A Verdade Sobre ser Universitário

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Como estamos no início de mais um período (para aqueles que cursam ensino médio e afins) ou somente um semestre mesmo para quem não cursa nada, ou prefere chamar assim), na verdade tanto faz, resolvi começar trazendo algumas verdades que não te contam por aí sobre o que a tua vida vira quando você come um curso superior.

Pessoas mais ou menos da minha idade (24 fucking anos) provavelmente viram na sua infância/adolescência algum filme sobre a feliz e agitada vida universitária, que eram febre por aquelas épocas (Oi, American Pie!) e, quase que certeza, se imaginaram sendo lindos naquele futuro distante (que chega mais rápido que um tiro, não se engane) onde estariam cercados de pessoas bonitas, interessantes e legais, em festas a beira de piscina, no campus universitários cheio de gente cool nas suas turminhas estilosas (Aaaaah, Mean Girls <3) e, principalmente, os amores e pegações fartas que aconteceriam 24h/dia e 7dias/semana. Olha, se você está nessa fase de sonhar com isso, não é por nada não, mas não seja Alice e pare com isso agora, mana. É melhor te preservar, porque isso tudo que imaginamos é UMA GRANDE MENTIRA.

No meu primeiro dia de aula em uma faculdade fui eu todo empolgado. Quando entrei no meu bloco já me senti sendo atropelado pela patrolinha-destrói-sonhos. Eram só uns corredores sem fim, sem graça, sem energia juvenil, cheio de portas marrons, com cara de hospital e aquele ar pesado. Se eu cedesse à vontade e chorasse ali em canto qualquer, bem provavelmente conseguiria ouvir o som da lágrima escorrendo na minha pele e pingando no chão branco-tristeza. Nesse momento já achei que a coisa estava toda meio errada. Mas, ok. Pode melhorar, não é mesmo? Não. Não é. Custei encontrar qual seria minha sala e quando entrei olhei pra aquelas quarenta pessoas olhando pra minha cara, mas que pareciam quatrocentas, me tremi todo. Com certa dificuldade, encontrei uma cadeira vazia no meio da sala e me sentei. Infelizmente me sentei no centro de um triangulo onde três rapazes recém-amigos conversavam sobre assuntos aleatórios e cada um mais merda que o outro. Eu só sabia rezar pra cair um diazepan na minha mesa ou ter um AVC naquele recinto porque a situação estava fora de controle. Aquilo não era meu mundo. Mas muito que bem. O tempo passou, fui me adaptando, fiz amizade com aqueles otários, me tornei otário também e assim seguimos o fluxo que deveria nos levar à um ambiente equilibrado, o que claramente não aconteceu.

Tenha consciência de que quando você fizer amizades na sua sala ou na faculdade em geral, isso não vai garantir que sua vida vai dar o "pontapé" inicial pra rolar o American Pie e fazer acontecer seu sonho de adolescente tardio, pelo contrário. Muito provavelmente você irá se matar estudando pra ouvir aquele coleguinha que não estudou te pedindo cola pra salvar a pele dele ou esse indivíduo chato poderá ser você (pois é, isso não morre no ensino médio), mas, por favor, não seja ele. Terão quantidades exorbitantes de trabalhos pra fazer em um micro espaço de tempo, e aqueles que deveriam ser em grupo e você acabar fazendo sozinho por falta de interesse dos amigos ainda será criticado por eles. Você pode fazer bons amigos, isso acontece, meus amigos conseguiram. Vocês podem sair, festar, virar noites, mas isso, com plena certeza, vai acabar com seu "bom rendimento" acadêmico, e daí o trem só vai descarrilhando. Fora que chegarão momentos em que sua vida social vai se tornar inexistente por falta de tempo, ou por falta de ânimo, ou por falta de dinheiro, ou por falta de amigos, ou por tudo isso junto. Tudo o que você vai saber fazer é implorar por mais horas no dia pra conseguir lidar com o mínimo de suas obrigações, ter um sono minimamente descente, comer algo que preste e ter condições de fingir que é uma pessoa normal. Isto não é pessimismo, isto se chama fatos. Aprenda a lidar com eles.

Outra coisa que você vai ter que ver morrer, chorar em silêncio e manter luto eterno é a sua vida financeira. Se você tem uma que já é quase inexistente, se prepare para em breve ter que retirar o termo "quase" dessa frase (bendita seja a experiência própria). Serão livros extremamente caros e de uma qualidade de edição péssima – que as editoras leiam isso um dia – xerox nova a cada ciclo do ponteiro de segundos do relógio, e muito material especial: folha especial, lápis especial, caneta especial, gente especial, água especial... UM INFERNO! Especial deveria ser a preservação da minha precária qualidade de vida financeira. Fora uns lanchinhos que você precisa fazer de vez em quando pra não ficar com o estomago roncando na sala e com a cara branca-azulada, mas especialmente pra conseguir tem uns curtíssimos momentos de possível interação social.

Agora é a parte em que "a porca torce o rabo" de verdade: paixões (vulgos crushs). Esquece, querida. Você vai ter muito disso, mas isso É SÓ ILUSÃO, DOR E SOFRIMENTO. Já vamos buscando um jeito de tirar essa ideia da cabeça (se conseguir me ensine). Num espaço de mais ou menos umas três horas você vai conseguir crushar algum funcionário da faculdade, algum aluno, alguém do ônibus (ou trem, metro, trânsito em geral, não importa, você vai conseguir isso sim! Só citei ônibus porque dali brotam amores a cada viagem). E o que você vai conseguir com isso? SÓ ILUSÃO, DOR E SOFRIMENTO. Tu vai acabar apaixonando em alguém da faculdade, vai pagar um absurdo num lanchinho qualquer só pra ter desculpa pra ir na lanchonete ver a the monia da pessoa e ela nem sequer vai te notar lá, e se ver você vai estar espirrando ou tossindo igual uma égua, ou tropeçando, derrubando alguma coisa ou apontando pra ela (crying in the real facts language). Mas tá, vamos às suposições: Tu tá lá de boa e a pessoa te olha, você olha pra ela... e aí, vai fazer o que? Absolutamente nada porque TU É TROUXA! Mas deixemos isso para abordar em um próximo capítulo dedicado ao tema porque precisamos fuçar isso e resolver muitas questões intrínsecas nisso.

Com certeza existem desilusões que esqueci de citar sobre a maravilhosa e devastadora experiência de ser um universitário e que não te contam a verdade e deixam você sonhando como uma otária.

Tá vendo? Ser universitário é um bom motivo para sofrer, mas não sofremos (ou pelo menos tentamos) porque somos fortes.

O Livro das Auto DesilusõesOnde histórias criam vida. Descubra agora