Cenas 01 a 10

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CENA 01 - INT. CASA DE KELLY / SALA - DIA

A CASA DE KELLY é um sobrado com uma sala ampla com uma escada que a separa da copa e cozinha. Os quartos ficam no andar superior.

A sala está vazia. A campainha toca. Ana aparece vinda da cozinha limpando as mãos com um pano de prato.

ANA é a tia de Kelly, cunhada de seu pai. Mudou-se para a casa para cuidar de Kelly após a morte de sua mãe, quando ela era ainda criança.

Ana abre a porta

CARTEIRO: Bom dia!

ANA: Bom dia!

CARTEIRO: (entrega a carta) Carta para Kelly Calegari.

ANA: (assina o recibo) Obrigada!

Ana analisa a carta com atenção.

CÂMERA MOSTRA descrição do remetente, onde diz apenas Uma amiga.

CENA 02 - INT. CASA DE KELLY / CORREDOR - DIA

Ana vai até a porta do quarto e bate.

ANA: Kelly! Hora de acordar.

KELLY: (Fora de cena) (desanimada) Já estou descendo.

CENA 03 - INT. CASA DE KELLY / COPA - DIA

KELLY é uma garota de cerca de 16 anos que mostra no semblante o sofrimento que vem passando por divergências com seu pai.

Kelly desce as escadas com materiais escolares.

Ana está sentada e surpreende a garota entregando a carta assim que se senta à mesa.

KELLY: O que é isso?

ANA: Como poderia saber! Quem mandou não citou o nome no envelope. A letra não parece ser dele, mas se for quem eu estou pensando, vou me arrepender de ter entregado a você.

Kelly examina o envelope.

KELLY: Não; não é dele. Diz que é de uma amiga.

ANA: Talvez ele mandou outra pessoa enviar o conteúdo!

Carla deixa os materiais sobre a mesa e sobe novamente para o quarto.

CENA 04 - INT. CASA DE KELLY / QUARTO - DIA

A garota entra abrindo a carta, se senta na cama e lê as poucas palavras: Não se desespere, estou enviando ajuda.

CÂMERA MOSTRA conteúdo da carta.

CENA 05 - INT. CASA DE KELLY / COPA - DIA

FELIPE é o pai de Kelly. Um senhor de aparência distinta e imponente.

Felipe desce as escadas e se senta na cabeceira da mesa.

FELIPE: Onde está aquela menina?

ANA: Eu já a chamei. - Entreguei uma carta a ela e não a vi mais. Deve estar no quarto.

FELIPE: Carta? Mas que carta?

ANA: Uma carta que chegou para ela. (coloca os pães e o café na mesa) Dizia que era de uma amiga, mas não disse o nome.

FELIPE: Vá chamá-la de novo.

Ana sobe as escadas.

CENA 06 - INT. CASA DE KELLY / CORREDOR - DIA

Ana bate na porta.

ANA: Kelly. Seu pai está chamando.

KELLY: (Fora de cena) Estou descendo.

CENA 07 - INT. CASA DE KELLY / COPA - DIA

Felipe e Ana a aguardam tomando o café.

Kelly desce as escalas e se senta.

KELLY: (acanhada) Bom dia!

FELIPE: Bom dia! - Que história de carta é essa?

KELLY: (amedrontada) Eu recebi de uma amiga, não diz nada demais.

FELIPE: Posso saber o nome desta amiga? E por que ela não quis colocá-lo no envelope.

KELLY: (para Ana) Pode me passar a manteiga, por favor.

FELIPE: Responda minha pergunta.

Ana entrega o pote para Kelly.

KELLY: É Cláudia. Eu não sei por que ela não pôs nome no envelope. Mas a tia viu a carta, era letra de mulher e dizia uma amiga.

FELIPE: Eu sei muito bem que se te pedir esta carta, você irá inventar alguma desculpa ou até cheguemos a brigar por isso. Para evitar esta situação vou simplesmente acreditar em você, mas quero deixar uma coisa bem clara: não faça eu me arrepender. Não quero mentiras nessa casa. Entendeu?

KELLY: Sim!

CENA 08 - EXT. EM FRENTE AO BAR DO ERNESTO - DIA

O BAR DO ERNESTO é um bar-restaurante que fica de frente para a PRAÇA CENTRAL. Ao redor dela ficam, além do Bar do Ernesto, outras residências que se integram à história.

NICOLAS é um homem cordial e enigmático. Veste roupas sofisticadas que o contrastam do ambiente em que se encontra chamando a atenção das pessoas da pequena cidade.

Nicolas chega num belo carro branco, e estaciona em frente ao bar. Desce do carro chamando a atenção das pessoas que passam na rua e entra no bar.

CENA 09 - INT. BAR DO ERNESTO - DIA

IRVIN é balconista, auxiliar de Ernesto.

Irvin vem atendê-lo.

IRVIN: O que deseja?

NICOLAS: Um café, por favor.

Irvin o serve e sai.

Nas mesas do salão há poucos clientes, dois casais, um senhor de idade que lê o jornal do dia e um outro homem solitário em sua mesa.

Nicolas se acomoda em um banco e se põe a observar a praça em frente onde, entre as casas em seu entorno, está a casa de Kelly

Ernesto vem até ele.

ERNESTO é um típico comerciante de cidade pequena. Comunicativo e pouco discreto, mas cheio de boas intenções.

ERNESTO: Está de passagem, senhor?

NICOLAS: (virando o rosto) Não. Eu pretendo ficar um tempo por aqui.

ERNESTO: Mas o que o trás aqui então?

NICOLAS: Vim ajudar uma amiga.

ERNESTO: Deve ser um problema sério! O senhor parece ser uma pessoa muito importante.

NICOLAS: É serio sim. Mas a importância de uma pessoa não está em sua aparência, mas em suas atitudes.

ERNESTO: Mas a aparência vale muito. Qualquer pessoa respeitaria um homem elegante como o senhor, e não daria a mínima importância a um homem simples como eu.

NICOLAS: Mas o que essas pessoas não sabem é que alguém como eu poderia estar simplesmente a serviço de alguém como você.

Nicolas retira algumas moedas do bolso. Paga o café e se levanta.

ERNESTO: (confuso, recolhe as moedas do balcão) Enquanto estiver na cidade, será sempre bem vindo ao nosso estabelecimento.

Nicolas agradece com um aceno e sai em seu carro.

CENA 10 - INT. CASA DE KELLY / QUARTO - NOITE

Kelly está vestida para dormir senta em sua cama. Pega a carta na gaveta do criado mudo e a lê novamente. Pega o envelope e procura o carimbo da origem.

CÂMENRA MOSTRA o carimbo que diz: Recanto das Almas.

Roteiro - Pessoas além de especiaisOnde histórias criam vida. Descubra agora