Forever

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Era uma tarde de inverno, eu e Victor estávamos brigando novamente, porque descobri que ele vinha saindo com outra garota, depois de muito discutir ele falou que tudo entre nós dois estava acabado.

- Victor você não pode fazer isso comigo. -falei chorando.

- Não só posso, como já estou fazendo Rosaflor. Você precisa entender que não passou de uma diversão para mim.

Eu soluçava de tanto chorar e continuava tentando argumentar:

- Mas eu te amo e não posso viver sem você, não pode me abandonar depois de ter falado tantas vezes que me ama.

- Me esqueça Rosaflor, é o melhor que você pode fazer.

Ele disse saindo e batendo a porta de minha casa...

*****

Faziam três semanas que Victor e eu havíamos terminado, na verdade que ele havia terminado comigo, nesse tempo não deixava ser vista pelos meus pais, não queria que eles vissem a tristeza estampada em meu rosto.

Não queria que soubessem que a garota encrenca, na verdade era uma menina frágil.

Por isso quando não estava trancada em meu quarto escrevendo sobre suicídio, ficava fora de casa planejando o meu suicídio.

Naquela manhã sai cedo de casa, usando uma regata preta e um shorts curto, precisava acabar com aquela dor de uma vez por todas. Sem o meu Angel e sem Victor eu não tinha mais razões para viver.

Meu Angel, ao me lembrar dele lágrimas tomaram conta de minha face, faziam sete meses que não trocávamos uma palavra sequer e a culpa era toda minha, havia terminado com ele numa noite de lua cheia, tudo para ficar com o Victor e para contrariar meus pais que sempre aprovaram meu namoro com Ângelo por ele ser um bom garoto, e agora eu não tinha nenhum dos dois.

Passei o dia inteiro ocupada organizando minha morte certa, no fundo sabia que não era certo planejar uma morte, que as coisas deveriam acontecer naturalmente, mas mesmo assim estava planejando a minha.

Logo a noite chegou e com ela um vento gelado, pensei em ir para casa e vestir algo mais quente, porém pensando direito percebi que o frio não iria fazer diferença nenhuma dali algumas horas.
Peguei as garrafas de whisky que havia comprado e me encaminhei pro lugar escolhido, o lago.

Naquele lago eu havia vivenciado os melhores dias de minha vida, juntamente com meu avô, ele me levava muito lá quando mais nova, para me contar histórias, me dar conselhos, cantar diferentes músicas... Mas a morte o levou, tirando aquele que amava de mim, novamente me senti sozinha, agora mais do que nunca...

Sentei-me no piso de madeira e abri a primeira garrafa, comecei a beber no gargalo mesmo e relembrei de tudo pelo que eu passei ali com meu avô e dos meus mais sinceros sorrisos, os beijos com Ângelo...

A bebida ajudava esquecer do frio pois me aquecia por dentro, sabia que quando levantasse logo cairia, nunca fui boa em beber. O vento fazia com que meus cabelos negros esvoaçassem pelo meu rosto...

Já tinha tomado mais da metade da segunda garrafa e estava a cantarolar inaudivelmente uma das canções de meu avô quando ouvi passos no piso de madeira, logo pensei que fosse a deusa da morte que finalmente atenderia meu pedido, nem pensei em como tola soaria, somente falei:

- Você resolveu ter piedade?

Ouvi quem quer que fosse se aproximar e então afastar minhas duas garrafas de whisky para poder sentar.

- Rose, sou eu, Ângelo.

Ao ouvir aquela voz familiar me chamando de um apelido a muito tempo não utilizado, trouxe mais lembranças e saudades.

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