A doce melodia

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Passei o resto do fim de semana submersa em filmes, maratona de terror, muito bem aproveitada. Na segunda-feira eu fui para a aula, mas deveria mesmo ter ficado em casa.

Ao chegar no colégio, mais especificamente na sala onde eu estudo, eu tive um dos maiores choques da minha vida! Dei alguns passos inseguros até chegar perto do quadro, os olhos marejados mas eu me recusava a chorar ali na frente de todos. Muitas coisas estavam escritas em letras garrafais.

"ELIZABETH, A "VIRGEM""

"Disk virgem (8781-5657)"

"Liz, a garotinha suja."

Eu não sabia o que fazer, estava inerte. Só poderia ser um pesadelo, meus olhos só podiam estar me enganando. Olhei para a porta e estavam várias pessoas ali, de todo o ensino médio e talvez, algumas do fundamental. Mas uma chamou ainda mais minha atenção, um rosto que eu conhecia bem e sorria para mim de forma cínica. Simon.

Eu estava tonta, meu estômago se contraiu, era como se o chão não estivesse seguro como sempre, parecia que eu ia cair em um buraco sem fundo.

Foi então que eu senti braços acolhedores ao meu redor, me fazendo virar de costas para aquela bagunça e então me envolver em um abraço forte e seguro, como se soubesse que eu estava prestes a quebrar, e sim, eu reconheceria aquele cheiro em qualquer lugar, Maggie.

Meus olhos estava ardendo, eu queria chorar, mas continuava me recusando e me limitando a uma respiração alterada, assustada.

- Calma, Liz, calma... Não olhe, apenas se concentre em mim, tá? - Ela falava em uma voz doce, mas eu não me acalmava.

Eu amo a Maggie, mas eu não queria abraços. Eu queria sumir, entrar em combustão ali mesmo. Empurrei ela devagar até que me soltasse totalmente, olhei para a porta e vi que o número de pessoas ali só aumentava. Acho que surtei de vez porque saí correndo em disparada, passando por cima de quem estivesse no meio.

Eu corri, corri e corri mais. Saí da escola, as lagrimas quentes já rolavam pelas minhas bochechas. Só parei de correr quando cheguei em um parque infantil, não havia ninguém ali, então sentei em um gramado, em baixo de uma árvore e chorei.

Chorei.

Chorei mais.

Chorei como um bebê.

Porque Simon fez isso?

E daí que eu nunca quis ir para a cama com ele? Esse tipo de coisa não deveria ser motivo de humilhação. Mas era.

Meu celular tocou. Maggie. Não atendi.

Eu queria ficar só.

Chorar mais.

E chorei tanto que acabei dormindo, ali mesmo, sentindo o cheiro da grama e da terra úmida, na sombra da grande árvore.

Fui tirada do meu sono pelo celular vibrando no meu bolso, abri os olhos e a luz do meio dia quase me deixou cega, peguei o celular e olhei em sua tela, era Maggie outra vez.

- Hm? - Falei sonolenta, lerda, porém ainda magoada com o que acontecera.

- Liz! Graças a Deus! Onde você está? Sua mãe disse que ainda não estava em casa! - Ela falava tão depressa que era difícil acompanhar, mas eu sentei rapidamente quando ela mencionou a mamãe.

- Você falou com a mamãe? - Meu tom era preocupado. A mamãe ia dar um troço.

- Liz, eu estava preocupada... Tive que falar com ela. - O tom que Maggie usava era quase um pedido de desculpas, respirei fundo.

Diário De Observação de Elizabeth JonesOnde histórias criam vida. Descubra agora