1º capítulo

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"Oh meu deus! Ela está a acordar! Enfermeira!" tento manter os meus olhos abertos por mais de 10 segundos, apreendendo algumas linhas um pouco desfocadas no meu campo de visão "Mariana? Abre os olhos querida, já estiveste demasiado tempo a dormir" uma mão desliza lentamente sobre a minha testa e a minha cara e essa sensação faz-me querer voltar a dormir "Mariana, sabes quem eu sou?" presto melhor atenção à pessoa que chamava por mim sempre que fechava os olhos.

"Claro que sim, és a minha irmã" ouço um suspiro da sua parte "o que é que se passou?" olho em volta e percebo que estou numa cama de hospital. Outra vez.

"Tu não te lembras?" Diana pergunta um pouco confusa mas com o meu silêncio continua com a seu explicação "tu caíste, e caíste muito mal. Partiste uma costela e o teu pé está em muito mau estado, mas a tua coluna..." os olhos claros enchem-se de lágrimas mas nenhuma se atreve a cair "tu deslocaste a coluna. Os médicos achavam que não havia salvação, que ias ficar sem caminhar para o resto da tua vida. Mas um milagre aconteceu e conseguiram por-te a coluna no sítio. Não podes caminhar para já, a operação ainda é muito recente, por isso não vamos ter pressa" lá fora está escuro mas a iluminação artificial ultrapassa as janelas com vista para a cidade e observo melhor a minha irmã. O seu cabelo que antes parecia tão brilhante agora está amarrado de uma forma desajeitada, talvez com alguns dias sem ser lavado. O seu rosto mostra-se cansado, principalmente devido às profundas olheiras visíveis.

"Há quanto tempo estive a dormir" faço a única pergunta que me salta à mente desde que acordei. Um bocado receosa, Diana responde.

"2 meses" arregalo os olhos e penso melhor. 2 meses? Parece que foram apenas algumas horas de sono "eu sei, mas agora estás acordada e é o que interessa agora. Mas estão a brincar comigo, já toquei nesta campainha um milhão de vezes e ainda não chegou ninguém" gargalho ao vê-la levantar-se um pouco desajeitada por ter um cobertor sobre as pernas e abrir a porta do meu quarto, bem, quarto provisório.

Segundos depois, uma senhora com os seus 50 anos talvez, faz-me algumas questões para fazerem o registo daquilo que me lembro.

"Muito bem, agora que já estás acordada, vamos te levar por um bocado para te fazermos alguns testes, apenas para termos a certeza que já está tudo bem contigo e com a tua coluna, pode ser?" olho a minha irmã e consigo ver nos seus olhos que não me quer deixar ir, mas assente na mesma. Com ajuda de um enfermeiro, sou colocada numa cadeira de rodas e sou transportada pelo um longo corredor.

"Foi uma queda e tanto querida" a enfermeira, Sónia de acordo com a pequena placa branca pendurada no seu uniforme, diz um pouco admirada "tiveste muita sorte sabes? O teu coração deixou de bater por 3 minutos, mas os nossos médicos não desistiram de ti. Para eles, tu foste um milagre" ouço-a atentamente quando chegámos a uma sala com uma máquina e uma cama por baixo "vamos te deitar aqui e vou te pedir para respirares fundo e tentares não te mexer. A seguir vamos tirar-te sangue para ver se os antibióticos já fizeram efeito e se a tua anemia melhorou okay?" assinto mais uma vez sem ter outra opção.

*

"Ugh estou cheia de fome que era capaz um boi" resmungo para mim mesma quando me ajeito na cama. Diana gargalha e inclina-se para frente, tirando algo debaixo do cadeirão onde provavelmente dormiu este tempo todo que estive em coma. Sentindo o delicioso cheiro a batatas fritas, a minha boca começa a salivar quando vê um saco enorme do McDonald's.

"Agradece ao Liam, o médico disse que era provável que ficasses com fome quando chegasses por isso ele foi de propósito buscar para ti" abro o saco e estou capaz de devorar aquela comida toda numa só dentada.

"Quem é esse tal Liam? Não sabia que namoravas com um inglês? Posso conhecê-lo?" tento conciliar falar e comer ao mesmo tempo mas o meu plano corre mal quando um bocado de batata frita cai sobre o meu colo. Parando o que estava a fazer, Diana olha-me atentamente antes de falar.

"Não te lembras dele?" a enfermeira disse que eu poderia estar com amnésia temporária, mas que a podia recuperar à medida que o tempo passasse. Nego e continuo a comer descontraidamente "fica aqui, eu já volto" não dou muita importância e presto atenção ao que passa na televisão. 

Como assim não me lembro desse tal Liam? A última vez que a minha irmã teve um namorado foi um idiota que não a tratava como devia de ser e apanhou porrada dos amigos dela. Amigos do secundário. A minha irmã já tem 24 anos. Isto não faz sentido nenhum. O que é que aconteceu nestes 2 meses que eu não sei?

Pouso o hambúrguer que tenho na mão e afasto o saco de papel da minha cama, apanhando na vista a mala de Diana. Será que ela tem algo que me ajude a lembrar de algo? Do Liam? Eu preciso mesmo de saber. Olho para a porta certificando-me que ninguém entrou e volto a minha atenção para a grande mala. Abro lentamente e rio-me com a grande confusão de roupa. Reviro um pouco e toco em algo que me chama a atenção. O meu telemóvel. 

Gargalho ligeiramente quando vejo que o meu telemóvel continua com a pequena rachadela no canto superior direito, consequência de Bia e Rita andarem a mexer no meu telemóvel e quando Rita tentou atirá-lo para Bia, ela péssima a desporto, falha miseravelmente e eventualmente parte quando choca com o chão. Nesse dia fiquei tão furiosa que as expulsei de minha casa e quando vim a saber, 10 minutos depois, estavam as 2 a brincar na minha piscina. Já esquecido o incidente, junto-me a elas e no fim ficámos completamente ensopadas junto à piscina a rir-nos de tudo e de nada.

Consigo ouvir sussurros entre a minha irmã, a enfermeira e o médico mas ignoro-os. Quando começo a inspecionaro meu telemóvel a porta abre subitamente e quatro pessoas entram no quarto. 

"Pai?" pergunto um pouco confusa olhando-o de alto a baixo. Com a bata ainda por ser abotoada, algo me diz que ele acabou de chegar ao hospital. Diana senta-se ao meu lado de novo e agarra a minha mão. Com força, como se tivesse medo que eu fugisse. Um rapaz alto e musculado caminha lentamente até junto da minha cama encostando-se à cadeira onde Diana está sentada. A enfermeira olhando-me com pena, entrega uma série de papéis ao meu pai e sai sem dizer mais nada. Porque é que toda a gente está tão calada? Para que é que foi aquele olhar de pena?

"Mariana, nós temos de falar sobre a tua condição" o homem começa sem rodeios "as boas notícias é que a tua operação à coluna foi um sucesso e vais puder caminhar, com a ajuda de muita fisioterapia" olho de relance para a minha irmã com um sorriso na cara mas a sua feição não imita a minha "as más notícias é que notámos algo invulgar no teu sangue. Sabes o que é leucemia certo?" assinto. Consigo sentir cada batimento cardíaco com o silêncio do meu pai "ainda estás numa fase inicial o que é bom para nós e para ti, mas terás que começar o tratamento imediatamente, já falei com a tua mãe e já estamos todos em sintonia. Ela vai estar muito ocupada nos próximos meses já que é altura de exposição das coleções de primavera/verão" um pouco pensativo, leva a mão à testa "ajudem-me, estou-me a tornar na vossa mãe" suspirando gargalha connosco. Recompondo-se, aproxima-se da minha cama e beija-me a face "nós vamos ultrapassar isto está bem?" despedindo-se dos outros dois ao meu lado, sai porta fora sem dizer mais nada.

YAYY finalmente comecei a 2ª temporada!!! Peço desculpa por ter demorado tanto tempo mas foi difícil de fazer este primeiro capítulo, arranjar um nome e uma capa provisória. 

Por falar nisso, vocês conhecem alguém, ou mesmo uma de vocês, que me possa ajudar a fazer uma capa de jeito? É que o meu jeito para isso é nenhum, agradecia mesmo!

O que acharam desta primeira impressão da Blondie depois de ter acordado? Estas notícias todas? 

Nota: eu vou demorar algum tempo a publicar os vários capítulos já que a escola vai começar daqui a alguns dias, por isso não se aflijam.

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⏰ Última atualização: Sep 01, 2016 ⏰

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Grey || N.HOnde histórias criam vida. Descubra agora