabia o que fazer... deu uns tapinhas nas costas de molly, e ouviu a voz dela abafada:
- você tem que me abraçar também!
e ele fez isso. A abraçou pelos ombros, mas estava meio desconfortável...
- Ahn... Molly, vc não quer fazer isso no banho ou em sua cama?... - disse Sherlock, - afinal eu nao posso te ajudar muito mesmo...
- Não, quero fazer aqui! - gritou Molly, com a voz abafada pelo peito dele. - você é grande e faz eu me sentir protegida, e vc também cheira muito bem!
Sherlock se espantou com isso... decidiu entao ficar lá abraçado a ela, balançando o corpo suavemente. Mas não conseguia pensar em nada pra dizer.
- Não consigo pensar em nada pra dizer. - ele foi honesto.
- Não precisa! - Gritou Molly. - só... fique assim...
Sherlock ficou aliviado. Que bom que não precisaria dizer nada. Era só ficar ali, balançando o corpo devagar e a abraçando forte enquanto ela chorava... Ora, era fácil...
Ficou ali pelo que parecia horas, mas quando olhou no relógio, faziam apenas cinco minutos. Finalmente Molly estava soltando dele, e ele respirou fundo, pois já estava quase sem ar.
- Obrigada, Sherlock. - disse ela, parando de chorar, mas o rosto estava inchado. - acho que vou tomar um banho... você vai ficar aqui né?
- Uma hora terei de ir, Molly... - disse Sherlock, tentando não parecer impaciente.
- Hoje não, por favor! - disse ela, se desesperando novamente. - Amanhã eu vou sair para trabalhar e você pode ir. Por favor! - Disse ela juntando as mãos, os olhos enchendo de água de novo.
- Tá bom, eu fico hoje aqui! - disse ele rapidamente, para ela não chorar de novo. - Vá tomar um banho. Eu vou estar aqui quando você sair.
- Obrigada! - disse ela, se aproximando e dando um beijo na bochecha dele.
Ela saiu e ele ficou sozinho na sala. O apartamento era aconchegamente, mas não queria ficar ali todo o tempo. pegou o telefone e ligou para John
- ah, olá Sherlock. Estou na delegacia. Parece que uma testemunha o viu entrar em um beco essa noite, mas Lestrade e eu não o encontramos. você ainda está com a molly?
- Sim, estou... escute... eu posso o achar facilmente, não quer ficar aqui?
- Não, fica ai você. Estamos quase achando.
- Vá a ponte dos mendigos que eu contacto. Procure por Joe. Ofereça a ele 50 libras em nome de Sherlock Holmes e diga o que procura. Se fizer isso vocês acharam Tom ainda hoje.
- Ah... ok, Sherlock, faremos isso.
- Não, você tem que fazer sozinho. Eles nao gostam de policiais. Não fale a Lestrade.
- Ok, tudo bem. Vou desligar agora.
- Espere, preciso de mais uma coisa.
- O que foi?
- Peça pra alguém vir me trazer roupas, toalha e minha escova de dente.. vou ficar aqui hoje, afinal...
Sherlock ouviu John rindo.
- Ok, Sherlock. Hey, você está sendo gentil, fique ai com ela.
- Obrigado pelos elogios. - disse Sherlock sarcasticamente e desligou o telefone. Queria um banho, e dormir um pouco... começou a andar pela sala inquieto. Iria perguntar a Molly se ela poderia pegar algumas roupas de cama pra ele dormir um pouco no sofá. Estava passando em frente ao corredor quando ouviu a porta do banheiro abrir e viu Molly saindo do banho. Ela não estava vestida. Estava de toalha, cabelos molhados. Ele nunca tinha a visto assim, mas a achou muito bonita. Ela provavelmente havia perdido peso, e a toalha curta mostrava que ela corria sempre que podia... tinha pernas bonitas..
Molly o viu parado a olhando e ficou completamente embaraçada. Quase deixou cair a toalha. Sherlock voltou a si.
- Acalme-se mulher! Estava só andando de um lado pro outro! - disse, consternado por reparar no corpo dela. Sem todas aquelas roupas largas e coloridas ela parecia diferente... mais... sexy...
- Claro que sim, Sherlock, sei que não ia bisbilhotar, só fiquei... bom...
Sherlock nao deixou ela terminar a frase.
- Pedi para John me trazer roupas. posso tomar um banho aqui? E se possível, me arrumaria uns lençóis para eu dormir um pouco no sofá?
- Claro, pode tomar um banho. Quanto a dormir, pode usar minha cama. Vou me trocar e preparar o almoço, o barulho e cheiro podem te atrapalhar. - ela tirou uma mecha de cabelo da frente do rosto. Ela era tão bonita.
A campainha tocou. Era Lestrade com suas roupas, e outras coisas. Não quis entrar, estava visivelmente aborrecido pois pediram pra ele fazer aquele serviço.
Assim que Molly saiu do quarto, dessa vez usando um vestido florido, pantufas e cabelo ainda molhado, Sherlock avisou que suas coisas já chegaram, e que queria se banhar agora, se não fosse incômodo.
- Pode ir, Sherlock. Fique a vontade. disse ela, sorrindo enquanto secava o cabelo.
Sherlock a olhou de sombrancelhas franzidas por um pequeno tempo antes de ir até o banheiro. Ele achou completamente estranho estar ali, mas logo se acostumou. Tomou seu banho, escovou seus dentes e colocou uma blusa de moletom com calça social. Não trouxeram nenhum chinelo então ficou descalço mesmo. Quando saiu do banho, Molly estava cortando alguns ingredientes para cozinhar. O olhou e seus olhos se arregalaram. Ela abaixou o rosto, corando em seguida.
- Bom, a cama esta preparada. Quer que eu te chame quando a comida ficar pronta? - ela disse sem olhá-lo.
- Se possivel gostaria que não me chamasse. Vou dormir pouco, mas odeio ser acordado. - disse ele, se aproximando e pegando um pedaço do queijo que ela estava cortando. colocou na boca. - Molly, - disse ele, ainda mastigando o queijo. - minha mente esta programada para eu acordar se ouvir qualquer barulho estranho, uma vez que estou sabendo que você está cozinhando, não vou acordar com qualquer barulho. somente se a campainha tocar, ou um copo quebrar. Não atenda a porta. vou estar logo ali. Me entendeu? - Sherlock levantou o rosto dela com as mãos, já que ela não dava sinais de que estava o ouvindo. Percebeu que ela estava sorrindo.
- O que foi? - disse Sherlock, confuso.
- Nada! Não estou tirando sarro de você... - disse ela, soltando as mãos dele com delicadeza... o toque dela o arrepiou. - você fala engraçado... bom, pode deixar. Vá dormir um pouco. estou bem.
- Ok. ahn.... - Sherlock ia dizer algo, mas se virou e saiu... Ela o deixou encabulado.
Deitou na cama e se cobriu, somente da cintura pra baixo. Ele estava em uma casa estranha, e sentia um estranho aconchego vindo de Molly e daquele apartamento...
- Deve ser mais ou menos assim ser casado... - disse ele para si mesmo, virando de lado e dormindo quase instantaneamente.

Fanfic Sherlolly - Simplesmente AconteceOnde histórias criam vida. Descubra agora