Estava tudo indo ótimo, conforme o planejado. Sair, beber, dançar, e deixar o celular no outro hemisfério do mundo, no caso a bolsa da minha amiga, para evitar ligações constrangedoras. Estava na sétima latinha de cerveja, quando me viro e dou de cara com a Daniela. Eu não expliquei, né? Bom, vou resumir. Eu namorava uma menina linda e piranha chamada Elena. Cabelos longos e bem negros, pele escura e olhos os quais tenho que admitir, maravilhosos. Ela me traiu com outra piranha, a tal Daniela. Enfim, voltando à história. Eu a vi, e meu corpo inteiro já encheu de ódio. Eu sempre tive ciúmes da Elena com a Daniela, e não era pra tanto né? Mas, no mesmo instante que meu corpo foi possuído pela raiva, o universo me iluminou e minha amiga, Roberta, já chegou com dois shots só aos berros "Vira! Vira! Vira!". Tive que virar.
O resto da noite foi bem normal e previsível. Ficamos bêbadas e fomos embora para minha casa. No taxi, bêbada e pensativa, só conseguia lembrar de Daniela. E do quanto ela me fazia bem. Do quanto ela era linda. Do quanto ela era perfeita. Do quanto eu fui trouxa. Do quanto eu fui corna. Dai, o ódio foi me consumindo novamente. Foi consumindo tanto, que chegando em casa, na portaria ainda, deixei uma mensagem de voz para ela. Xingando, aos berros e aos prantos, das piores coisas. Ela foi a única menina que eu amei. Que eu me entreguei. Que eu confiei. E como ela teve coragem de fazer isso? Na boa, eu sou muito trouxa mesmo. Tão trouxa que comecei a me culpar pelo erro dela! Eu ficava pensando: "será que não fui o suficiente?", "eu era boa de cama?", "eu fiz algo errado?". Não! Eu não fiz nada de errado! E nada justifica uma traição. O resto eu devo admitir que não lembro. Amanheci com dor de cabeça. Com muita dor de cabeça. Parecia que eu tinha colocado minha cabeça dentro de um liquidificador e ligado no máximo. E depois ficar girando em torno de mim mesma. Foi péssimo.