Capítulo 3 - Nature Power

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Os olhos de Fernandes voltam ao normal, a sua costumeira cor avelã. Ele se sentiu tão bem ao abraçar Manoela que uma parte nova e ainda desconhecida do seu ser acabou de despertar. O conforto e o prazer que aquele singelo abraço lhe deu não tinha nada a ver com sentimento, tinha a ver com a sensação do poder dentro dele crescendo e ansiando por libertação.

— Como você sabia que eu estava aqui? – Fernandes pergunta curioso.

— Sua vizinha te entregou assim que me viu insistentemente batendo na porta de um apartamento vazio. – Ela sorri.

— Que vizinha?

— Uma senhora... Enfim, sabe, Fernandes, eu ainda não acredito que aquilo aconteceu... que isso tá acontecendo.

— Eu acho que não estou entendendo... Por que você está aqui? O que você quer comigo? – Ele franze a testa e inclina a cabeça para o lado.

— Olha, Fernandes, eu sei que Fred pode ser idiota às vezes...

— Ele é idiota o tempo inteiro. – Ele a interrompe corrigindo-a. – Mas o que Fred tem a ver com você estar aqui?

— Então, eu vim aqui pra me desculpar com você por Fred... – Manoela abaixa a sua cabeça em sinal de vergonha ao dizer isso.

Fernandes solta um riso achando aquilo um completo absurdo e logo depois fala num tom sério:

— Manoela, você não tem que se desculpar comigo por absolutamente nada. Isso quem tem de fazer é apenas o seu irmão.

— Eu entendo o seu orgulho e tudo, mas...

— Orgulho? – Ele a interrompe novamente e balançando a cabeça negativamente e fazendo uma expressão no rosto de desprezo ele prossegue. – Você sabe muito bem que Fred me humilhava constante e incessantemente. Na verdade, nem era só eu que ele humilhava, mas todos nós. Então, você tem a coragem de olhar na minha cara e dizer que eu sou orgulhoso?

Manoela fica em silêncio ao ouvir o que ele diz, durante esse tempo ela fita seus olhos e finalmente faz a pergunta que sempre teve vontade de fazer, mas nunca pôde:

— Por que você tem tanto ódio dele?

Fernandes sorri como se não acreditasse naquilo e responde:

— Quando é que você vai entender que é ele que me odeia?

— Tá. Tudo bem, Fernandes. Eu já percebi que não adianta falar com você.

Ela se chateia e resolve se apoiar no parapeito e observar por alguns segundos a vista da cidade lá de cima até que Fernandes resolva compreender que ela simplesmente não quer mais desentendimentos ou desavenças entre ele e o seu irmão, mas sua tentativa é severamente frustrada, pois neste exato momento um helicóptero completamente preto passa por eles sobrevoando muito baixo e por pouco não os acerta em cheio.

Entretanto, na tentativa de se esquivar do helicóptero, Manoela acaba tropeçando e caindo do terraço. Por sorte, ela consegue agarrar-se ao parapeito, mas sabe que não tem forças suficientes para aguentar aquilo por mais que alguns segundos. Ela grita e Fernandes imediatamente se debruça sobre o parapeito para salvá-la, mas Manoela não aguenta e solta a sua mão do parapeito.

— Manoela! – Ele grita.

Instantaneamente seus olhos ficam tomados pela cor verde. Não mais só sua íris ou as veias dos seus olhos, mas o olho todo em si. Um verde-esmeralda intenso, vivo. Com as duas mãos erguidas, cipós saem delas numa incrível velocidade alcançando Manoela e entrelaçando-se ao seu corpo, poupando-a de uma queda que certamente a mataria.

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