PRÓLOGO

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                                         ST

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ST. ANDREW, MAINE 1928

Emily estava subindo a enorme ladeira que dava para um antigo cemitério abandonado na cidade de St. Andrew. A ladeira finalmente havia terminado, arfando ela observou o local, era todo coberto por grama morta e tinha um cheiro não muito agradável, ali era tudo velho.

Emily realmente não queria estar ali, corvos gritavam sem parar e havia um pouco de neblina, aquele local estava lhe deixando aturdida e nervosa, ela queria ir embora, porém havia uma razão para ela estar ali e ele estava sentado no chão encostado em uma enorme árvore em frente ao antigo cemitério.

- Já estava na hora! - ele se levantou indo em sua direção.

Ela revirou os olhos e sorriu calorosa.

- Você está cobrando muito de mim. - ela fez biquinho - Foi muito cansativo subir essa ladeira toda e eu estou...

Ele a interrompeu agarrando sua face e beijando-a.

- Você está linda. - ele completou a frase dela assim que parou de beijá-la - E estou muito feliz em vê-la.

- Eu também. Senti tanto sua falta, Gabriel. - ela suspirou.

Gregory Sivert, pai de Emily, havia proibido os dois de se verem, pois não aprovava o namoro dos dois. Emily tentara várias vezes convencer seu pai de que Gabriel não era nada do que ele pensava e que ela o amava, mas ele continuara firme em sua resposta e não voltaria atrás. Desde então Emily e Gabriel faziam o possível para se encontrarem às escondidas, e era sempre mais fácil quando Gregory viajava, o que acontecia com muita frequência. Gregory era prefeito e viajava muito para o benefício da própria cidade, qual ela ama.

Gabriel colocou uma mecha de cabelo atrás da sua orelha.

- Um dia nós ficaremos juntos. - ele disse.

Assim que aquelas palavras saíram da boca de Gabriel uma chama de esperança acendeu dentro de Emily, ela acreditava naquilo, acreditava em tudo que ele dizia, mesmo que suas palavras parecessem sonhos impossíveis.

- Venha. - Gabriel puxou sua mão e a guiou para dentro do cemitério.

Emily hesitou um pouco antes de finalmente entrar no cemitério contra sua vontade, mas iria por Gabriel, ela confiava nele, acreditava que ele podia protegê-la de qualquer coisa.

Emily deu uma olhada no céu, estava anoitecendo, a neblina piorando e os berros dos corvos também, mesmo com Gabriel ao seu lado aquilo a assustava.

Eles caminharam pisando nas folhas caídas no chão, após pequenos minutos eles chegaram a uma capela no final do cemitério. Eles entraram juntos na capela, não dava para enxergar muita coisa por causa da escuridão, mas era possível ver algumas velas que já haviam sido usadas pelo chão, Gabriel tirou um isqueiro do bolso e acendeu-as. Aquele local estava dando-a calafrios, ela se abraçou como se aquilo a fosse proteger.

- Gabriel, eu sei que a gente não pode ser visto juntos, mas esse lugar é o pior lugar para um encontro.

Gabriel riu e foi até ela tirando os braços que envolviam seu corpo e ele a abraçou. Ele beijou sua cabeça, mas Emily estava com muita saudade, ela estava sedenta por sua boca, ela ergueu sua cabeça e o beijou apaixonadamente e ele retribuiu o desejo que ela transmitia em um beijo.

Durante noites Emily havia imaginado o cheiro de Gabriel abraçando-a enquanto ele a beijava docemente, como agora.

Eles se desvencilharam do beijo.

- Doce, Em. Sempre tão pura. - ele passou a costa de sua mão por sua bochecha.

Ela encarou seus olhos negros, tão negros quanto misteriosos.

Gabriel se sentou em um canto deitando Emily em seu peito, daquela forma ela acabou adormecendo. Cuidadosamente Gabriel se desvencilhou de Emily e foi caminhando até a porta da capela, Emily acordou com o barulho da grade velha gemendo enquanto se fechava. Ela se levantou com susto ao perceber a ausência do corpo de Gabriel, então ela o viu trancando-a. Ela correu até a grade e sacudiu na esperança de abrir. O terror lhe subiu pela garganta sem nem ao menos entender o que estava acontecendo, mas ela sabia que não era coisa boa, era evidente.

- Gabriel, que brincadeira é essa? - ela sacudiu a grade de novo.

Gabriel sorriu.

- Não é uma brincadeira, Em. - ele respondeu sério.

Ela estava prestes a chorar, Gabriel era a última pessoa quem ela imaginaria que fosse fazer uma brincadeira dessas.

- Gabriel, o que isso? - ela gemeu - O que você está fazendo?

- O que parece?

As lágrimas desceram pela sua face, ela se sentia tão traída, não fazia ideia do que Gabriel estava fazendo e por que estava fazendo, mas se sentia traída e sentia nojo de si mesma por todo esse tempo não ter acreditado em seu pai, era tudo sua culpa, ela fora inocente demais, boba demais. O amor é uma desgraça, um demônio disfarçado de inocente, só esperando que nos tornemos vulneráveis o suficiente para que ele dê o bote. Alguns dizem que o amor é uma dádiva, porém o amor sabe ser uma verdadeira desgraça.

- Por que, Gabriel? - ela soluçava - Por que eu?

Ele fez um biquinho, agindo de forma hipócrita.

- Porque eu preciso de você morta. - ele disse de forma casual colocando suas mãos no rosto dela pela grade.

- Por quê? - ela gritou - Você me enganou! Eu acreditei que me amava de verdade.

Ele pensou por um segundo.

- Eu até cheguei a gostar de verdade de você. - ele disse genuíno - Mas não era amor. - concluiu com uma voz fria e com o mesmo desdém da palavra que ela mesma havia pegado alguns minutos atrás.

Emily apenas chorava, desejando por uma misericórdia que nem ela mesma acreditava.

- Por favor, me tira daqui! Não faça isso comigo!

Ele a beijou pela última vez.

- Adeus, Em. - foi tudo o que ele disse antes de deixá-la gritando seu nome.

Sua voz se tornava cada vez mais distante de acordo quando ele ia se afastando, mergulhando na escuridão semelhante aos seus olhos, a sua alma. Emily chorava de medo antecipado, ela mal sabia o que lhe esperava em seguida.


SACRIFÍCIO - (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora